Estava no quarto do bebê, sentada no chão, dobrando algumas roupinhas e arrumando as poucas gavetas que tinham roupas. Organizei as fraldas e depois peguei a bolsa da maternidade e organizei. Separei algumas peças de roupa, e depois me sentei olhando em volta. Estava pronto, e eu já estava ansiosa de ter o bebê em casa. Acariciei minha barriga e sorri imaginando como seria ter esse pequeno ali. Eu não me imaginava mãe...mas agora era algo surreal, era como se eu não existisse mais sem isso.
-Posso entrar? - olho para a porta e o vejo de camiseta preta e um short acima do joelho e preto também. Os cabelos caídos cobrindo sua testa. Eu fiz um sim com a cabeça e ele entrou e sentou de frente pra mim. -Me desculpa...ok? Eu realmente só não queria te estressar. Juro que apenas ficamos no restaurante e conversamos, eu disse que ela devia ser mais corajosa e enfrentar a família...depois fui embora e visitei alguns fornecedores para a abertura do restaurante que tenho com o Daesung.
-Ela foi com você?
-Claro que não! - ele procura meus olhos e levanta meu rosto com a ponta dos dedos.
-Isa...eu realmente... Completamente...amo você.
-Odeio mentiras... você sabe. -tiro a mão dele e fechei a bolsa. Então ele segurou minha mão.
-Eu sei... E estou me desculpando por isso...apenas por isso porque eu não fiz nada de errado.
-Não faça de novo! -digo e ele sorri, fazendo um sim com a cabeça. -Nunca mais. Prometo. - ele tira a bolsa do meu colo e se aproxima, me puxando para um abraço.
Retribui o abraço de Jiyong e decidi que não brigaria por isso. A vinda da ex noiva dele era algo que estava me deixando desconfortável, mas ainda assim achei melhor ficar em paz com ele. Nosso bebê chegaria a qualquer momento, não queria estar brigada com o pai dele.
***
Minna era insistente, ela permaneceu no país e ligava com frequência para Jiyong, Clara queria falar com ela, mas Kim se recusou a traduzir tudo o que ela queria dizer. Jiyong evitava atender as ligações e disse a ela que não poderia me deixar sozinha. Ele acabou pedindo para o primo dele, o que morava no Brasil, Seungri, pediu que ele fizesse companhia e a levasse onde precisasse.
Eu estava no restaurante que eu abriria com a mãe do Tae, olhando se estava tudo pronto. Ele estava perfeito. A decoração era toda em estilo coreano. Algumas salinhas reservadas com mesas rebaixadas. O ambiente era aconchegante e simples. Eu estava esperando a senhora Kim para escolhermos alguns dos currículos e chamarmos para alguma entrevista. Por enquanto a Clara iria ficar trabalhando com a gente e o Kim nas horas vagas também. Contrataríamos apenas uma auxiliar de cozinha. Para facilitar para a senhora Kim, iríamos sentir a necessidade de mais contratação no decorrer dos dias.
Senti uma leve dor nas costas e me sentei um pouco. Estava andando desde cedo em casa, estava impaciente e sentindo um incômodo. Não disse nada ao Jiyong porque ele não me deixaria vir resolver esses detalhes.
Ficar sentada não estava resolvendo... me levantei e andei um pouco. Depois de caminhar senti um pequeno alívio. Peguei meu celular e liguei para Clara, só chamou. Provavelmente ela estaria na biblioteca.
-Isa... - ouvi a voz da senhora Kim e fui em sua direção. -Oi. - ela sorriu e veio em minha direção me abraçar e acariciar minha barriga.
-Oi. -Retribui o abraço e fomos nos sentar.
-Me esperou muito?
-Não... aproveitei e peguei alguns currículos e depois dei uma olhadinha por aí.
-Que bom... e como está se sentindo?
-Hoje estou me cansada e com dores nas costas... -digo e ela deixa a bolsa na cadeira e pega alguns dos papéis que estavam na mesa.
