Até que a morte nos separe

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Ao mesmo tempo em que Cosima sentia-se aliviada, também sentia um enorme pesar em seu coração, era um alivio para seu interior por fim poder falar tudo, inúmeras vezes enquanto estava enganando a aquela mulher havia ansiado por dizer a verdade, uma verdade que a libertaria, que pôr fim a permitiria que dormisse tranquila a noite e não perdesse horas de sono, rolando sobre o leito enquanto sua mente, moral e razão a puniam por mentir para uma pessoa que a única coisa que fazia era ama-la e nada mais , tal sentimento apenas aumentava a culpa, que iria crescendo e acentuando seus efeitos conforme tomava consciência e conhecimento dos planos que Delphine fazia para um futuro juntas , um futuro onde em cada palavra ela deixava claro que a única coisa que lhe daria era amor e felicidade , contudo as ilusões dela haviam sido destruídas , mudando os planos de ambas e para Cosima era temerário demais fitar aquela mulher e encontrar os olhos verdes que antes apenas possuíam ternura e amor, agora tomados pelo ódio, fúria, desprezo e tantos outros sentimentos que a faziam sentir uma culpa distinta da que havia sentido até aquela manhã . Porém aquela verdade havia trazido consigo um temor, pois mentiras tinhas consequências, consequências que seriam estabelecidas por sua esposa, que agora a desprezava, todavia estaria disposta a suportar todas as consequências, desde que não recaíssem sobre as pessoas que havia tentado proteger até aquele instante, ou seja sua família.

–Seu pai não sabe? – Indagou Delphine em um irônico e com a expressão de surpresa, afinal creia que todos os Niehaus haviam feito parte daquela mentira, em que ela havia sido a vítima.

–Não – murmurou Cosima, fazendo juntamente sinal negativo com a cabeça.

Uma ansiedade formava-se dentro dela, mas estava fazendo todo possível para conter suas lágrimas, que começavam a diminuir, sentia envergonha, culpa, temor, era um misto de sentimento que estavam se confundindo dentro de si, de uma maneira que estava se tornando difícil distinguir qual era o real sentimento ou emoção naquele momento.

–Não se preocupe, não irei contar ao Germano – assegurou, em um tom sério, onde a dor de seu interior pesava em cada silaba que seus lábios proferiam – Duvido que ele suportaria saber a filha traiçoeira, dissimulada, manipuladora e falsa que tem – afirmou, dando ênfase com ódio a cada adjetivo atribuído a sua esposa

A cada adjetivo que ouvia, os olhos de Cosima se colocavam a abaixar, fitando o chão, afinal sabia que aquela mulher tinha razão para proferir aquelas palavras, todavia não se fazia fácil ouvi-las, qualquer ser humano não suportaria ser ofendido daquela forma sem ao menos se defender, contudo, preferiu não o fazer, pois sua situação não era das melhores, tampouco possuía argumentos suficientes para se defender e mesmo que o fizesse sabia que aquela mulher não ouviria.

– O que você pretende fazer? – Indagou, levantando seu olhar até a mulher a sua frente, engolindo com dificuldade sua saliva, devido ao nó que se formava em seu interior, pois seu destino estava nas mãos de uma mulher que agora a odiava.

Delphine inspirou o ar profundamente, cerrando e abrindo suas pálpebras rapidamente, o ódio de seu interior ansiava por punir aquela mulher da maneira mais dura e sórdida que fosse capaz, desejava vê-la sofrer e completamente em suas mãos, onde ela se tornaria a peça de seu jogo, um jogo onde não mais ela seria a manipulada, mas sim ela.

–Não pretendo fazer nada – afirmou Delphine, virando-se de frente para ela , enquanto seus olhos a fitavam ironicamente e com ódio – Você escolheu seu destino, se casar comigo e criar toda essa mentira – recordou a ela, proferindo cada palavra com ironia e certo desprezo – Agora você vai viver essa mentira, nós duas vamos viver a farsa desse casamento , até que uma morra – proferiu as palavras cheias de ódio, em um tom pesado , enquanto seus olhos se faziam de um animal raivoso prestes a atacar .

