A súplica

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Mais de um mês atrás ...

Buenos Aires, ARGENTINA

Mansão Niehaus

O olhar de Cosima estava fixo no jardim que era visível através de sua janela, com o corpo repousado sobre o sofá que ficava em frente a aquela abertura, enquanto ouvia seu amigo falar, mas ele proferia palavras que os ouvidos de Cosima não se faziam capazes de captar ou não queriam, pois, seus pensamentos eram mais enfáticos e poderosos que qualquer outra coisa.

Naquele dia Delphine havia ousado a pedir em casamento, um pedido que amargamente ela rejeitou, aceitando apenas um pedido daquela mulher, que ela pensasse calmamente, parte de si sabia que aquele casamento seria a salvação de sua família, mas a sua ruina, pois não a amava, mesmo levando aquelas semanas a conhecendo, semanas que Shay não fazia mais parte de sua vida.

Era um suplício viver sem a mulher com quem esperava passar o resto de sua vida, mas tudo se tornava mais amargo com a insistência de uma nova mulher que persistentemente a corteja carinhosamente.

Contudo não podia negar que a presença dela havia tornado a dor mais amena, uma dor que esquecia nas horas que passava ouvindo aquela mulher falar ou lhe cortejar com palavras agradáveis, era inegável que em certos momentos lhe agradava tamanha atenção.

– Cosima – proferiu uma voz masculina, em um tom autoritário a trazendo de volta.

– O que? – Indagou quase que automaticamente, podendo sentir certo susto invadir seu interior.

– Você não está prestando atenção em mim – reclamou Felix, em um tom de chateação – Qual o problema? – Indagou buscando desvendar a origem de tamanha falta de atenção para consigo.

Inspirando profundamente o ar, abaixando seu olhar, em busca das palavras corretas que acalentassem as dúvidas de seu coração, mas era uma tarefa árdua, quase impossível expressar em palavras.

– A Delphine me pediu em casamento - afirmou, levantando seu olhar até seu amigo, encontrando uma expressão de espanto.

– O que? – Indagou prontamente, remexendo seu corpo que repousava sobre aquele pequeno sofá – Como não me contou? – Indagou indignado – O que você respondeu? - Prosseguiu com seu questionamento.

– Que não – afirmou, tragando com dificuldade a saliva, como se aquela resposta fosse demasiadamente amarga até para si – Mas ela me pediu que pensasse – contou o fitando, com um olhar onde suplicava por um conselho que a guiasse pelo melhor caminho.

O silencio se fez presente no ambiente, um silencio onde ambos apenas se fitavam sem proferir qualquer murmúrio, como se buscassem as palavras corretas a serem ditas ou a indagação mais objetiva a ser feita.

– Por que? – Indagou Felix, buscando se aprofundar naquela questão que atormentava sua amiga.

– Por que não o amo – respondeu prontamente Cosima – E se o fizesse seria pelo dinheiro – confirmou, com um olhar amargurado.

– Cosima – proferiu em um tom tranquilo, buscando as palavras corretas – Você tem que seguir em frente – afirmou, em um conselho – Você acredita que um dia pode chegar a se apaixonar pela Delphine? – Indagou, tentando encontrar a resposta para o que realmente afligia sua amiga.

Cosima se pôs a fita-lo, inspirando profundamente o ar, com uma mirada como se estivesse indagando seu interior a verdadeira resposta para aquela pergunta, um questionamento que jamais havia feito a si mesma.

– A Delphine é boa – murmurou, trazendo os atributos que atraiam nela – Honrada, protetora, carinhosa e atenciosa – enumerou com um olhar cheio de ilusão e admiração, como se em cada palavra recordasse de um momento que a fizesse notar tal atributo – Não seria impossível me apaixonar por ela – constatou, quase que espantada com sua resposta.

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