-Reta final... aparecem dores em todas as partes do corpo. -ela diz e eu sorrio.
-Pois é.
-E a Minna... deixou vocês em paz?
-Aquela garota, está com outras intenções... não é apenas ajuda ou amizade.
-Imaginei... mas não se importe com isso, Jiyong te ama e vocês terão um lindo bebê. -ela diz e eu sorrio.
-Sim... um lindo bebê... saudável e forte. -acaricio minha barriga e começamos a trabalhar.
Terminamos tudo e depois estávamos nos preparando para ir pra casa, senti uma dor mais forte, precisei me apoiar na mesa para não cair.
-Isabel... -a senhora Kim veio em minha direção correndo e apoiou os braços me sustentando.
Respirei fundo e tentei controlar a dor, mas era impossível. Era pior que qualquer cólica que eu já havia sentidos antes. Senti algo quente escorrer em minhas pernas e quando olhei assustada para o chão, tinha uma pena poça.
-Sua bolsa estourou... o bebê vai nascer. -a senhora Kim puxou a bolsa e procurou o celular dela. Eu senti um misto de emoções e um deles era medo. -Querida, Jiyong está em casa?
-Ele ia resolver umas coisas e depois vir me buscar. -parei de falar e respirei fundo de novo. A dor estava aliviando um pouco. Então puxei minha bolsa e peguei meu celular e liguei para ele.
-Oi Isa... -ele ate deu no segundo toque.
-Oi...preciso que vá em casa e pegue a bolsa da maternidade que eu deixei no quarto do bebê... a minha está ao lado dela. Só precisa trazer ok?
-Vai nascer? -sinto a ansiedade crescendo na voz dele e tento deixa-lo calmo, pois precisava dele bem e sem nenhum acidente o mais rápido possível.
-Eu estou perto de você... não acha melhor te levar ao hospital primeiro?
-Não precisa... vou com sua tia e você nos encontra lá ok?
-Não demoro... jajá estarei lá.
-Jiyong... não tenha pressa e dirija com cuidado ok? Preciso de você inteiro e consciente quando ele chegar. -Sorrio e sinto que ele fez o mesmo.
Desligamos o telefone e depois seguimos para o hospital.
Jiyong correu para o hospital e ficou ao meu lado o tempo todo...e foi a experiencia mais incrível que tive na vida quando nossa pequena Haru nasceu. Dia 10 de maio. Assim que ela chorou, preencheu aquele espaço todo e nos fez sorrir. Jiyong a pegou e trouxe para segurarmos juntos. Ela era linda. Perfeita. Os olhinhos bem pequenos e as bochechas gordinhas. Era um bebê lindo.
***
-Isa...-Clara entra animada no quarto. Eu estava com nossa pequena Haru nos braços admirando ela dormir. -Eu estava morrendo de ansiedade...deixa eu ver a dona das minhas horas livres. -Ela se aproxima e olha toda sorridente. -Ela é muito linda... vou lavar minhas mãos para pegar ela. -ela deixou as coisas na cadeira ao lado e depois olhou em volta. -Onde está Jiyong?
-Cuidando de algumas papeladas. Kim foi com ele.
-Que bom... posso aproveitar sozinha essa bebezinha linda... e qual vai ser o nome?
-Haru...-Digo e ela sorri olhando para minha filha.
-Belo nome.
A família foi embora e ficou apenas Kwon, eu e Haru. Era interessante, porque seria desse jeito agora. Nós 3. Acordei em algum momento na madrugada, e vi ele embalando ela em seus braços e cantando alguma música em seu idioma, ele a olhava com tanto amor que eu consegui sentir e aquilo me encheu de alegria. Fiquei em silêncio, apenas olhando aquela cena. E assim dormi novamente.
