Capítulo 27

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     -Isabel... vamos! -Jiyong aparece na porta do quarto e eu sorrio para ele... íamos passar a véspera do natal com a família dele, que em breve seria minha também. Fomos juntos até a casa de Kim, e lá vimos todos da família, a essa altura minha gravidez já não era segredo. Então apenas relaxei e me permiti aproveitar.
  A ceia estava incrível, e nós apenas aproveitamos do momento juntos. Clara foi pra casa, e voltava 1 dia antes do casamento com meus padrinhos. Ficamos a noite toda aproveitando e rindo. Era um momento gostoso e que eu queria que durasse a vida toda.
***
-Está curiosa? -Jiyong pergunta enquanto estava-mos deitados encarando o teto.
-Sobre o que? -pergunto e viro, me deitando de frente para ele.
-Sobre o apartamento... ele está pronto.
-E você não vai me deixar ver?
-Não... somente quando entrarmos juntos...depois do casamento.
-Por que? -reclamo e ele sorri, tocando levemente minha testa.
-Porque quero fazer uma surpresa.
-Jiyong... eu sei que você gosta de coisas grandes...extravagantes e tal... mas...
-Sua preocupação é essa? -ele sorri e deita de frente pra mim. -Não se preocupe... eu comprei um apartamento simples... suficiente para nós 3... e a decoração eu pensei em nós 3 também... tenho certeza que vai gostar... o resto... vamos preenchendo conforme o tempo for passando. -ele falou isso e tentei visualizar nossa pequena família... e aquele medo novamente apareceu.
-Não te assusta?
-O que?
-Não tínhamos planos e nem nada... e agora vamos casar e ter um bebê... não consigo imaginar tudo isso...
-Eu consigo...-ele sorri e me puxa para ficarmos abraçados. -Eu não esperava nada de bom dessa viagem... eu não esperava muita coisa de nada... sabia que iria herdar a empresa da família, provavelmente me casar com a filha de algum sócio... ter uma vida normal e sem graça.
-Isso não se parece com o garoto de cabelos platinados que conheci. -digo e ele sorriu.
-Eu tinha alguns planos... fui fazendo algumas sociedades porque imaginar viver a vida que me criaram para ter... me fazia sentir sufocado... e eu entrava em pânico sempre que imaginava. Mas... então conheci você ... e Cada vez mais que eu passava os dias ao seu lado, pensava na vida que eu poderia ter... sem os luxos... sem toda a fortuna... mas era o que eu precisava.
-Acha que consegue viver sem todo aquele luxo que você cresceu?
-Não sinto falta daquilo... e tenho meu dinheiro administrado... e suficiente para vivermos confortável... vou aproveitar tudo o que aprendi e tentar expandir os negócios...por exemplo... o restaurante que tenho com um dos meus amigos e o PUB... um bar com pista de dança, DJ e tudo mais.
-Aqui? No Brasil?
-Sim...temos algum dinheiro para investir... mas não será agora.
-Entendo.
-Você iria para a Coréia comigo por um tempo? -ele pergunta e eu o encaro.
-Quanto tempo... mais ou menos?
-Tipo... 1 ano...
-Por que? -me inclino um pouco e o encaro.
-Para eu administrar o restaurante e o PUB pessoalmente por um tempo antes de trazer para o Brasil... mas só se você quiser... posso ficar indo e voltando... sem problemas.
-Não quero ficar sem trabalhar Jiyong... quero ter minha vida e carreira... -digo e ele fica me olhando, então se inclina também e me encara.
-Eu sei... e vou te apoiar nisso. Só que podíamos fazer isso enquanto nosso bebê é bem pequeno... ou antes dele nascer...
-E ele nascer lá? -me sinto levemente desconfortável.
-Você não gostaria disso? É algo que te deixa desconfortável?
