CAPÍTULO 22

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Querida Amelia,

Acho que vou me vestir de você para o Halloween, que será em pouco menos de duas semanas. Estou empolgada, então já estou preparando a fantasia. Não quero ser um fantasma nem uma gata sexy e idiota. Quero ser alguém que eu realmente admire, e você é um símbolo de coragem para mim.

Halloween é um dos meus feriados favoritos. O Natal e os outros às vezes nos deixam tristes, e há o peso de ter que estar feliz. Mas no Halloween você pode ser o que quiser.

Eu me lembro do primeiro ano em que minha mãe e meu pai nos deixaram sair para pedir doces sozinhas. Eu tinha sete anos, e May tinha acabado de fazer dez. Ela convenceu os dois de que ter chegado aos dois dígitos significava que estava grande o bastante para me acompanhar pelo quarteirão. Fomos a todas as casas, com as asas de fada batendo nas costas, passando por crianças acompanhadas pelos pais. Toda vez que uma porta se abria, May colocava o braço em meus ombros — parecia que ia me proteger para sempre. Quando voltamos para casa, estávamos com o nariz congelado, e nossos sacos, decorados com fantasmas de algodão e bruxas feitas de lenço de papel, estavam repletos de doces. Despejamos tudo na sala para ver o que ganháramos, e minha mãe levou chocolate quente. Eu me lembro direitinho da sensação daquela noite, porque eu tinha me sentido livre e segura ao mesmo tempo.

Acho que neste ano vamos à festa do namorado da Hannah, Kasey, que já está na faculdade. Convidei Sky e espero que ele também vá. O baile foi há uma semana. Não acho que ele queira namorar, por causa do que Kristen disse. Tento me lembrar disso. Mas, para dizer a verdade, nunca gostei tanto de alguém. Desde o baile, eu o flagrei me olhando algumas vezes. Eu olho de volta. Ontem, estava pegando algumas coisas no armário e, quando fechei a porta, lá estava ele, do nada. Meu corpo se lembrou imediatamente do beijo. Fiquei um pouco tonta.

— E aí? — ele disse, casualmente, como sempre faz.

— Hum… — Pensei rápido. Tinha que dizer alguma coisa. — O Halloween está chegando.

— Pois é.

— Do que você vai se fantasiar?

Sky riu.

— Normalmente eu só coloco um lençol branco e distribuo doces para as crianças com minha mãe.

— Bom, nós vamos a uma festa, porque Hannah está saindo com um cara. É uma festa de faculdade e, não sei, de repente você podia ir…

— Você vai a uma festa de faculdade? — Ele fez que não gostou.

— Vou.

— Bom, talvez eu vá. Não quero que se meta em confusão — disse Sky, como se estivesse brincando, mas falando meio sério.

Tentei não rir.

— Te mando o endereço, caso resolva aparecer.

No almoço, quando contei para minhas amigas, que estavam comendo doces de Halloween antes da hora, Hannah disse, enquanto mastigava um monte de balas:

— Isso significa que ele quer transar com você.

Natalie deu um esbarrão no ombro dela e falou:

— Hannah!

— O quê? Isso não significa que Laurel vai transar com ele. Ela é uma boa menina, não dá para notar?

Meu rosto ficou quente de novo.

E então Hannah disse:

— Vamos dormir lá em casa amanhã, você vem?

Eu estava tão feliz, porque o convite significava que Hannah achava que eu “entendia”, como tinha dito sobre Natalie. Que agora somos amigas de verdade, o bastante para eu ir à casa dela. Na minha cabeça, já estava elaborando como conseguir autorização para ir. Eu estava com minha tia, e só ia para a casa do meu pai no domingo.

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