***
Fomos para casa dois dias depois, Jiyong estava muito animado de ter nosso bebê em casa. Assim que chegamos, fomos para o quarto dela e a colocamos no berço, ficamos um tempo olhando para ela e depois sorrimos um para o outro.
-Ela está em casa. -ele disse e voltou a olhá-la no berço.
-Sim... está em casa. -apoiei minha cabeça em seu ombro e nos abraçamos.
Tudo foi uma novidade, e nos meses seguintes ela continuou sendo o centro de toda a atenção. Cada dia que passava, ela ganhava a todos com algo novo.
Dois meses depois, o restaurante já estava funcionando, de pouco em pouco ele ia conquistando os clientes. Jiyong ficou cuidando da administração para que eu pudesse ficar com Haru em casa. Ele disse que seria bom para ele também. Eu ía no fim da tarde para voltarmos juntos e poder passear um
Pouco com ela. Os meses passaram rápido... e já estávamos chegando no natal. Haru estava com 7 meses. Era um bebê doce e tranquila. E não desgrudava do pai. Sempre que eu olhava para ele brincando com ela, me lembrava da época que havíamos nos conhecido, de como ele parecia e de como ele realmente era.
-Isa...nós vamos planejar o natal esse ano?
-Sim... eu disse para nossas famílias que vamos planejar um natal aqui mesmo.
-Precisamos de uma mesa de jantar maior. -ele diz e eu sorrio.
-A Nossa já tem um tamanhos ótimo.
-Podemos reservar umas mesas e colocar no jardim. -Ele diz e fico impressionada com a rapidez que ele pensa nas coisas.
-Gostei da idéia. -digo e ele sorri e muda o foco da atenção quando encara Haru brincar com os brinquedos que estavam a sua frente.
-Precisamos aparar a franja dela... está atrapalhando. -digo e passo as mãos pela testa, puxando o cabelo para o lado levemente.
-Vou levar ela no salão... para aparar.
-Jiyong... eu mesma posso aparar... vai levar em um salão para isso? -digo e ele olha para a filha e depois para mim.
-Vou... não estou duvidando das suas habilidades... mas é melhor previnir. -ele me dá um beijo e sorri.
-Engraçadinho. -puxo ele e nos beijamos.
-Faça uma lista... da comida... vou reservar as mesas e cuidar da decoração.
-Fechado. -dou um selinho e me levanto.
Montamos uma árvore de natal na sala, próximo a porta de vidro que leva até o jardim, Haru estava impressionada com as cores e ele com medo dela se aproximar. Ele achava que Haru engatinharia a qualquer momento e já seria uma corredora.
Meu pai veio me ver quando Ela nasceu, meus padrinhos também, ficaram uma semana. E depois não os vi mais. Viriam para o natal novamente, meu pai viria apenas no dia 26. Provavelmente estava tentando conciliar o horário com a esposa e o filho. Eu sentia muito por isso, mas ainda não conseguia aceitar ela.
Na manhã do dia 20, Clara chegou cedo em casa, iríamos fazer compras no Mercado, para nossa ceia. Levei Haru com a gente e ela dormiu quase o tempo todo. Ela estava com um vestidinho rosa e meias branquinhas com pompons nas laterais. As bochechas eram bem rosadas e o cabelo bem pretinho. Ela parecia uma bonequinha e as pessoas sempre paravam para brincar com ela. Haru sorria e encantava mais ainda.
-Acho que pegamos tudo. -confiro a lista mais um pouco e depois vamos até o caixa.
-O restaurante está indo bem não é? -Clara pergunta enquanto passa nossas compras e eu ajudo colocando tudo na esteira.
-Está sim... Jiyong fez um excelente trabalho enquanto fiquei com Haru... ele realmente é bom com negócios.
-Você não tem receio de ele sentir falta de tudo isso? Tipo... tomar conta de todo aquele império?
-As vezes penso nisso... porque eu não sei se conseguiria viver no país dele... com pessoas que claramente não gostariam de mim.