-Não sei se eu me sentiria segura para ter um bebê lá... longe de todos... da Clara... e não falo sua língua... quando você estiver trabalhando... eu ficaria muito só... sua família não gosta de mim e você precisa se dedicar... -me sento e apoio minha cabeça nas mãos.- Mas eu também não posso ficar longe de você.
-Ei... Isabel... não se estressa com isso ok? Foi só uma idéia... está tudo bem.
-Você pretende ir?
  -Preciso ir... mas não se preocupe... serão viagens curtas... assim como essa que acabei de fazer. Farei o que preciso e volto. -ele deitou e me puxou levemente para deitar em seu peito.
-Podemos falar disso mais pra frente?
  -Claro que sim... vamos dormir agora? -ele me puxa novamente e me aninho em seus braços. Minha cabeça estava a mil, ele estava abrindo mão de muitas coisas para ficar comigo... e não devia ser assim, eu devia confiar nele e ajudá-lo a seguir seus sonhos, para que eu também seguisse o meu e pudéssemos andar juntos.
***
O dia do casamento chegou. Eu estava tão ansiosa, Clara me convenceu a passar o dia no SPA, foi maravilhoso e tive a companhia dela o dia todo, Jiyong e Kim ficaram organizando tudo, e nós duas pudemos relaxar.
-Você está linda! -Clara estava com a cabeça em meu ombro e abraçada a minha cintura. -É a noiva mais linda que eu já vi.
-Não vale... está dizendo isso porque me ama. -Brinco e ela sorri. -Não acha que fiquei muito redonda nessa roupa?
-Você esta linda... e só percebe que tem um bebê aí que. Sabe... sua barriga está com um pequeno formato, mas esse vestido que escolheu, disfarça muito bem.
  Meu vestido era de renda. Tinha alças de renda delicado e logo abaixo dos seios ele era soltinho até o cumprimento dos pés... deixei meus cabelos soltos com algumas ondas e uma parte puxada levemente para o lado. Eu estava tão ansiosa que estava levemente enjoada.
  -Vou buscar um pouco de água para você! -ela se afastou e foi em direção a cozinha.
  -Clara... eu chamei meu pai pra vir... mas não consegui dizer q ele podia trazer a esposa. -A segui até a cozinha e ela me olhou.
  -Tudo bem Isa... vc não precisa querer ela por perto. Tem suas razões e são bem plausíveis.
  -Mas... é a esposa dele agora... tipo...
  -Você vai estar pronta quando tiver que estar pronta. Então... relaxa.
  -Obrigada!
  -Agora toma essa água e vamos que o carro já chegou.
  -Que carro?
  -Seu futuro marido enviou um carro para te buscar.
  -Não acredito.
  -Pode acreditar... e vamos que não queremos atrasar... tenho certeza que você quer estar lá o mais rápido possível.
  -Claro que sim... já viu o gato que vai estar me esperando?
  -Ai meu Deus... começou.
  -Vamos? -digo e ela pega meu buquê de rosas e seguimos para fora do nosso apartamento.
   O carro se afastou um pouco do nosso bairro e começou a ir para uma rodovia. Eu estava estranhando, pois escolhemos um local perto de casa. Olhei para Clara que estava sorrindo e ela fez sinal que não falaria nada. Senti minha ansiedade crescer mais.
  -O que vocês aprontaram?
  -Relaxa... você vai gostar... eu mesma cuidei de tudo pra sair do seu jeito. -ela diz e sorrio. Eu devia saber que eles não fariam apenas o jantar assim como pedi.
