Capítulo 18

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A semana passou horrível e morosa, como Christian havia previsto. Therence pegando no pé dele por ter pedido um final de semana livre, o ameaçando e ele sem outra opção teve que aceitar e ficar a disposição dela todos os dias.

Anastásia também se arrastou na semana, a única alegria que tinha era de ir ao Orfanato ajudar as crianças, S.R. Wilson a tinha em alta, falava que além de linda e simpática, era muito inteligente. E as crianças a tinham adotado como Tia Ana e ela tinha gostado do apelido, coisa que nunca teve na vida. Ela se sentia feliz em ajudar aquelas crianças e sabia que devia isso a Christian, pensava nele e seu coração apertava, não o via tanto e quando o via era simplesmente frio com ela e ela com ele, isso estava lhe causando uma dor enorme.

Nunca havia se sentido assim, também nunca teve ninguém como ele, não tinha como ter referência.

Era sexta, Christian havia chegado de um dos programas, olhou no relógio, era meia noite, estava cansado, exausto e morrendo de saudades dela, seu coração estava doendo de tanta falta que sentia. Havia tomado à decisão que quando fizesse algum programa, não a procuraria, não achava justo com ela, mas  estava com tanta saudade  que resolveu deixar essa decisão de lado. Tomou um banho demorado, colocou uma roupa limpa e saiu para a casa dela.

O porteiro já o conhecia, e liberou o portão para ele. Estaciona o carro na vaga dela e digita o botão no elevador privativo e sobe para a cobertura. Entra e vê que está tudo quieto, com certeza todos dormem. Sobe para o quarto dela. Abre a porta devagar, as luzes estão apagadas, tira a roupa e fica só de boxers, caminha até a cama e vê que ela está dormindo profundo, se deita ao lado dela, a puxando para si e beijando seu rosto. Anastásia se aconchega nele e murmura algo, abre os olhos e sorri para ele, coloca a mão na boca dela para silencia-la e fala:

— Não fala nada, só me deixa te abraçar e dormir com você, é só isso que eu preciso, sua presença. - ela sorri afirmando com a cabeça e se aconchega mais nele, adormece e ele também.

De manhã, Anastásia acorda e procura por Christian, ele já havia saído, se joga de novo na cama pensando senão havia sonhado com ele, olha para o criado mudo, e vê um bilhete, pega o bilhete e lê:

"- Mia Bambina estava morrendo de saudades de você, não conseguiria ficar mais um dia sem te ver, por isso vim aqui à noite, tenho que resolver algumas coisas durante o dia, qualquer coisa te ligo ou venho aqui, beijos em sua boca linda e saiba que te gosto muito, mia bella."

Lê o bilhete mais algumas vezes como se quisesse gravar aquelas palavras. Deita-se de novo com o bilhete em suas mãos, pensando que o quemais temia está acontecendo, ele não está conseguindo conciliar o namoro deles com o seu trabalho.

Lembra-se de ter visto sofrimento nos olhos dele quando a abraçou, tem medo de não suportarem a pressão e se separarem, com certeza não quer isso. Sabe que vai sofrer muito se isso acontecer. Fica deitada mais um pouco, tentando ,em vão, dormir. Levanta-se e vai para o banho. Desce e Lauren está na sala.

— Você viu Christian, Lauren?

— Sim, ele saiu era umas nove horas, perguntei se ele iria tomar café, e ele recusou, você vai tomar café ou vai esperar o almoço.

— Mais tarde te peço algo.- se dirige para a biblioteca, pensando em corrigir provas e trabalhos do orfanato.

Sheila entra na biblioteca e vê Anastásia deitada em uma poltrona com um livro na mão dormindo. Aproxima-se da poltrona e se ajoelha, retirando o livro das mãos dela, ela acorda assustada.

— Sheila, que susto.

— Desculpa, Lauren me ligou, falou que você ficou o dia inteiro aqui dentro, não comeu. Fiquei preocupada e vim te ver.

— Que horas são?

— Sete da noite. Christian apareceu?-  pergunta já sabendo a resposta.

— Ele veio de madrugada.- solta um suspiro.- pediu para apenas dormir comigo, acordei de manhã  já tinha saído. Deixou-me um bilhete dizendo que ia resolver alguma coisa, se desse ele me ligava. E até agora nada.

