-Preparo alguma coisa para comer? -pergunto e ele me olha, esperando que eu entre com as sacolas primeiro.
-Não ... vamos jantar no hotel que eles estão hospedados. -Ele diz e eu sorrio, logo depois seguimos para a cozinha e deixamos tudo no chão, ao lado da mesa.
-Vou dar um banho na Haru. -Digo e ele apenas faz um pequeno aceno e seguimos para a sala, ele foi em direção ao pai, que agora estava com nossa pequena nos braços, ele parecia emocionado.
-Ele achou ela parecida com Hana. Isso deixou ele um pouco...-ele parecia procurar a palavra.
-Triste?
-Não... não é tristeza... saudade talvez. -ele muda o semblante também e eu encaro minha filha brincando e mexendo no relógio que estava no pulso dele.
Jiyong falou com o pai em coreano, em seguida ele pegou Hana e me entregou. Eu ofereci um sorriso, e sai da sala, seguindo para o quarto. Dei banho em Haru e depois coloquei um conjuntinho cinza de camisetinha e calça, arrumei uma bolsinha para ela e peguei uma blusinha de moletom se precisasse, penteei o cabelo dela e usei uma presilha na franja. Coloquei ela no carrinho e levei para o banheiro, a deixei com um brinquedinho e entrei no box para tomar banho, deixei a porta aberta para ficar conversando com ela.
Me arrumei, e desci com ela e a bolsa.
Eu não sabia como agir com a família, eles não me aceitavam e isso era óbvio.
-Quer escolher algum lugar diferente? -ele se aproxima e pega minha bolsa.
-Não... pode escolher.
-Vamos no hotel que estão hospedados então. -faço um pequeno aceno e seguimos juntos ate o carro, Jiyong abriu a porta traseira e me ajudou a colocar Haru na cadeirinha, depois de deixar firme, entrei ao lado dela e a avó dele foi ao lado de Jiyong.
O clima estava pesado e um silêncio ensurdecedor, Haru estava rindo de alguma coisa que ela estava vendo em suas mãos e eu focada nela. Eu não estava me sentindo confortável naquele carro, e sei que Jiyong sabia, pois olhava o retrovisor e procurava meu olhar.
Chegando no restaurante, seguimos para uma mesa em uma parte mais reservada, acomodei Haru na cadeirinha e deixei as bolsas em uma outra cadeira. Fizemos o pedido e eles começaram a conversar em coreano. Evitei encarar enquanto conversavam e tentar entender que eles não falavam português. Mas depois de 20 minutos de conversa, notei Jiyong um pouco nervoso, ele tomou uma postura um pouco afrontosa e cruzou as pernas, se encostando na cadeira e apoiado uma mão em seu rosto. Tinha um sorriso irônico em sua face.
-Está tudo bem? -pergunto baixinho e ele me olha de lado.
-Está sim... só estamos tirando algumas histórias a limpo. -Ele diz e olho para seu pai q estava com a mão da avó de Jiyong em seu braço.
-Precisa voltar! -o pai dele diz e eu congelo, olhando para Jiyong e encarando seu rosto.
-Voltar para a Coréia? -pergunto claramente alterada e Jiyong segura minha mão. -E Nós? -olho para Haru.
-Vocês vem junto. -O pai diz novamente e meu coração acelera.
-Não vou pra lá com minha filha. -Digo firme e Jiyong aperta minha mão.
-Isa... não se preocupe... isso não vai acontecer.
Eles voltam a falar em coreano e a avó dele volta a me encarar, nada amigável, provavelmente foi dito o que eu falei pra ele.
-O que estão conversando? -digo e eles param e me olham. -Estou desconfortável com isso.
-Desculpa...eu te conto assim que chegarmos em casa, confie em mim. -A avó diz algo para ele e me olha de uma maneira fria, mas Jiyong responde algo e logo se levanta. -Vamos Isabel... pega Haru. -me levanto também e tiro ela da cadeirinha, o pai de Jiyong se levanta e tenta novamente uma conversa, ele apenas pega as bolsas e me puxa levemente para ficar atrás dele. Então diz algumas palavras e depois segue com a mão em minhas costas. Me conduzindo até a saída.
