Capítulo 6

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  -Tem certeza amiga? -Clara pergunta antes de entrar no ônibus que a levaria para casa.

  -Tenho sim...manda um beijo para seus pais. -digo e a abraço. Kim havia nos levado. Eu estava gripada, mas a febre havia baixado e não retornou durante a noite, então eu insisti que ficaria mal se ela cancelasse a viajem. Ela já fazia muito por mim.

  -Kim...fique de olho nela ok?

  -Pode deixar. -ele diz e sorri, se aproximando e dando um abraço tímido nela. -Nos vemos em um mês?

  -Em duas semanas. -ela afirma e sorri para ele.

  Ok. -ele se afasta com um sorriso no rosto e eu a encaro com um olhar do tipo: Huuummm.

  -Tchau amiga. -ela revira os olhos e entra no ônibus.

  Fico ali esperando ela sentar, ela encontra o lugar e a vejo colocar a mochila no compartimento, depois senta na janela e faz um coração para mim, sorrio e faço outro.

  O ônibus sai e Kim me olha e sorri.

  -Vai ficar bem sozinha no apartamento? -ele pergunta e eu faço um sim com a cabeça.

  -Não se preocupe...já fiquei outras vezes.

  -Posso te fazer uma pergunta?

  -Claro...vamos andando. -digo e seguimos para o estacionamento.

  -Você e Kwon...estão juntos? -ele pergunta e eu paro de andar e o encaro. -Não quero me intrometer...nem quero que se sinta ofendida...mas...sabe que ele vai embora no final do ano não é? -ee diz e sinto um aperto em meu peito.

  -Eu sei. -digo e continuo a andar.

  -Ele vai para o exercito assim que voltar...ficará dois anos, não poderá vê-lo e será bem difícil manter contato. -ele continua e eu paro novamente e o encaro.

  -Exército?

  -Sim...para os coreanos, é obrigatório. Depois dos 18, eles podem receber a carta a qualquer momento solicitando o comparecimento e cumprimento do dever. Ele está com 23 e dará início em janeiro do próximo ano. Conseguiu com a família que viesse e passasse um ano aqui antes de se alistar.

  -Por que ele quis vir?

  -A mãe dele morreu quando ele ainda era criança, aqui no Brasil, e foi enterrada aqui. Ele queria ver onde era e conhecer minha tia, que é irmã dela.

  -Ele tem mesmo que ir. -pergunto e ele respira fundo.

  -Sim...ele pode ser dado como desertor e caso insista e não volte, pode ser banido.

  -Tão drástico assim?

  -É da cultura deles...muitos querem e sentem orgulho disso. -ele diz e passa as mãos pelo cabelo.

  -Só queria que soubesse onde está se metendo...que não se envolvesse em algo que seria doloroso. Não conhecemos Kwon direito...ele parece uma boa pessoa...mas...o pai dele também parecia. -ele diz e eu o olho curiosa.

  -O que quer dizer com isso?

  -Nada não...o que precisava saber era isso...gosto de você e sei que é muito querida por seus amigos...não quero ter trazido problemas para sua vida.

  -Obrigada Kim...mas estamos somente nos conhecendo...e....Ele é uma boa pessoa.

  -Se precisar de alguém para conversar...pode contar comigo. -ele diz e eu sorrio, dando um soco de leve em seu braço.

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