Luís encontra Rebeca no quarto olhando para a área da piscina, onde Carlos e Gustavo estão sentados, num aparente silêncio.
— Sabe, Luís. Eu estava pensando se não seria a hora de colocar aquele meu sonho em prática.
— Beca, querida. Você tem certeza? Na nossa idade? - Questiona Luís abraçando Rebeca por trás.
— Nunca é tarde para recomeçar, meu amor. Olhe aqueles dois no deck da piscina: pai e filho. Eles ainda não sabem, mas possuem muita coisa em comum.
— Certo, Beca. Mas eu ainda não consegui compreender aonde você quer chegar.
— Luís! Você está um pouco lerdo, hoje! - Brinca Rebeca fingindo repreende Luís virando-se para ele.
— Aquela briga na cozinha me deixou fora dos eixos, minha amada. Desculpe-me, pediu Luís tomando as mãos de Rebeca beijando-as e ela, segurando seu rosto com carinho o beija carinhosamente, como sempre fez desde o início do namoro.
— Não há o que se desculpar, querido. Estou brincando. Vou lhe explicar melhor minha ideia. Além disso, preciso de seus conhecimentos para saber se meu plano dará certo ou não.
— Que plano é este? - Questiona Luís puxando-a para se sentar na cama com ele.
— Quero fazer uma plantação de flores. De girassóis para ser mais exata. E chamar Gustavo para me auxiliar. Ontem, no jantar, ele disse que gostava de trabalhar com as flores. O que você acha da ideia?
— Terei que pensar a respeito, Beca.
— Enquanto você pensa nisso, logo será Natal. E gostaria que o Gustavo passasse algum tempo comigo na casa de praia.
— Certo. Certo. Vou liberar o Gustavo do estágio em dezembro, logo depois do fim das aulas.
— E se ele não quiser ir? - Questiona Rebeca apreensiva e Luís sorri para ela.
— Eu digo que ir à praia faz parte do estágio dele.
Carlos e Gustavo continuam sentados nas cadeiras olhando para o horizonte. Havia um silêncio pesado entre eles.
— E como vai o colégio? - Questiona Carlos olhando ansioso para Gustavo.
— Tranquilo, responde Gustavo e Carlos franze a testa. — Quero dizer, minhas notas estão boas. Estou passado em quase todas as matérias deste o terceiro bimestre e agora só preciso manter as notas.
— Parabéns, Gustavo. Eu não tinha boas notas no Ensino Médio, nem na faculdade. Mas sua mãe, sim. Ela me ajudou várias vezes com as matérias.
— Eu preciso ir, Carlos. Tenho que estudar.
— Fique mais um pouco, por favor, Gustavo. Já está quase na hora do almoço, Carlos pede e diante da indecisão de Gustavo, continua. — Depois te levo para onde você está morando.
Gustavo acaba aceitando com um gesto de cabeça.
— E tem alguma coisa programada para hoje à noite? Um barzinho com os amigos, por exemplo.
— Jantarei na casa de minha namorada.
— Namorada? Você a conheceu no orfanato?
— Não, eu a conheci no dia que sai do orfanato. Eu e o George...
— O motorista?
— Sim, nós fomos a um bar com alguns amigos e ela estava lá com suas amigas.
— Não é muito cedo para você já frequentar a casa dela? - Questiona Carlos preocupado.
— Não é muito tarde para você começar a demonstrar preocupação pela minha vida? - Questiona Gustavo rapidamente. Carlos, envergonhado, murmura um pedido de desculpas. — E, sim, também acho cedo. Mas não tive como negar.
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O Órfão
General FictionGustavo é um garoto que morou no orfanato de seus cinco anos até os 18 anos. E agora descobriu que tem um pai e uma família completa. Mas adaptar-se a esta família não será tão fácil.