Naquele instante Cosima não sabia o que sentir, pois como desejado as consequências estavam recaindo sobre ela, todavia não lhe agrada a ideia, devido ao fato de ter que passar o restante de sua vida ao lado de uma mulher que não amava e que agora a odiava, sabia que sua vida que já havia ruído, se tornaria um completo inferno, onde ela não ansiava viver os dias que a aguardavam.

–Contudo vai ter que viver sobre minhas regras – avisou, deixando certo divertimento e satisfação transparecer em suas palavras e face – A primeira é que dessa residência você não sai sozinha – afirmou, em um tom de ordem, gesticulando com as mãos.

–Mas...- tentou contestar Cosima, em vão, pois logo foi interrompida

–Quieta- ordenou em um tom firme – Você terá um motorista a sua disposição, mas só sai com a minha autorização, não pretendo correr o risco de você arrumar uma amante, sendo que ainda vou averiguar a veracidade da sua informação sobre a morte de seu grande amor – afirmou ironicamente.

Por mais que não quisesse se revoltar, estava se fazendo impossível, pois as regras que Delphine estava ditando eram equiparadas a de um presidio, onde ela teria que viver presa eternamente e ela seria seu carrasco, a punindo por suas mentiras; jamais havia imaginado que ela poderia ser tão cruel e sórdida

–Você é maluca – afirmou, com os lábios quase cerrados, devido a indignação que começava a sentir.

– E você traiçoeira – afirmou, ironicamente, tal qual seu sorriso

–Esse casamento será um inferno – afirmou indignada e um pouco desnorteada com tamanha sandice.

–Sim - afirmou tranquilamente – Um inferno que iremos compartilhar querida – proferiu ironicamente.

Nada Cosima respondeu, apenas indignada chacoalhou a cabeça, como se fizesse difícil acreditar naquelas palavras, sem mencionar que aquela era somente a primeira regra de muitas que certamente estavam por vir, meio desnorteada caminhou cautelosamente alguns passos para trás, logo dando as costas a sua mulher e percorrendo até o quarto, onde tão logo que adentrou cerrou a porta.

Suas costas pousaram sobre a madeira daquela porta, enquanto lágrimas involuntárias se puseram a escapar de seus olhos e molhar sua face, suas costas vagarosamente deslizaram, até que suas nádegas pousaram sobre o piso de madeira que revestia o quarto, suas emoções se faziam uma completa confusão , mesmo sabendo que havia iniciado aquela maldita realidade, que havia contado todas as mentiras que trouxeram aquele resultado , não sabia se conseguiria suportar viver aquele inferno constantemente, onde estaria completamente sozinha e desprotegida .

Lentamente dobrou suas pernas, as trazendo contra seu corpo e as envolvendo com seus braços, se pondo a chorar feito uma criança desprotegida, deixando todos os sentimentos de seu interior se libertarem, sentimentos que traziam a culpa, temor, raiva, rancor, magoa, entre outros, todos não eram sentimentos por Delphine, mas sim pela vida que havia a levado por aquele caminho.

Perdida em seus sentimentos permaneceu naquela posição e confusão emocional que a consumia, não sentia vontade de nada, apenas de permanecer ali ansiando para que tudo fosse um pesadelo, que logo acordaria e encontraria Shay ao seu lado para protege-la e salvar daquela odiosa realidade.

Após longo tempo, sem saber se foram longos minutos ou horas, se obrigou a reunir todas suas forças para levantar-se daquele chão em que se encontrava, lentamente apoiou sua mão sobre o piso, levantando lentamente, meio inerte e em estado letárgico caminhou até o banheiro, se despindo sem vontade alguma , mas na esperança que um banho acalentasse seus sentimentos e diminuísse sua confusão , tão logo adentrou o box ligou o chuveiro, deixando a agua quente cair sobre seu corpo, trazendo consigo um enorme relaxamento, não ousou demorar naquele lugar, pois temia perder o controle de suas emoções novamente ; apenas conseguiu trajar sua camisola e logo pousar sobre o leito, pousando consigo sua culpa, raiva , ódio , indignação e magoa.

Lágrimas voltaram a escapar de seus olhos, sem mencionar sua mente que ainda era invadida pelas imagens daquele dia, entre outras, como se um filme passasse por sua mente, destacando os momentos mais marcantes daqueles acontecimentos, perdida naqueles sentimentos e emoções, após um longo tempo, por fim pegou no sono, um sono de exaustão.

Hidden TruthsWhere stories live. Discover now