Chegamos em um sítio, a entrada estava toda iluminada, pequenas lâmpadas espalhadas por todo local nas árvores. Desci do carro e meu pai estava me esperando, ele sorriu e eu fiz o mesmo, estava um pouco desconfortável, mas estava agradecida dele ter ido e por estarmos tentando seguir em frente. Clara ajeitou meu vestido e me deu um abraço, então seguimos adiante em e logo avistei um arco bem na entrada com flores brancas e rosas. Bancos brancos com flores rosas claras por todo o caminho até o outro pequeno arco onde estava Kwon com uma camisa social branca, com os primeiros botões aberto, sem o paletó, assim como eu descrevi que queria caso fosse na praia.  A Calça o vestia perfeitamente, claramente havia sido feito sob medida. O cabelo penteado levemente para trás, com algumas mexas teimando eu ir para frente. Eu não conseguia parar de olhar. Ele estava sorrindo e logo vi ao lado os músicos. Piano, violino e vários outros instrumentos. Iniciaram uma música, uma que eu ouvi em seu carro uma vez, que era de uma banda coreana e eu havia dito que tinha amado. Sorri de volta para ele e segui com meu pai. Clara passou na minha frente e foi em direção ao pequeno altar. Só aí notei que havia um padre no altar, logo ao lado do juiz. Aquilo me deixou confusa.
  Todos estavam emocionados, a mãe de Kim estava na primeira fileira com meus padrinhos, haviam alguns poucos amigos, algumas pessoas da família do Kwon, e vi dois garotos sentados próximo a primeira fileira. Assim que cheguei perto dele, ele acenou par meu pai e fez um pequeno aceno de cabeça. Meu pai estendeu a mão e assim que apertaram as mãos com firmeza meu pai disse olhando em seus olhos.
  -Cuide da minha filha... eu espero que vocês sejam muito felizes, e que o amor de vocês seja forte para cada dificuldade que tiverem.
  -Vou cuidar! -Kwon me olhou e sorriu.
  Ele me ofereceu o braço, mas estendi minha mão. Ele a encarou e sorriu, entrelaçando nossos dedos. Seguimos até o pequeno altar e paramos na frente do juiz.
  O juiz foi breve. Assinamos nossos nomes e depois nossos padrinhos e testemunhas. Clara e Kim. Então o padre fez nosso casamento, falando em amor e cumplicidade. E apesar de eu não estar esperando um casamento religioso, no fim foi emocionante. Dizer sim para Jiyong e ouvir ele dizendo sim pra mim, foi o momento mais feliz da minha vida. Nossas mãos ficaram o tempo todo juntas e foi tudo perfeito.
  -O que achou? -ele perguntou enquanto estávamos dançando no meio da pista abraçados. Já estava anoitecendo e o lugar ficava cada vez mais lindos com toda aquela iluminação.
  -Eu amei... -digo e junto nossas testas.
  -Eu estava preocupado que o padre ali na frente te assustasse.
  -Eu cogitei fugir... mas seria difícil corre de salto, vestido e grávida. -brinco e ele se finge de ofendido.
  -Eu teria corrido atrás de você.
  -Espero que sim. -digo e dou um beijo nele. -Eu te amo. -acaricio o rosto dele e sorrio. -Eu sei que fez tudo pensando em mim... porque tem as flores que gosto, você se vestiu como havíamos conversado dias atrás... e manteve tudo entre a família e amigos.
  -Sim... eu fiz tudo isso porque queria que fosse especial... e não quis esperar mais para fazermos o casamento religioso depois do nosso filho nascer... quero que já esteja tudo pronto para a chegada dele. E não tem dúvidas aqui do que queremos...
  -Não tem dúvidas. -digo e o abraço.
  A festa estava linda... conversei com os convidados e Jiyong me apresentou aos amigos dele, dois eram os sócios, um era do restaurante e o outro do PUB. Choi e Kang, achei melhor os sobrenomes, porque eu inda tinha dificuldade em pronunciar os nomes. Eles falavam inglês, e foi assim que eu me comuniquei. Agradeci por ter melhorado mais e manter uma conversa mais fácil.
  Estávamos conversando e logo um dos amigos dele tomou um fole da bebida e fez um aceno para Jiyong, nós dois viramos na direção que ele apontou e vimos o pai dele se aproximar com uma senhora. Senti a tensão do meu agora marido, assim que ele apertou a mão na minha. Ele me puxou levemente para trás.