Ele estava muito nervoso e eu evitei fazer qualquer pergunta, fomos o caminho todo em silêncio e depois ao chegar, ele apenas me ajudou a pegar as coisas e entramos. O celular dele não parava de tocar, Jiyong atendeu e se afastou, foi até uma sala que usava de escritório. Fechei a casa e fui até a cozinha preparar alguma coisa para comermos. Deixei Haru no tapete da sala, e coloquei alguns brinquedos. Fiquei de frente para ela enquanto cozinhava e peguei algumas coisas que a mãe do Kim fez e nos enviou em potes.
Aquela conversa me deixou nervosa. Fiquei pensando o tempo todo no conteúdo daquele diálogo e no nervoso do Jiyong. Queria entender tudo porque a parte dele dizer sobre ele ir para a Coréia me deixou muito nervosa.
-Oi... -vi ele se aproximar de Haru e então relaxei um pouco para cozinhar mais focada. -Estou com ela Isa.
-Ok. -digo e preparo uma salada, arroz e pego o Kimchi da mãe de Kim que Jiyong amava. Frito um pouco de carne e faço um suco de laranja. Estava com pressa de terminar para conversar com ele. Mas não queria forçar ele por agora. Deixaria ele falar.
Jantamos e depois ele me ajudou a arrumar a cozinha, Haru estava sonolenta e começando a cochilar no tapete.
-Eu termino aqui... leva ela para dormir no quarto.
-Ok. -digo e sorrio para ele, me aproximo da nossa princesa e a pego no colo. Subo as escadas e sigo para o quarto dela. Coloco Haru no berço dela e arrumo as roupinhas. Troco a roupa dela e a embrulho. Apago as luzes e deixo apenas um abajur próximo a porta com a luz fraca. Sigo para o quarto e ouço Jiyong no banho, arrumo nossa cama e depois pego minha roupa de dormir. Me troco e fico sentada na cama. Aguardando ele.
-Demorei... desculpa.
-Tudo bem... você está bem? -pergunto e ele senta na minha frente.
-A conversa foi sobre irmos para a Coréia. Para que eu pudesse tomar a frente da empresa.
-E você respondeu o que? -digo e ele bagunça o cabelo e me encara.
-Que eu não quero voltar... que estou feliz aqui... mas meu pai disse que não pode cuidar de tudo por mais tempo, que estão cobrando sobre a nova presidência, por causa do escândalo com a construtora da familia da Minna, alguns acionistas estão cobrando porque as ações da empresa começaram a cair. Nós éramos prioridades da construtora e nossos prazos eram curtos para entregas de empreendimentos... porém agora as coisas são diferentes e perdemos alguns contratos.
-Isso tudo porque você não se casou com ela?
-A família dela vai tentar dificultar... nada que a gente não resolva. Mas os acionistas estão firmes sobre a baixa nas ações e estão cobrando mudanças e novos contratos.
-Vocês podem falir?
-Não acredito... mas podemos perder alguns milhões e ter que vender mais ações. O que já é ruim, porque se vendermos mais ações, corremos o risco de perder a presidência.
-Eles te culpam?
-Sim. Com certeza.
-E a mim?
-Isa... eles culpam qualquer pessoas que não sejam eles.
-O que sua vo disse que te deixou tão irritado.
-Que você não servia para ser minha esposa... e que o fato de você não se preocupar com a herança que pode ser da nossa filha já diz tudo... basicamente isso. -Respiro fundo e sinto a raiva subir pela minha garganta.
-Por que? Porque eu não vou levar minha filha para um lugar em que podem tentar me tirar ela? Onde não gostam de mim?
-Eu sei sobre seus medos Isa... mas sobre isso, eu jamais tiraria Haru de você.
-Eu sei...mas estar em um país que não é o seu e com pessoas que não gostam de você e sem falar o idioma... deve ser assustador.
-Isa... tudo bem... eu jamais te pediria isso ok? -ele diz e depois passa as mãos pelo cabelo. -Vamos dormir... estou cansado.
Ele deita e depois fica em silêncio. Senti que aquela conversa esgotou ele, e que a nossa paz havia acabado ali, a avó não parecia ser alguém que desistiria tão fácil, ela com certeza faria de tudo para convencer Jiyong...ou só não sabia até exatamente onde ela iria.
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Stupid Liar
FanfictionIsabel, uma garota determinada, centrada ,cheia de sonhos e planos para seu futuro, mas que guarda algumas mágoas do passado que a impedem de permitir que ela se apaixone, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando conhece Kwon Ji-Yong, um garot...