Capítulo 18

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-Minha cabeça está estourando. -Digo enquanto Jiyong arrumava nossas malas.
-Vou comprar um remédio pra você...qual você prefere? -ele fecha a mala e se aproxima. tocando minha testa.
-Qualquer um para essa dor parar. -digo e ele se aproxima e toca minha testa com seus lábios levemente.
-Já volto. -ele pegou a chave do carro e a carteira q estava em cima da mesinha e saiu.
Tentei voltar a dormir, estava com os olhos pesados e a cabeça também, senti meu celular vibrar e ainda de olhos fechados fui tateando pela cama até encontrar, atendi a ligação e logo me senti confusa, eu não estava entendendo o que a pessoa estava falando, afastei o celular e vi que não era meu celular, me sentei na cama e não sabia o que fazer. Desliguei a ligação e passei as mãos nos olhos, deixei o celular de lado e me levantei para ir ao banheiro. Meu estômago estava embrulhado, e além da dor de cabeça me veio um enjôo muito forte. Eu não tinha bebido tanto na noite anterior, mas por não ter costume de beber, acabou me fazendo muito mal. Voltei para o quarto, vi que o celular estava vibrando novamente. Fiquei encarando ele e depois senti que iria vomitar, corri para o banheiro e agradeci por chegar a tempo. Assim que senti que não tinha mais o que sair, me levantei, baixei a tampa do vaso e dei a descarga, mas estava me sentindo fraca, me sentei na tampa do vaso e esperei me sentir melhor. Ao menos a dor de cabeça aliviou um pouco depois de vomitar. Escovei meus dentes, e entrei no banho.
-Isa...-ouço Kwon me chamar. Desligo o chuveiro e respondo.
-Estou no banho...já saio.
-Ok. -ele responde, então volto a ligar o chuveiro. Termino meu banho e me sinto melhor. Saio e me enrolo na toalha, escovo meus dentes mais uma vez, e saí do banheiro. Kwon estava parado em frente cama com o celular na mão. Assim que me aproximei ele me olhou um pouco agitado.
-Aconteceu alguma coisa?
-Não...está tudo bem...você...atendeu meu celular? -ele pergunta e logo me sinto ansiosa e preocupada dele achar que eu estaria mexendo no celular dele.
-Atendi...mas achei que era o meu...eu estava sonolenta, a cabeça estourando...mas não entendi nada e desliguei.
-Não falaram com você? -ele me olhava atento.
-Não...você se chateou? -perguntei.
-Não...claro que não...só quero saber se te disseram algo.
-Não...eu não entendi nada e acabei desligando...quando vi que atendi seu celular entrei em pânico achando que podia ser seu pai ou sua avó...e sei que as coisas estão estranhas por agora.
-Não se preocupe com nada Isabel...eu não vou deixar as coisas chegarem onde meu pai permitiu que chegassem. -ele diz e me puxa para um abraço. -Eu fiquei preocupado que alguém pudesse ter sido...agressivo ou te chateado...
-Jiyong...eles não aprovam nosso relacionamento? -pergunto e olho em seus olhos.
-Não se preocupe com nada ok? Confie em mim. -ele diz e eu sorrio, mas me senti desconfortável e preocupada com aquilo. Eu sabia que já estava totalmente envolvida com ele, o peso de saber que a família iria pressioná-lo para não ficarmos juntos me deixou preocupada. O abracei forte me permiti sentir seu perfume e poder relaxar.
-Estou com fome. -Digo para quebrar o clima e ele sorri.
-Trouxe seu remédio. -ele diz e se afasta um pouco para pegá-lo.
-Eu preciso comer alguma coisa antes de tomar ele, estou um pouco melhor...mas preciso comer algo urgente. -Sorrio e vou até minha mala e pego alguma roupa. -Vou me trocar no banheiro e já volto.
-Ok. -ele responde e eu sigo para o banheiro e fecho a porta.

