Stupid Liar

Capítulo 12

  -Obrigado tia! -ele diz e descemos as escadas de mãos dadas. Tentei soltar a mão dele a todo custo, mas foi em vão, então seguimos por todos e nos sentamos na sala, no sofá um ao lado do outro.
  -Jiyong, você já serviu ao exército? -O pai do Kim perguntou e todos pareciam ficar atentos a resposta.
  -Ainda não, conversei com meu pai e disse que queria vir aqui conhecer vocês e ir ao local onde minha mãe está enterrada com minha irmã.
  -Sua mãe? -Anna o encara e ele faz um sim com a cabeça. -Mas ela não foi enterrada.
  -Foram cremadas? -ele parecia um pouco ansioso, o aperto da mão intensificou um pouco.
  -Vou conversar com Kwon depois sobre isso. -a senhora Kim olhou firme para Anna e o olhar foi suficiente para todos, inclusive quem não estava entendendo nada como eu, que o assunto estava encerrado.
  Jiyong ficou ansioso o tempo todo enquanto ficamos ali, a garota não tirava os olhos dele e me senti agradecida que ele estava segurando minha mão em seu joelho. Naquele momento senti necessidade de mostrar que ele estava comigo. Aquele sentimento primitivo e ridículo estava presente e forte em mim, apesar de eu ter lutado contra ele por tanto tempo.
  -Obrigada por virem! -todos estavam indo embora, Lee pegou meu telefone e de Clara para marcarmos algo. Ele era bem engraçado e espontâneo.
  Assim que todos saíram de casa, Kwon seguiu até a tia e colocou as mãos no bolso.
  -O que houve com o túmulo da minha mãe e da minha irmã? -ele é direto, a deixando nitidamente desconfortável.
  -Querido...sua mãe sofreu um acidente em uma ponte um pouco longe daqui, e o carro caiu e explodiu, quando acharam o carro, já não havia sobrado quase nada...-ela diz e me aproximo de Jiyong, dessa vez eu mesma agarro sua mão. Ele parecia perplexo.
  -Não soube que foi assim...eu...não sabia de nada. -Jiyong parecia fraquejar, o ajudei a sentar no sofá e ele abaixou a cabeça e passou as mãos pelo cabelo, segurando-os atrás com força.
  -Você era uma criança Jiyong...não era algo que precisasse saber.
  -E depois? Eu cresci...porque ninguém me falou nada? -ele levanta a voz e me aproximo dele.
  -Jiyong...-digo, mas ele se levanta e os olhos pareciam vagos e sem emoção.
  -Foi para isso que ela fugiu? Para morrer carbonizada em um acidente? Ainda arrastou minha irmã para isso. -ele diz e vejo a senhora Kim tremer os lábios.
  -Acha que minha irmã queria isso? Você era pequeno demais e talvez não se lembre as humilhações que ela passou para estar ao lado do seu pai. Não importava o que ela fizesse, nunca estava bom. Nem sendo mãe era suficiente. Todos cobravam dela coisas impossíveis.
  -E por isso ela fugiu e me deixou lá?
  -Ela chorava todas as noites. Implorou todos os dias para deixarem falar com você. Pediu que deixassem você ficar com ela... sabe o que disseram? Que levariam Hana também. Ela estava desesperada e com medo de tirarem a menina dela. Mesmo aqui ela estava sempre assustada.
  -Ela devia ter lutado. -ele diz e vejo lagrimas cairem de seus olhos.
  -Ela lutou...e perdeu para o próprio medo. -a mãe do Kim disse e não conseguiu mais conter as lágrimas. -Ela fugiu daqui com Hana, disse que iria para outro lugar com ela...então sumiu...Procuramos por ela por todo lugar...então um dia, ligaram aqui e disseram que encontraram um carro...-Ela respira funda e senta-se no sofá - não dava para fazer o reconhecimento de nada, nem do carro e nem dos passageiros... conseguiram saber apenas que era o meu carro. -Ela abaixa a cabeça, a sala fica em silêncio por um tempo, então ela respira fundo e limpa os olhos. -Obrigada por vir...sua mãe ficaria feliz em te ver aqui...finalmente ela conseguiu trazer você para casa. -ela diz e não consegue mais se segurar, se levanta e sai da sala, seguindo o caminho das escadas e saindo do nosso campo de visão. O pai de Kim fez um pequeno aceno para Kwon e seguiu a esposa.
  Kwon ficou um tempo parado, sem dizer uma única palavra. Me aproximei e toquei seu braço.
Kwon se virou e seguiu até a entrada da casa, calçou seu tenis e saiu sem olhar para qualquer um de nós. Não sabíamos o que dizer, nem o que fazer. Eu queria fazer algo por Kwon, queria poder ajudar ele.

***

-Conseguiu falar com ele? -Clara estava no sofá, mexendo nos canais para ver o que tinha de interessante, eu estava irritada com tudo, até com o barulho dos canais quando ela ficava pulando de um em um.