O orfanato

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Aquela intimidade entre Delphine e aquela mulher não agradou em nada Cosima, sem entender o porquê , em seu interior um enorme desagrado se formou juntamente com uma súbita necessidade de pedir explicações a sua esposa, aquela cena estava fazendo o sangue que percorria suas veias, ferver, chegando ao seu coração que palpitava de maneira descompassada , encontrava-se indignada com tamanha petulância da jovem mulher e a liberdade que sua esposa a dava , uma confiança que jamais havia dado a ela, ela que era sua esposa.

Aos olhos de Cosima aquela situação pareceu um tanto quanto hipócrita, afinal ao que parecia ela não era a única a esconder um antigo amor, pois tamanha intimidade entre aqueles dois seres, aos olhos de quem via, dava indícios de haver algo a mais do que uma pura amizade.

Os olhos de Cosima não foram capazes de não prestar atenção na mão de Delphine, que pousava na cintura daquela mulher, quase próximo ao início de suas nádegas, enquanto o nariz dela dava a impressão que inalava o aroma que aquela pele exalava, mas a mulher não ficava atrás, pois despejava inúmeros beijos no pescoço dela, de maneira atrevida.

Como aquela cena perturbou a senhora Cormier, se não estivessem em um lugar público, certamente arrastaria sua esposa até um canto isolado e pediria explicações de imediato, não o faria por ciúmes, afinal ciúmes algum sentia por aquela mulher, mas o faria porque ela estava sendo hipócrita, afinal a estava punindo por suas mentiras e omissões, enquanto ela também possuía as suas.

Perdida em seus pensamentos e aquelas estranhas sensações que invadiam seu corpo, sem mencionar raiva, ira, fúria e antipatia que estava sentindo por sua esposa naquele momento, pelo o quão hipócrita ela estava sendo alimentando aquela situação, uma situação que ela podia e ela era condenada mordazmente; seus sentimentos eram tamanho reboliço que apenas foram afastados ao ouvirem a voz de Delphine.

–Sarah – por fim proferiu ela, revelando o nome da mulher atrevida – Quero te apresentar alguém – anunciou, agarrando a mão de Sarah e a puxando em direção a Cosima.

Cosima apenas estampou um olhar de curiosidade em seus olhos, afinal a parte sádica de seu anterior ansiava por ver a reação daquela mulher, que parecia beijar o chão por onde sua esposa passava, como uma mulher atroz, necessitava ver a reação da possível em relação de Delphine ou, quem sabe uma possível amante daquela mulher hipócrita, uma mulher que a fitava com um enorme desdém e desprezo.

–Essa é Cosima – murmurou Delphine em um tom cauteloso – Minha esposa – anunciou por fim

Aquele anuncio, pela primeira vez, alimentou de uma maneira atroz o ego de Cosima, que apenas sentiu-se mais perversa e satisfeita quando observou as palavras de Sarah se consumirem, como se houvesse levado um susto, onde alguém havia enfiado uma espada em seu peito, enquanto fitava Cosima com desprezo e agora ódio.

–Você se casou? – Indagou com as palavras entrecortadas, voltando sua mirada para Delphine, onde seus olhos encontravam-se extremamente vermelhos, demonstrando que lágrimas ameaçavam escapar –Não, você não podia ter feito isso - murmurou, deixando uma lágrima escapar, enquanto movimentava sua cabeça negativamente, se pondo a correr.

–Sarah – chamou Delphine em um tom alto, tentando detê-la.

Sagazmente Cosima aproximou-se um passo de Delphine, com um sorriso cruel nos lábios, como se aquela situação a divertisse, inclinou sua cabeça próxima a orelha dela.

–Acho que você esqueceu de convidar sua amante – murmurou cruelmente, em um tom baixo. Inspirando profundamente o ar, Delphine apenas se fez capaz de lançar um olhar de completo desgosto sobre Cosima, como se aquela afirmação a desagradasse a ponto de fazê-la ter vontade de esgana-la, por proferir tamanha atrocidade.

Hidden TruthsWhere stories live. Discover now