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Fiquei pensando sobre tudo, desde o início, desde o momento em que matei meu primeiro zumbi. Pensei sobre as pessoas, o que elas aparentam ser e o que elas realmente são.
As aparências enganam, é o que meu pai sempre dizia. E eu aprendi muito desses dias pra cá. Rick pode estar certo, e Deanna deveria controlar quem mora por aqui. E eu sei que ele não teria atacado aquele homem atoa. Mas eu nem o conheço Rick, por qual motivo estou o defendendo?

— Aí! – digo quando percebo que esbarrei em alguém – Me desculpe! – digo olhando para uma senhora sorridente

— Ah, não se desculpe. Está tudo bem! – ela diz e sorri

— Me chamo Allyce! – digo estendendo a mão para a cumprimentar

— Allyce, que nome lindo. Sou a Carol. – ela diz e aperta minha mão – Está sozinha aqui?

— Aaron me trouxe, estou ficando com a Deanna. Bem, eu estava... – digo e suspiro – Acho que me lembro de você, te vi no meio daquela confusão do Rick.

— Sim, eu vi você. – ela diz ainda sorrindo – Está preocupada com algo?

— Acho que Rick pode estar certo sobre algumas coisas. Você sabe o que aconteceu? – pergunto e a olho esperando por uma resposta

— O marido da Jessie estava... Bem... – ela diz e suspira

— Ele batia nela? – pergunto e ela me encara novamente

— É, ele batia nela... – ela diz fraca e seu sorriso some

— Deve ser difícil para o Ron. – digo de cabeça baixa

— É mesmo muito difícil para as crianças... – ela diz e me olha – Se quiser conversar ou passar uns dias comigo, a minha casa é logo alí. – ela diz e aponta para sua casa

— Obrigada, Carol. Foi bom te conhecer. – digo e volto a andar

Fico aliviada em saber que Rick não atacou o pai do Ron atoa, mas fico preocupada em saber o motivo de ele ter feito isso.
Que absurdo, umm homem bater em uma mulher. Tenho nojo desse tipo de gente.
Meu pai nunca levantou a mão para bater em minha mãe, pelo contrário, ele sempre a amou e sempre a respeitou. Sinto saudades dos domingos em família, eles eram tão unidos.

— Ally! – ouço a voz de Carl e olho em sua direção – Você está bem?

— Eu quem deveria perguntar, como você está? – digo enquanto ele se aproximava

— Eu estou bem. – ele diz me olhando nos olhos – Eu estava preocupado.  Depois da confusão com meu pai não te vi.

— Eu estava com o Ron. – digo e o encaro – O pai dele bate na mãe dele... Isso deve ser horrível...

— É, mas... O que vocês estavam fazendo? – Carl diz e desvia sua atenção para a casa de Deanna – Ela está te procurando?

— Não sei. – digo olhando para a mesma direção e a vejo sair de casa – Não quero voltar.

— Você pode ficar com a Maggie...

— Não quero incomodar. – respondo e encaro o chão

— Você não pode ficar aqui sozinha. – ele diz segurando minha mão – Vamos até a casa da Maggie, você dorme lá hoje e amanhã encontramos um lugar para você.

— Você não vai aceitar um não como resposta, né? – digo e armo as sobrancelhas

— Não! – ele diz me puxando

Fomos até a casa da Maggie e então Carl deu um jeitinho para ela me deixar ficar. Ela nos levou até um quarto e nos ajudou arrumar a cama.

— Vai ficar confortável aqui? – Carl perguntou me acompanhando ao andar de baixo

— Vou ficar bem... – respondo e o acompanho até a porta – E seu pai?

— Não sei... – ele responde sem graça

— Então até amanhã. – digo me despedindo

— Até.

Subo novamente as escadas e volto para o quarto. Me deito ainda sem sono, o que será desse lugar? Deanna não está adequada para liderar um grupo tão grande quanto esse.

"— O que ele quer com três pirralhos sem nada à oferecer? – cochicho para Tommy

Ele só quer cuidar de nós! – ele responde em baixo tom

Ele matou nosso pai! – digo e lágrimas começam à cair

Lilly, eu sei disso. Mas não temos para onde correr. – ele responde

Eu não quero ficar aqui. – digo enxugando as lágrimas

Eu também não, mas não temos escolha!"

Mais uma noite sem dormir, não paro de me lembrar do pai da Suzy. Ele nos tirou a liberdade para morrermos, matou meu pai e o André que eram pessoas importantes para mim.

Flashback on

Eu sei que vocês vão me odiar, sei que vão desejar minha morte, mas eu quero vocês comigo. – ele diz com um sorriso no rosto

Seu rosto estava coberto com sangue. O sangue do nosso pai.

Não quero viver no mesmo ambiente que você. – digo chorando

Allyce, fique quieta. Nós vamos com você. – Tommy diz chorando

Você deveria ser amiga da Suzy... – ele diz nos guiando até o carro – Vocês duas serão muito amigas, certo Allyce?

Eu nunca vou ser amiga da sua filha.

Acho bom você começar a cooperar.

Flashback off

Desci as escadas seguindo em direção a cozinha. Glenn havia acabado de chegar, e parecia cansado. Provavelmente a noite dele foi tão longa quanto a minha.

— Já está acordada? – ele diz assim que me vê

— Noite ruim. –digo e forço um sorriso – E você?

— O mesmo. Eu estava de vigia. – ele respondeu atravessando a cozinha – Maggie já acordou?

— Não sei, não vi ela ainda.

— Deanna me pediu para ficar no portão, vou ter que ir. Entrega esses medicamentos para Maggie? – ele diz me entregando uma sacola

— Ela está doente? - pergunto vendo a quantidade de caixas

— É só um resfriado. – ele me responde entregando a sacola

— Eu entrego pra ela. – digo pegando a sacola de suas mãos

— Bem, eu já vou indo. Até mais. – ele diz atravessando a porta

— Até! – respondo e fecho a porta

— Ally, o Glenn chegou? – Maggie perguntou enquanto descia as escadas

— Ele acabou de sair. Deanna o pediu para ficar no portão. – respondo caminhando em sua direção – Ele pediu para te entregar. – coloco a sacola de medicamentos em suas mãos

— Obrigada. – ela diz e sorri

Assim que entreguei os medicamentos para Maggie, saí procurando por Carl. Vi Ron andando alí por perto e meu coração acelerou. Ele parecia triste, chateado com alguma coisa.

— Ron! – grito correndo em sua direção

— Allyce! – ele sorri e eu vejo seus olhos marejados

— O que aconteceu? – digo e ele permanece em silêncio, sua única reação foi me abraçar

•ℓαѕт ∂αуѕ - тнє ωαℓкιиg ∂єα∂ [ᴄᴏɴᴄʟᴜɪᴅᴀ]Onde histórias criam vida. Descubra agora