Capítulo 32

3.1K 299 48
                                    

Anastásia e Sheila voltam alguns dias depois para casa. Ela estava arrasada, sem saber como encarar Christian e se separar dele, já havia sido um sacrifício falar com ele ao telefone e fingir que estava tudo bem.

Havia chegado de madrugada e mal conseguiu dormir, Sheila nem foi para a casa dela, ficou em um quarto de hospedes preocupada com Anastásia.

Logo pela manhã, Anastásia liga para Christian avisando que tinha chegado e pedindo para ele vir conversar com ela.

Ele mal acreditou quando ouviu a voz dela, estava morto de saudades . Havia sido apenas uns dias, mas para ele parecia séculos. Em menos de uma hora  estava entrando no apartamento dela. Sheila estava sentada na sala.

— Bom dia Sheila, Anastásia está lá em cima?

— Bom dia, não, ela está na biblioteca.- Sheila responde tentando mostrar naturalidade, mas estava nervosa, com medo do que poderia acontecer.

Christian vai apressado até a biblioteca, abre a porta e a encontra sentada em uma poltrona, com os olhos fixos em um ponto imaginário da sala. Parecia muito abatida e seus olhos aparentavam que ela havia chorado. Dá um passo em direção a ela, sentindo que a saudade dela estava lhe apertando o peito, quase o sufocando. Anastásia percebe a presença dele e o olha, em seu olhar um misto de tristeza e saudade. Levanta-SE e vira as costas para ele, olhando para fora da janela, achando impossível  encara-lo sem desabar,  Christian fica perplexo com essa atitude e se aproxima mais dela.

— Anastásia, o que houve? Aconteceu alguma coisa? Como está seu pai?

Ela se vira para olhar para ele, com um esforço para não chorar.

— Ele está bem, eu que não estou.

— O que houve? –  tenta se aproximar e ela estende a mão para ele parar,  fica assustado com isso.- O que está acontecendo, Anastásia? Por favor, me explica.

— Esses dias fora, eu pensei muito, e isso que vem acontecendo com a gente, não é certo, não é isso que eu quero.

Christian sente como se tivesse levado um tapa. Dá um passo para trás, sem acreditar no que está ouvindo. Ela o olha e vê tanta tristeza no olhar dele que não aguenta e vira as costas para ele.

— Você só pode estar brincando.-  fala segurando os braços dela a virando para si , a obrigando a encara-lo.- Você disse que me amava, que íamos ficar juntos, isso não pode ter simplesmente se acabado em alguns dias. Você está mentindo.

Livra-se das mãos dele e se vira de novo.

— Acabou, Christian. É só.

Christian dá alguns passos para trás, passa as mãos pelo cabelo, pensando em algo para dizer, não consegue acreditar que ela está desistindo deles, depois de tudo o que enfrentaram, justo agora que ele queria oficializar a relação deles.

Ela continua olhando para fora, não sabe mais o que falar,  pode sentir a dor dele através da pouca distância que os separam.

— Você o viu? Não resistiu a ele?-  pergunta em um rompante. Anastásia sente uma faca atravessar seu peito, depois de tudo o que viveu com ele, como ele acha que ela poderia voltar a se deixar levar por aquele canalha. Deixa as lágrimas rolarem sem se importar e vê que isso pode ser usado como desculpa. Christian anda até ela e a vira com raiva. Vê as lágrimas dela e chega à conclusão do que está acontecendo.- Como você pode se deixar levar de novo, e o nosso amor? Você não pensou em nós em algum momento?-  praticamente cospe as palavras nela.

— Por isso que eu quero parar por aqui, eu não te mereço sou fraca.- se solta dele, e vai até uma mesa com gavetas, ele abaixa a cabeça e balança, não acreditando no que está acontecendo. Ela abre a gaveta e entrega uma pasta para ele.- Eu quero que você aceite isso.

Ele pega a pasta, abre e lê o documento, a olha intrigado:

— O que isso significa?

— Eu comprei o apartamento da Sheila e coloquei no nome de sua mãe.

— Eu não posso aceitar isso.- fala lhe devolvendo a pasta, mas ela não aceita.

— Eu fiz essa transação a algum tempo atrás, -  fecha os olhos como se tivesse sentindo dor, os abre e pisca para afastar as lágrimas.- eu ia te dar na hora certa, mas não vejo porque esperar mais. Por favor, não faça sua mãe pagar pelo meu erro. Vai tudo continuar do mesmo modo, seu emprego na escola, Cristine no apartamento. Eu que errei e tenho que pagar pelo meu erro.- fecha os olhos mais uma vez e os abre tentando se manter forte. Christian a encara por um momento, sabe que todo o amor que sentiram ainda estava lá, em algum lugar, mas percebe que ela está irredutível em sua decisão e se ele insistir, pode ser que acabem brigando e ele não quer isso, já está doloroso demais. Prefere se afastar e deixa-la pensar em tudo. — Volto para a Itália em alguns dias.-  diz tentando esconder o tremor em sua voz, ele a encara de novo, dessa vez mais magoado.- Vou te dar um tempo, preciso sair para resolver algumas coisas, fica a vontade para recolher suas coisas no meu quarto.- falando isso  sai rapidamente para a sala o deixando parado no meio da biblioteca, se sentindo um nada. Traído e desprezado, essa é a pior dor que já sentiu em sua vida. Senta na poltrona que ela estava, abaixa a cabeça e deixa as lágrimas rolarem. Sente que perdeu as suas forças quando ela lhe virou as costas.

Anastásia chega na sala, quase correndo e enxugando as lágrimas que não param de cair.

— Me leva daqui, Sheila, me leva para longe de tudo isso, por favor. -  fala já alcançando o elevador e Sheila corre atrás dela.

Depois de quase um mês comendo mal e não dormindo direito, Christian entrou na fase de aceitação. Percebeu que não podia se entregar a dor da falta que ela fazia.

Então começou a trabalhar duro na escola, e depois ficando até tarde no Orfanato todos os dias. Chegava a casa tarde da noite, só tomava banho e apagava devido ao cansaço.

Anastásia também havia se afastado da escola e ele estava auxiliando Thabata, ela havia dito que Anastásia estava viajando e isso só aumentava mais a sua dor,  nem vê-la na escola ele podia.

Mesmo sabendo que talvez ela estivesse na Itália, iria engolir o orgulho e a dor de ser traído e procura-la, já que a dor de sua perda era maior que o seu orgulho.

Começou a ligar para ela e ela não atendia Sheila também não atendia seus telefonemas Começou a ficar desesperado em pensar que ela o tinha esquecido realmente e voltado com aquele canalha. Isso esmagou seu coração até que ele tomou uma decisão. Já que ela não queria ser encontrada, ele não a procuraria mais. Se ela o tinha apagado de sua vida, ele a apagaria também. E tomou a decisão de se demitir da escola, procurar outro emprego, e assim que conseguisse, sairia do apartamento também. O alugaria ou venderia e iria morar em outro lugar.

— Vou apagar ela de vez da minha vida!- pensou ao se deitar. Olhando para o teto e vendo o sorriso dela, quase conseguindo sentir o perfume dela naquele quarto. Fecha os olhos e se deixa chorar, tomando a decisão mais dolorida de sua vida.

50 Tons- DominadaOnde histórias criam vida. Descubra agora