— Por que você acha que eu estou mentindo? — Carl perguntou encarando a água.
— Carl, eu vi com os meus próprios olhos. Você e a Enid juntos... Eu... — digo e suspiro tentando me acalmar.
— Hey! — Carl coloca as mãos em meus ombros e me olha nos olhos. — Eu gosto de você. Eu gosto mesmo de você.
— Então... Porque eu não acredito? — digo fraca.
— Você não quer acreditar. Acho que você é que não gosta de mim. — ele diz se levantando e começa a se afastar.
Encaro a água e fico pensativa. É difícil pra mim confiar nas pessoas, sempre fui muito desconfiada. Mas eu gosto do Carl, eu sei que gosto, e quero confiar nele, quero ficar com ele. Se eu ignorar um pouco essa minha insegurança, talvez possamos ficar juntos.
— Carl! — grito e começo a correr em direção a ele. — Hey, espera!
— O que foi? — ele para mas não me olha.
Envolvi meus braços em seu corpo e o segurei forte. O abracei daquele jeito que ele estava mesmo, de costas para mim. Eu não precisei olhar em seus olhos, não precisei o encarar de frente. Então senti sua mão entrelaçarem as minhas.
— Eu preciso de você! — digo fraca e segurando o choro. — Por favor... Eu preciso de você!
— Ally... Eu também preciso de você! — Carl diz e aperta minha mão. — Não foge mais daquele jeito, está bem?
— Não vou a lugar algum, eu prometo. — digo o soltando e então ele se vira em minha direção. — Promete que não vai também?
— Não vou deixar você. — ele diz e eu forço um sorriso enquanto ele permanecia sério.
Voltamos a nós sentar perto do lago, e ficamos longos minutos em silêncio. O restante do pessoal estavam realizando o plano para acabar com os zumbis da pedreira. O plano é bom, se der certo estaremos bem novamente. Claro que não é a mesma coisa sem o Reg, sinto falta dele. Deanna também sente.
— Ally! — ouço alguém me chamar e me viro em direção aos gritos. — Allyce... Eu... Preciso falar com você! — Ron diz ofegante se aproximando de nós.
— O que aconteceu? — digo confusa e Carl não parava de encarar o Ron.
— Eu queria conversar só com você. — ele diz encarando Carl.
— Carl?! — digo e o mesmo me olha sério. — Por favor! — digo e então ele levanta e se afasta.
— Vocês estão juntos? — Ron perguntou se sentando ao meu lado.
— É sobre isso que veio falar?
— Não. Acontece que ele e a Enid se gostam, você sabe muito bem disso.
— Para com isso, Ron. O Carl não gosta da Enid assim.
— Ele que te disse isso?
— Onde você quer chegar?
— Eu quero que você faça ele ficar longe da Enid, ou então ele irá se machucar.
— Quem vai machucar ele?
— Não seja tonta, Allyce! Você entendeu. Faça ele ficar longe da Enid. Eu sei que você não gosta da proximidade dos dois tanto quanto eu, então só deixa o Carl longe dela.
Ron encerra com um suspiro e se levanta, me encara por dois segundos e sai. Me levanto e caminho até a casa do Carl. Entro e me deparo com Carol fazendo sei lá o que.
— Ally... Olá! — ela diz com seu sorriso de sempre.
— Olá, Carol! — respondo sorrindo. — O Carl passou por aqui?
— Não... — ela responde e liga o forno. — Aconteceu alguma coisa?
— Não, é que estávamos juntos e ele sumiu... — respondo indo em direção as escadas. — Vou dar um olhadinha na Judith — digo e ela assente com a cabeça enquanto eu ia em direção ao quarto da pequena.
Abri a porta cuidadosamente e me aproximei do berço. Ela estava dormindo, e parecia um anjinho. Ainda me lembro de quando a Allison era bebê.
— Meu Deus, a Lis! — sussurro espantada ao lembrar da criatura.
Desço correndo até a cozinha e paro de frente para a Carol ofegante.
— Onde está minha irmã?! — pergunto ofegante.
— Ela pediu para brincar na varanda, não viu ela quando chegou? — Carol respondeu, e então eu entrei em pânico.
Sua atenção se voltou para a janela e a mesma arregala os olhos me deixando ainda mais aflita.
— Carol?! — a chamo e ela estende a mão pedindo um tempo. — O que aconteceu?
— Vai para cima e fique com a Judith. Cuida dela, anda! Vá! — ela diz e eu sigo suas instruções. Pego minha faca e a arma e corro até o quarto de Judith.
Eu não sei o que está acontecendo, e estou preocupada com minha irmã. Eu não sei onde ela está, e nem se está correndo perigo. Pego Judith e entro com ela no armário, tranco o mesmo e fico em silêncio com a arma destravada e a faca em mãos.
Ajeito a pequena no bebê conforto e a deixo quieta pois ela ainda estava dormindo. Ouço passos seguindo no corredor, a cada movimento meu coração gelava. Logo ouvi uma voz familiar chamar por mim. Ainda amedrontada, abri de leve a porta e tive um alívio quando vi Carl.
— Carl! — sussurro saindo do armário e o envolvendo em um abraço. — O que está acontecendo? Onde a Allison está?
— Umas pessoas invadiram aqui. Estão matando geral. — ele diz e meu coração acelera de preocupação. — Allison está com a Enid lá embaixo.
— Traga ela pra cima, eu vou ficar aqui com a Judith. — digo e ele assente indo em direção ao corredor.
Não demorou muito, e logo Carl voltou para o quarto com minha irmã. Uma onda de alívio tomou conta do meu corpo, ver que ela estava bem me tranquilizou, mesmo sabendo o caos que estava do lado de fora.
— Lilly, o que está acontecendo? O que aqueles homens querem? — ela diz me abraçando tentando conter as lágrimas.
— Eu também não sei. Mas eu prometo que não vou deixar nada te acontecer. — digo segurando em seus ombros. — Agora entre no armário e fique quietinha. Eu vou ficar do lado de fora com minha arma.
Ela concordou e entrou no armário. Carl sugeriu ficar lá em baixo com Enid, não era hora para ciúmes então eu nem dei muita importância. Continuei no quarto, olhei pela janela e vi o movimento estranho que se passava lá de fora.
Era horrível! Aqueles homens matavam sem dó. Desde mulheres até os idosos. Era uma cena aterrorizante. Eu não sei mais de quem devemos ter medo, dos mortos ou dos vivos. É incrível como um ser humano consegue ser tão frio a ponto de matar pessoas indefesas!
O pior é que, eu não posso fazer muito. Apenas "tentar" proteger a Allison e a Judith. A qualquer momento eles podem entrar aqui, e eu só espero que eles não venham.
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•ℓαѕт ∂αуѕ - тнє ωαℓкιиg ∂єα∂ [ᴄᴏɴᴄʟᴜɪᴅᴀ]
Roman pour AdolescentsJá se perguntou como que tudo vai acabar? Quando vai acabar? Eu sobreviveria ao fim do mundo? Eu seria forte o suficiente? Muitas vezes nos pegamos pensando sobre isso. Eu pensava muito sobre isso, e agora, aconteceu. Meus vizinhos agora não são mai...