— E você está chateada com isso?- balança a cabeça afirmando.- Você sabia que ia ser assim.

— Eu sei, Sheila, mas estava com esperanças das coisas tomarem um rumo diferente, ele conseguir pelo ao menos uma noite para a gente. Já não podemos nos falar na escola, temos que nos esconder, estou com tanta saudade dele.

— Você já pensou, como esse ramo é concorrido? De repente Therence está pegando no pé dele por causa do final de semana passado.- Anastásia dá um suspiro pensando que talvez Sheila tivesse razão.

— Eu sabia que iria ser assim, que eu não iria suportar isso.

— Termina tudo então, é só o começo, vai ser mais fácil.

Anastásia arregala os olhos como se Sheila tivesse dito uma blasfémia.

— Não quero isso, vamos dar um jeito, eu sei.

— Não diga depois que eu não te avisei. Vamos jantar na minha casa, pedimos uma pizza, falamos bobeira, vamos?- Anastásia fica meio reticente.- depois eu te trago aqui, leva o celular, de repente ele te liga.- Anastásia sabe que se ficar em casa, plantada ao lado do telefone, vai ser pior e então decide ir com Sheila.

Era domingo à tarde e Christian não havia dado noticia, Anastásia não sabia mais o que pensar, estava desanimada, já havia dormido chorando, não havia comido nada até àquela hora e estava com uma aparência horrível.

Estava em seu quarto com Juan no colo, sentada em uma poltrona perto da janela, quando Christian entra no quarto. Os olhos dele rapidamente a avaliam, vê que ela está com olheiras e pálida, se caminha até ela, se ajoelha e toma as mãos dela. Anastásia o olha como se o visse pela primeira vez, está tão feliz que ele está ali que deixa as lágrimas rolarem de seus olhos. Ele balança a cabeça entristecido.

— Me perdoa, Anastásia, não queria te fazer sofrer.

— Você está aqui!-  fala com a voz tremula. Christian balança a cabeça mais uma vez, com tristeza e fala:

— Não queria que fosse assim, queria te causar somente alegria, e não sofrimento e dor.-  dá um longo suspiro, soando como de resignação.- eu queria te dar mais, te dar todo o meu tempo, mas não posso e te ver sofrer por mim, desse jeito, me faz me sentir um canalha.

— Não se sinta assim, eu sei que seria assim.

— E mesmo sabendo, você fica nesse estado? Eu não te mereço, Anastásia, não mereço ninguém. Tenho que resolver minha vida primeiro, depois envolver outra vida na minha.- ela se assusta com essa frase.- estou saindo da sua vida, Anastásia. Vou te deixar livre, para viver sem pressão ou expectativas.

— Você não pode tomar a decisão sozinho.- Anastásia começa a tremer.- Vamos dar um jeito.

— Não, Anastásia, pra que ficar nos enganando? Não posso deixar de trabalhar em nenhum lugar agora, e deixar você nessa situação, me dói mais ainda. Sinto muito.-  lhe dá um beijo demorado na mão, acaricia a cabeça de Juan , se levanta e começa a sair do quarto. Ele se vira e olha para Anastásia mais uma vez, que está petrificada na poltrona,  fecha seus olhos para se conter.- Nunca vou me esquecer o que vivemos.- e de cabeça baixa, sai do quarto lutando com as lágrimas que teimam em cair de seus olhos.

Anastásia abraça mais ainda Juan e chora, nunca pensou sentir uma dor tão forte em toda sua vida, de repente até a dor da perda de sua mãe pareceu ser leve em vista daquilo que estava sentindo. Nunca se envolveu com ninguém, não sabia que perder uma pessoa doía tanto, saber que nunca mais teria seus beijos e seus abraços, nunca mais ouvi-lo a chamar com carinho, doeria tanto. Sentiu como se sua vida estivesse no fim e ela tinha que fazer alguma coisa para não deixar. E tomou a decisão que iria esquecê-lo e deixaria a Anastásia dominadora retornar.

— Pelo ao menos vou tentar.- ela fala alto em meio as lágrimas, mas seu coração também parece gritar, gritar que nunca irá se acostumar a viver sozinho de novo, que será pela metade, sem Christian.

50 Tons- DominadaOnde histórias criam vida. Descubra agora