Capítulo 3

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Decidi que não iria me envolver dessa vez, voltei a olhar para a rua, mas minha curiosidade me venceu novamente, olhei para ele, que estava com os cabelos caídos para a frente, cobrindo uma parte de seu rosto, ele esfregou as mãos nos cabelos, jogando-os para trás e tinha um olhar perdido. Me xinguei mentalmente porque ultimamente estava analisando muito o garoto estrangeiro. Ele foi pegar o celular do bolso, e acabou derrubando, mas ao invés de pegar, ficou apenas olhando para ele, com as mãos caídas nas laterais de seu corpo, fiquei encarando ele por algum tempo, tempo demais. Ele era muito bonito, tinha uma beleza diferente e exótica, e com certeza havia chamado minha atenção.

Andei até ele, estava um pouco incerta e com vergonha, um pouco preocupada dele ser grosseiro, tudo o que eu não queria era me meter em encrenca logo naquele horário e ali na rua. E se tinha uma coisa que eu sabia, era me meter em encrenca, eu acabaria retrucando e discutiríamos ali mesmo.

-Aqui. -peguei o celular dele do chão e estendi para que pudesse pegar.

Ele ficou encarando o celular e aos poucos levantou os olhos para olhar em meus olhos, apenas encarou, sem a arrogância que costumava manter ou qualquer indício de raiva. Parecia alguém totalmente frágil e indefeso.

-Gomawo. -ele diz e eu fico parada, encarando seus olhos, era a primeira vez que o via tão de perto sem me sentir intimidada por sua presença. Não havia entendido o que ele disse, mas sabia que não adiantava pedir uma tradução.
-Está se sentindo bem? -pergunto, e o observo puxar os cabelos levemente para trás e em seguida esfregar o rosto. Então ele me encarou, ficou apenas me olhando, me senti desconfortável e olhei em volta para ver se o taxi estava chegando. Então passou pela minha cabeça que ele pudesse estar dirigindo e iria embora daquele jeito. -Vai pedir um táxi? -Ele fez que não a cabeça. -Não pode dirigir assim...é perigoso. Para você e para outras pessoas. -Pego meu celular e vejo que indica que o táxi já estava ali, mas não tinha indicio de nenhum carro. Até que vejo um virar a esquina e se aproximar. 

-Vocês pediram um táxi? -o motorista baixou o vidro e olhou desconfiado para o estrangeiro de cabelo vermelho.

-Sim...fui eu. -digo e encaro ele que ainda estava com o olhar um pouco perdido. -Podemos dividir o Táxi, você mora longe?

-Um pouco. -ele responde e guarda o celular no bolso da calça.

-Se quiser posso pedir outro táxi para você...ou...

-Ok...vamos dividir. -ele diz e abre a porta do táxi e espera que eu entre.

O táxi começou a andar e ficamos em silêncio por um tempo, o que acabou sendo bem desconfortável, o perfume dele começou a tomar conta do lugar, um perfume doce e suave, e um leve cheiro de menta. Ele estava com as mãos caídas no colo, olhando pelo vidro da janela, as casas passando por nós, a cabeça apoiada no vidro.

-Estou enjoado. -ele diz e o motorista olha um pouco preocupado. Com o carro dele, é claro.

-Pode abrir a janela por favor? -peço e coloco minha bolsa ao lado, para conseguir me aproximar mais dele. -Inclina a cabeça para trás um pouco e respira fundo e devagar. Isso me ajuda quando passo mal em carros ou ônibus.
Coloquei minha mão em sua testa, estava gelada e suada. Puxei os cabelos dele para trás, eram macios e bem lisos.

-Preciso sair...agora. -ele diz e o motorista pára o carro imediatamente, assim que ele desce, começa a vomitar, me abaixo e puxo os cabelos dele para trás. Não acreditava que estava ali segurando os cabelos de alguém desconhecido enquanto essa pessoa vomitava por ter bebido muito. Eu geralmente fazia isso pela Clara, e no dia seguinte discutia com ela por isso.

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