CAPÍTULO 60

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Querido Kurt,

As coisas meio que voltaram ao normal depois da semana passada.

Hannah está morando na casa de Natalie, a gente almoça na nossa mesa, as duas dividem os sucos, e eu como minha bolacha. Em vez de sair da escola no almoço, Tristan e Kristen às vezes comem conosco, porque estão ficando saudosos com o fim do ensino médio, que é daqui a três semanas.

Hoje foi o primeiro dia quente o bastante para usar shorts. Coloquei o short jeans que cortei bem no limite tolerado pela escola no começo do ano.

Desde aquela noite na ponte, Sky e eu temos passado algum tempo juntos.

Não sei ao certo o que está acontecendo entre nós, mas o bom é que ele não está mais saindo com Francesca. Hoje o encontrei no beco, e ele me chamou para ir à casa dele depois. Era a primeira vez que me convidava em um horário normal. Infelizmente, eu estava na casa da minha tia e não fazia ideia de como conseguir autorização para ir. Como praticamente ignorava minha mãe, pedir que ela falasse com a tia Amy estava fora de questão. E eu não tinha ânimo para uma mentira elaborada. O que deixava só uma opção: tentar dizer a verdade. Ela estava sendo muito legal comigo desde a noite em que me viu muito chateada, então achei que tinha uma chance.

Quando a tia Amy foi me buscar na escola, perguntei se podíamos comer batata frita. A caminho do Arby’s, eu ficava abrindo a boca e fechando de novo, hesitando. Finalmente, quando passamos pela fila do drive-thru, ela virou para me entregar o pacote e eu disse:

— Então, tem um garoto… — Ela olhou para mim com uma mistura de curiosidade e preocupação. — … de quem eu gosto. O nome dele é Sky. Na verdade, ele… bom, ele foi meu namorado por um tempo. — Esperei para ver se a tia Amy ia ter um ataque.

Em vez de voltar para a rua, ela entrou no estacionamento. Então, perguntou:

— Por que você não me contou antes?

— Achei que você fosse ficar brava. Quer dizer, é só que você nunca quer que eu faça nada. Você mal me deixa dormir na casa das minhas amigas.

A tia Amy suspirou.

— Sei que tenho sido um pouco rígida com você, mas é porque existem tantos perigos no mundo, Laurel. Não quero ver você sofrer nunca. A adolescência foi um período muito doloroso para mim. E quero te proteger disso. De tudo isso.

Quando ela falou dessa maneira, eu a enxerguei de outra forma. Ela era como era não só porque acreditava em Deus, pecado e essas coisas, mas porque queria me proteger. De repente, fiquei agradecida por se importar tanto.

— Obrigada, tia Amy, mas você não acha que todo mundo precisa passar pelas coisas?

Ela parou por um momento e depois disse:

— Não posso impedir você de crescer. Mas, Laurel, você precisa ter cuidado… Claro que eu não aprovaria uma relação sexual, de jeito nenhum, na sua idade, assim como nosso Senhor também não aprovaria, mas quero que você saiba que, se estiver em uma situação em quê…

Ah, não. Uma conversa sobre sexo com a tia Amy. Eu a interrompi.

— Certo, bom, nós não estamos fazendo sexo. Nunca fizemos. Nem estamos juntos agora. — Comi uma batata frita e ofereci para ela.

— O que aconteceu? Por que vocês terminaram?

— É uma história meio comprida. Basicamente, eu não estava pronta para ficar com ele. Tinha muito coisa com que eu não conseguia lidar. E então descobri que ele já tinha gostado da May, o que foi horrível, claro.

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