***

-Você realmente estava faminta...-ele brinca depois de me ver tomar uma vitamina de morango e comer 4 pães de queijo.
-Eu vomitei de manhã. -digo e ele para de andar e me encara.
-Por que não disse nada?
-Eu bebi demais...
-Não bebeu tanto assim...
-Como sabe? -pergunto e ele coloca uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.
-Por que eu estava de olho em você.
-Que lindo...-sorrio e o abraço.
-Está se sentindo melhor?
-Sim...até a dor de cabeça passou...nem precisava ter comprado o remédio. -digo e ele deposita um beijo em minha testa.
-Que bom que está melhor. Vamos voltar para o hotel?
-Jiyong...vamos voltar pra casa? -pergunto e ele me olha atentamente. -Meu pai vai tentar falar comigo...eu sei...deu apenas uma trégua por causa da festa e do pedido dos meus padrinhos...não quero estar aqui quando ele vier.
-Tem certeza? Não quer falar com ele e dizer o que precisa?
-Não...agora não.
-Tudo bem...vamos falar com Tae e a Clara...
-Obrigada. -Digo e dou um beijo rapido em seus lábios.
-Isa...eu vou ligar para eles e abastecer o carro...você pode ir arrumando as malas? Eu te pego quando voltarmos.
-Claro. -Sorrio e passo meu braço em sua cintura, ele passa o dele por meus ombros e seguimos para o hotel. Andamos juntos até lá e ele me deixou na porta, me esperou entrar e saiu em seguida.
Clara me ligou e disse que ela e Kim ficariam mais...que iriam a noite ou na manhã seguinte. Ficamos de passar lá para dar tchau, e meu padrinho nos acompanhar para nos deixar na rodoviária. Conversamos alguns minutos e depois de desligar a ligação me apressei em arrumar as malas. Estava com pressa de deixar aquele lugar. Gostei de rever meus amigos, meus padrinhos e tudo mais...mas estar ali sem minha mãe, não foi bom. Agradeci mentalmente por ter Jiyong ao meu lado.
Deixei tudo organizado e decidi dormir um pouco, eu estava cansada e morrendo de sono, imaginei que Jiyong podia demorar um pouco, então peguei meu celular e deitei na cama, fiquei lendo alguns livros digitais que eu tinha da faculdade e fiz algumas anotações...fiz isso até pegar no sono.
-Isa...-ouço aquela voz baixa e vou abrindo os olhos devagar. -Pedi ao Tae para me ajudar a comprar nossas passagens...temos poucas horas, apenas o tempo de irmos na casa dos seus padrinho almoçar e ir.
-Ok... -me espreguiço e me levanto devagar. -Tem certeza que não quer passar essa noite aqui?
-Tenho...quero ir pra casa. -digo e procuro meu celular.
-Eu coloquei na mesinha...ele estava no seu rosto quando entrei. -ele riu e pegou na mesinha, me entregando. -Desci as malas e fiz o check-out.
-Uau...que namorado prendado. -digo e ele sorri tímido, se aproximando e me dando um beijo.
-Vamos?
-Agora fiquei tentada a ficar um pouco mais. -Brinco e ele sorri ainda com os lábios próximos. -Podíamos fugir também para algum lugar bem longe...sei lá...-digo e ele abre um sorriso bem largo. E depois morde o lábio inferior e se aproxima, me beijando. Me levanto um pouco e me aproximo, me colocando em seu colo com uma perna de cada lado. Sinto as mãos dele em minha cintura e depois ele passa os braços firmes em volta da minha cintura, me abraçando e me puxando mais. Nos beijamos com mais intensidade e nos deixamos levar pelo sentimento e pelo momento.