-Bom... agora você tem uma filha dele... é esposa dele... eles não podem fazer nada.
-Penso na mãe dele... ela tinha dois filhos e olha o que aconteceu... precisou fugir.
-Porque o pai do Jiyong a deixou sem escolhas... você acha que ele te prenderia lá?
-Não... não acredito que ele faria algo assim.
-Mesmo que não seja pelos negócios da família... em algum momento ele vai precisar cuidar dos negócios dele de lá... não vai conseguir fazer isso a distância o tempo todo.
-Eu sei... eu disse que pensaria a respeito. -digo e depois terminamos de passar tudo e pagamos as compras. Fomos para casa e fiquei pensando nisso o tempo todo.
Chegando em casa, estacionei o carro, eu tinha carta, mas não dirigia, depois do nascimento de Haru, treinei com Jiyong e fiz aulas extras para poder dirigir, Haru passou a andar comigo apenas depois de 3 meses de treinamento. Mas agora eu me sentia ótima por poder ir e vir sempre que quisesse. Desci do carro e tirei ela da cadeirinha.
-Vamos tomar um banho? -ela me olhava e sorria. -Alguém aqui está precisando de um banho. -digo e dou beijinhos em seu pescoço, o que a faz rir e depois gargalhar. -O que será que o papai está fazendo? -Entramos em casa e tiro meu sapatos, então vejo dois pares de sapatos diferente. Um feminino e um masculino. Fico descalça mesmo e entro com Haru que estava brincando com meu cabelo. -Temos visitas. Pego a mãozinha dela e balanço um pouquinho e depois entramos na sala. Fico levemente chocada. Pois era a avó e o pai do Jiyong. Eles me encaram e depois voltam o olhar para Haru. Que assim que localiza Jiyong começa a chacoalhar os braços pra ele a pegar.
Ele vem em nossa direção e a pega no colo. Percebe meu choque e dá um beijo em minha testa, chamando minha atenção para ele.
-Eu ia te ligar, acabei esquecendo.
-Tudo bem. -passando o choque eu fiz um pequeno aceno de cabeça para eles que me retribuíram.
Jiyong se aproximou com Haru e a avó dele parecia emocionada, a pegou no colo e falou algumas coisas em coreano. Ela sentou no sofá com Haru, e logo em
Seguida o pai do Jiyong sentou ao lado.
-Me ajuda com as compras? -falo com ele, para darmos um tempinho da família dele com ela.
-Claro. -fomos até a garagem e pegamos as sacolas. -Obrigada por recebê-los bem... apesar de tudo.
-É sua família...minha e de Haru também. -digo e ele sorri, então me abraça e me beija.
Eu estava feliz com a vida que estava tendo... e esperava que o pai e a avó do Jiyong não tivessem vindo para convencê-lo a ir embora... que estivessem
apenas querendo conhecer nossa filha. Mas sempre que os via, sentia uma ansiedade grande. Estava tentando não associar a história da mãe dele com a minha. Estava tentando olhar eles do zero. Mas só vinha os avisos da mãe do Kim antes mesmo da minha relação com Jiyong fortalecer. Olhei para ele tirando as sacolas do porta-malas e a ansiedade cessou... porque a diferença era que eu tinha ele, e eu tinha certeza que ele jamais me faria fazer uma escolha que me machucasse e que faria Haru sofrer. Sorri e me aproximei, abraçando-o pelas costas e beijando sua nuca.
-Te amo. -sussurro e ele se vira com um sorriso de lado.
-Eu também. -ele se vira e me puxa para um abraço.
Eu tinha certeza, ele iria nos proteger... de qualquer coisa... de qualquer pessoa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Stupid Liar
FanfictionIsabel, uma garota determinada, centrada ,cheia de sonhos e planos para seu futuro, mas que guarda algumas mágoas do passado que a impedem de permitir que ela se apaixone, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando conhece Kwon Ji-Yong, um garot...