Capítulo 9

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Gustavo acorda no domingo pouco depois das 8 horas. Demora um pouco para entender onde está. É seu primeiro dia longe do orfanato e isto ainda o assusta. Estava acostumado com a rotina. Agora será ele que comandará seu dia-a-dia.

Joana, ou Jô, como ela pediu para ser chamada, estranha encontrar o garoto cedo em sua cozinha, fazendo o café.

— Bom dia, Gustavo. Como passou sua primeira noite aqui?

— Bom dia, Jô. Tudo bem...

— E ontem, como foi sair com o George? - Pergunta Joana assumindo o café. — Coloque esta toalha na mesa, sim?

— Diferente. No orfanato íamos para os quartos às 21 horas, independente do dia da semana.

— Os pratos estão naquele armário, Gus. E qual era a sua rotina lá?

— De manhã ia ao colégio. De tarde, era monitor na sala de informática e estudava. À noite, ajudava as Irmãs com as crianças menores. - Explica Gustavo enquanto pega os pratos. — Quantos pratos coloco na mesa?

— Ah... Hoje são quatro, apenas.

A cozinha é grande e cabe duas mesas de oito lugares cada. Dá para ver que foi adaptada, mas que fora muito bem organizada.

— Pelo visto a Jô já te colocou pra trabalhar, Gustavo.

— Para com isso, Toni. Ele só está me ajudando com o café-da-manhã. - Dizendo isso, Joana vai até Antônio e o beija abraçando-o. — Bom dia, Vida!

— Bom dia, Vida minha!

Gustavo fica visivelmente sem jeito assistindo à cena.

— Ora, ora... Vocês não têm vergonha, mesmo!

Ouve-se George rindo na porta da cozinha.

— Bom dia pra você, também, Geo! - Ralha Joana. — Não estamos fazendo nada demais.

— Você faria pior... - Completa Antônio.

— Agora se sentem pra tomar o café-da-manhã.

— E o almoço de hoje, pergunta George para Joana e Antônio.

— Hoje vamos à casa do Dori, lembra? - Responde Joana. — Gustavo, Dori é o nosso irmão, e você está convidado.

Gustavo olha para os três sem jeito.

— Desculpe... Já tenho compromisso para o almoço...

Os três olham para Gustavo sem entender. Até George começar a rir.

— Não perdeu tempo, hein? Ele conheceu uma garota ontem à noite, explica George para Joana e Antônio. — E já vai almoçar com ela. Não é isso, Gustavo?

— Sim... - Responde Gustavo constrangido.

— Que maravilha, Gustavo! Diz Joana. — Mas vai com calma, Gus. Conheça a garota, primeiro.

— Ela é amiga da Larissa, Jô, comenta George.

— Mesmo assim. Você é muito novo pra se prender a alguém...

Às 10h30 Isabela manda uma mensagem dizendo que vai esperar Gustavo na praça de alimentação. Isabela se sente nervosa e a ansiedade a consome. Era só um almoço. Não entendia o porquê de se sentir assim, com "borboletas no estômago".

Ela o vê de costas, segurando uma flor em sua mão, andando tranquilamente. "Tem o porte de um príncipe". Seu coração dispara no momento em que ele se vira e a olha e um sorriso aparece nos lábios.

Gustavo vem em sua direção, para em sua frente e lhe estende aquela flor.

— Esta flor é um pedido de desculpas por ontem à noite.

— Só por isso?

— Não, responde Gustavo timidamente. — Na verdade, o acontecimento de ontem é só uma desculpa para lhe dar essa dália rosada, que combina com você. Sabe, toda flor tem um significado e essa dália rosada significa "delicadeza".

O almoço acontece tranquilo. Conversam sobre a faculdade, sobre seus sonhos. A sobremesa foi um sorvete de casquinha.

— Então... Gustavo... Você morou num orfanato? É isso?

— Sim.

— Você não conheceu teus pais, então? Desculpe te perguntar isso, mas é que eu queria entender...

— Fui para o orfanato quando tinha apenas seis anos, minha mãe estava muito doente e não podia cuidar de mim.

— E teu pai?

— Ele não tinha interesse em mim. Mas eu não quero falar dele.

— Você o conhece? - Insiste Isabela.

— Olha, Isabela. Nossa conversa está muito legal, não vamos estragar com esse assunto, ok? - Pede Gustavo começando a ficar nervoso.

— Desculpe, Gustavo... Só queria entender...

— Eu é que peço desculpas, mas você não precisa se preocupar com isso.

Isabela olha para Gustavo, que está sério. Ela passa seu dedo em seu sorvete e suja o nariz de Gustavo.

— Ei... - Reclama Gustavo rindo e faz o mesmo nela.

— Isso não vale. Você me copiou... Tem que fazer algo diferente...

Gustavo a puxa pela nuca e rouba um beijo dela.

— Pode ser isso?

A tarde passou sem que eles percebessem. Isabela recebe a ligação de sua mãe querendo saber de seu paradeiro. Pouco depois, era a vez de Gustavo receber a ligação de George: "Seus avós estão aqui para te ver".

Isabela e Gustavo se despedem na porta do shopping prometendo manter contato durante a semana.

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