Aquele silencio e falta de movimento no pátio do orfanato causou certa estranheza em Cosima, afinal esperava que o lugar estivesse repleto de pessoas se divertindo, mas para sua surpresa não era o que seus olhos viam, lhe causando um enorme espanto e confusão.
– A festa é na praça da igreja Nossa Senhora de Guadalupe, a uma quadra de distância daqui – revelou, a fitando com um olhar tranquilo e uma expressão divertida pela estranheza daquela mulher
– Como o Leekie não gosta que os menores participem, a igreja sede o espaço para que assim as crianças possam permanecer no orfanato e seguindo suas rotinas – esclareceu, com um suave sorriso nos lábios – Contudo pensei que seria de seu agrado visitar o orfanato antes de irmos para a festa – comentou, demonstrando um gesto de atenção para com sua esposa.
Aquela atenção surpreendeu Cosima, que não sabia o que esboçar, tão pouco proferir, seria lógico agradecer, mas não sabia se um obrigado seria o agradecimento mais adequado para com aquela atenção, optando desta forma pelo sonoro silencio, apenas fitando aquela figura relaxada, de uma mulher que a confundia com seus atos e com aquela mirada terna que gerava certo incomodo em seu interior, uma maldita mirada que somente aquela mulher se fazia capaz de lhe lançar.
– Vamos? – Indagou aquela voz feminina em um tom suave, mas rouco, quebrando o silencio.
– Sim – respondeu prontamente, em um tom análogo a quem houvesse levado um susto ou no caso dela saído de um breve transe.
Niehaus não era habituada a gentilezas, por tal motivo assim que observou a mão de Delphine alcançar a porta dela, prontamente fez o mesmo, descendo e ajeitando seu vestido amarrotado devido ao fato de estar sentada, enquanto caminhava com o olhar baixo até o lado oposto do automóvel.
Seus olhos logo alcançaram a figura de Delphine, a fitando com uma expressão serena com a qual não estava acostumada, mas estava se tornando parte dela naquele dia, as vezes uma súbita vontade de golpear aquele mulher surgia, sim era algo irracional, mas a confusão que ela a fazia sentir, era mais irracional que sua insana vontade, algo que se atribuía ao anseio de ordenar que sua esposa parasse de ser tão inconstante, contudo preferiu manter aquele desejo apenas em seu interior e pensamentos.
Lentamente ela a acompanhou até o grande portão de ferro que cercava o local, logo encontrando a figura franzina de um homem que havia as recebido na vez anterior.
– Ira – chamou Delphine roubando a atenção do homem, que prontamente se pôs a caminhar em direção ao portão.
– Olá Delphine – saudou em um tom alto, enquanto caminhava apressadamente.
– Não foi a festa? – Indagou Cormier, enquanto o homem destrancava o portão e dava passagem para os visitantes.
– Alguém tinha que ficar de olho nas crianças – comentou com um sorriso nos lábios, cerrando novamente a entrada – Eles estão no pátio de trás – anunciou.
– Obrigado – agradeceu Delphine
Prontamente ela fitou Cosima, a ordenando com o olhar para que a seguisse, por mais que quisesse agarrar aquela pequena mão da mulher ao seu lado para que melhor a guiasse, preferiu não fazer, pois um contato naquele momento tornaria a situação rara, pois jamais haviam praticado tais gestos de companheirismo; preferindo assim demonstrar com o olhar algo que seu corpo ansiava por fazer.
Em passos nem tão ligeiros, nem lentos adentraram a construção principal, caminhando por um enorme corredor que dava vista a uma porta aberta de onde reverberavam vários gritos de crianças.
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Hidden Truths
RomanceMentiras são ocultações da verdade, alguns podem considerar como uma verdade distorcida, ou algo oposto da verdade, todavia as mentiras machucam, ferem, doem e algumas vezes matam. O ser humano está condicionado durante a sua vida a contar uma ment...