  -Fique aqui um pouco. Vou falar com eles primeiro. -ele diz e eu faço um sim com a cabeça. Vejo Jiyong se aproximar deles e então faz uma reverência maior do que as que eu o vi fazendo. Parou na frente da senhora assim até q a mesma tocasse seu ombro. Ele ficou de frente para ela e a vi olhar em minha direção. Não dava para saber o que ela achava de tudo isso, mas o olhar dela não tinha sentimento algum. Estava apenas me encarando. Então Jiyong me chamou e eu encarei os amigos que apenas me encorajaram com um sorriso e eu segui até ele. Minhas mãos estavam sua do, e meu coração estava acelerado. Mas eu sabia que Jiyong nunca me colocaria em alguma situação que me machucasse.
  -Eles só queriam estar aqui nesse momento...
  -É claro. -Digo e ele segura minha mão com força. Então falou em coreano com a avó e o pai, e eu fiz uma anotação mental que precisava aprender coreano para entender o que eles diziam.
  -Eu disse que você agora é minha esposa e que vamos ter um bebê. -olho imediatamente para a a família dele, que não pareciam nada felizes com aquilo. -Tudo bem tirarmos uma foto juntos? -ele podia fingir não se importar... mas ali eu percebi o quanto ele queria que eles o apoiassem. E que eles estarem ali, o deixou feliz.
  -Vamos sim... quantas quiser. -digo e ele sorri. Então fala algo com a família e depois chama o fotógrafo, que imediatamente se aproxima e bate algumas fotos. Jiyong chamou meu pai e tiramos uma foto também com a família e depois Clara e meus padrinhos. A avó dele ficou o tempo todo em silêncio, apenas me olhando. O pai dele simplesmente me ignorou. Mas eu apenas ignorei, pois eu estava feliz, com minha família e amigos. E eu já sabia que teria um longo caminho para conquistar a confiança da família dele. E que talvez... eu nunca conseguiria.
  Deixei eles juntos enquanto fui me sentar um pouco, a mãe de Kim veio com uma sandália baixinha e eu sorri agradecida. Ficamos na mesa conversando e jantando. Tudo estava perfeito. Tiramos fotos, dançamos, comemos... foi incrível. Aquele dia estaria guardado para sempre em meu coração. A Família do Kim estava desconfortável com a do Kwon, para eles, a mãe do Jiyong morreu por culpa deles. E eu entendia esse sentimento, porque era o mesmo que nutri pelo meu pai e pela esposa dele todo esse tempo, estava luta do para perdoar meu pai, mas eu sabia o que era estar no mesmo ambiente que a esposa dele. E imaginar a mãe de Kim sentindo isso me deixava triste.
  -Está cansada? -Jiyong se aproximou e fiz um sim com a cabeça. -Vamos embora?
  -E seu pai e sua avó?
  -Já foram... eles... precisam de mais tempo.
  -Mas foi um grande avanço terem vindo.
  -Sim... mas eles ainda precisam de muito tempo. -ele sorri triste e eu acaricio seu rosto.
  -Vamos para nossa casa? -pergunto e ele sorri.
  -Sim... vamos para nossa casa. Eu pensei em viajarmos, mas você acabou de sair de uma gravidez de risco para uma que ainda precisa de cuidados. Não vamos abusar. -ele acaricia meu rosto e faço um bico. -Quando o bebê nascer... vamos fazer muitas viagens.
  -Sim...tem razão. -acariciei seu rosto e baixei minha cabeça até apoiar em seu ombro. Ficamos um tempo ali. Apenas olha do em volta e aproveitando. Vista dos nossos amigos e familiares rindo e se divertindo. Nossas vidas estavam apenas começando, e eu estava ansiosa para descobrir como nos sairíamos. Tudo o que eu queria, era que ficássemos juntos.

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