***

-Atrasamos...-Jiyong me olhou de lado sorrindo de uma maneira cúmplice e eu ri de volta.
-Está arrependido?
-Não...-ele pareceu tímido, eu não me cansava de ver essa expressão dele. -Mas vai ser interessante você explicar nosso atraso para o almoço...e fazer todo mundo correr para chegarmos a tempo.
-Por que eu preciso explicar?
-Bom...sabemos que tenho dificuldade com algumas palavras em português e posso me atrapalhar na explicação.
-Alguém que sabe usar a a palavra "atrapalhando" no meio de uma frase mostra que entende bem como se expressar...não estou vendo dificuldade alguma com seu modo de se expressar. -digo e ele sorri. Meu telefone começou a tocar e o pego para atender.
-Isa...
-Oi amiga....o que houve?
-Seu pai está aqui...sozinho...sem a esposa e o filho.
-Pare o carro. -Digo e Jiyong me olha confuso...-Encosta ali por favor. -Digo novamente e ele segue para o acostamento e me olha. -O que ele está fazendo aí?
-Quer falar com você...eu disse que você comprou passagens para voltar pra casa antes...ele decidiu que vai te esperar aqui. -Fiquei em silencio, e o enjoo voltou mais forte. Respirei fundo e encostei a cabeça no banco. -Isa...
   -Eu ligo mais tarde para me despedir dos meus padrinhos... vou direto para a rodoviária com Jiyong.
  -Amiga... não está na hora de vocês conversarem? Sabe... ela não está aqui.
  -Ele teve esses anos para vir atrás... dar alguma explicação... não fez isso nem quando vendeu nossa casa para dar uma a esposa dele... não tenho nada para conversar. -olho para Jiyong que estava prestando atenção de maneira cautelosa ao meu lado. -Pode ir direto para a rodoviária... passamos primeiro o de alugou o carro e pedimos um táxi de lá. -ele apenas concorda e volta para a estrada.
  -Tem certeza amiga?
  -Tenho sim... pelo menos por agora.
  -Ok... se cuida e boa viagem.
  -Pra você e Kim também.
  Desliguei a ligação e fiquei encarando a janela, lembrar de tudo era doloroso ainda, eu não sabia como lidar com aquela parte da minha vida. Era alho que me perturbava demais. Agradeci por ter um namorado que respeitava meu espaço e ficava ao meu lado. Ele ficou em silêncio, mas nunca me olhava com olhos de julgamento, apenas de carinho e compreensão.
  Devolvemos o carro que ele alugou e fomos para a rodoviária com o táxi que eles tinham ali mesmo. Almoçamos em um pequeno restaurante que tinha ali, mas eu estava sem fome e com o estômago embrulhado. Comprei um remédio para enjoo e tomei um suco, e eu sabia que a viagem seria longa. Tudo o que eu queria era chegar em casa e poder descansar na minha cama.
  Desliguei meu celular e joguei ele na bolsa. A viagem de volta foi longa, mas tomar o remédio para enjoo aliviou bastante, dormi boa parte do caminho de volta. Chegamos quase de noite em casa e eu estava exausta, com dores no corpo e sonolenta. Só queria um banho e minha cama.
  -Peço algo para comer? -ele quis saber, eu estava deitada com a cabeça em seu ombro.
  -Você deve estar com fome... pede algo, eu estou sem fome.
  -Precisa comer... ontem você bebeu e não ficou bem hoje... precisa comer algo.
  -Eu tomo um chá... ok?
  -Ok... eu faço enquanto você toma um banho. -ele diz e eu sorrio, aproximando nossos lábios e dando um casto e longo selinho.
  Chegando em casa... tiramos as malas do carro e seguimos para a porta, puxei meu cabelo em um coque desarrumado enquanto Jiyong abria a porta para entrarmos. Logo escutamos alguém chamar e nos viramos. Havia um carro grande e preto parado próximo a gente, não havíamos notado, mas era semelhante ao carro que levava Jiyong para todos os lugares quando ele chegou aqui. Havia um homem parado a poucos metros de gente, nos olhando fixamente, então olhei para o garoto lindo e seguro de si que estava ao meu lado, e tudo o que vi foi um garoto assustado e pálido.
  Jiyong soltou a chave na porta e se colocou a minha frente, como se quisesse me esconder de quem estivesse ali. E logo se iniciou uma conversa em
Coreano.
  -Isa... por favor... pode subir e me esperar lá em cima? -ele diz e eu encaro o homem que me olhava de uma maneira fria e com algo no olhar semelhante à desdém.
  -Está tudo bem? - digo e ele faz um sim com a cabeça. -Ok... mas vou esperar que me explique isso quando subir. -digo e ele assente... mas parecia muito desconfortável com aquilo.
  -Eu levo as malas... pode ir na frente. -ele estava com pressa que eu saísse, então decidi apenas dar o espaço que ele estava pedindo. Respirei fundo e segui para dentro do prédio.
  Subi as escadas pensando naquela situação, eu estava com um pressentimento nada bom sobre aquilo. Assim que entrei no apartamento, me sentei no sofá e fiquei pensando em várias possibilidades na minha cabeça sobre aquela visita. Quem era? Por que afetou tanto ele? O que querem com ele?
  E logo os pensamentos me trouxeram outros medos... iriam levar ele embora? Teríamos que nos separar? Meu peito doeu e uma vontade de chorar tomou conta de mim. Me levantei e fui até a porta, parei na frente dela e agarrei a maçaneta... mas me lembrei que ele pediu que eu confiasse nele... que ele
Queria ficar comigo. Me agarrei a esse pensamento e voltei para a sala, me sentei e resolvi que esperaria por ele. Mesmo que eu sentisse que devia fazer o contrário e descer para buscá-lo. Eu confiaria nele. Essa havia sido minha decisão naquele momento.

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