A decisão

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Aquelas singelas palavras, porque afinal palavras são apenas isso, palavras, uma junção de letras que busca expressar o que a pessoa que as pronuncia sente em seu interior, uma vez que o interior de algumas pessoas são impossíveis de se ver pela janela da alma, que são os olhos ; contudo Delphine havia visto pelos olhos de sua esposa coisas que a faziam ansiar ter permanecido na ignorância , uma ignorância que talvez houvesse sido mais saudável se tivesse tomado conta sua desde que houvera se casado com ela , pois certamente seria mais feliz crendo em um amor ignorante, que permanecesse obscuro ou na ingenuidade, porque a verdade doía e o pior era ser sincera consigo mesma a ponto de enxergar o quanto havia tido culpa naquelas verdades ou mentiras que já se confundiam.

Delphine sabia que estava se perdendo em seu ódio e em uma sede de vingança que mais ficava em seu interior e palavras, do que em seus atos, porque no fundo sua vingança necessitava ser substituída pela falta de sentimento, pela falta de sentimento de sua esposa por si, contudo depois daquelas palavras de ódio dela havia se tornado confuso seu interior, uma confusão onde a culpa se misturava com seu ódio, iniciando uma batalha onde infelizmente não havia vencedora.

Infelizmente em muitas das acusações dela havia fundamento, uma veracidade que nem ela própria seria capaz de contestar ou a forçar acreditar no oposto, pois conhecia sua esposa e uma coisa que achava admirável nela era sua personalidade, uma personalidade forte que a encantava.

Mas ainda não mudava o fato que ela era culpada pelo ódio dela, se tornava curiosa como os papeis haviam se invertido, como agora era ela quem necessitava do perdão dela e não o contrário, pois aquela situação a fazia sentir-se impotente, como se aquela mulher fosse escapar entre seus dedos de uma maneira que nem arrasta-la para cama mudaria, apenas acentuaria o ódio dela, um ódio que havia nascido por culpa dela, por agir analogamente como uma estúpida.

Todavia a confusão apenas aumentava, pois, a culpa se misturava com o ódio, um sentimento que crescia por ela não ama-la, pelas mentiras que a haviam cegado, a fazendo temer e cometer novamente o mesmo erro e impotência que a tornava insana a ponto de sentir ganas de acorrenta-la em casa até que a amasse, até que começasse a sentir amor por ela, por não ver outra saída.

Como estava se tornando insuportável para Delphine estar em sua vida, a estava desequilibrando e desestabilizando a tornando uma mulher insensível, sórdida e cruel, tal qual aquela mulher havia a acusado.

– Delphine – chamou uma voz masculina em um tom sério

Aquele chamado de seu nome desobscureceu sua visão, o fazendo abrir e fechar suas pálpebras repetidas vezes, se dando conta que seu campo de visão estava voltado para um papel, melhor para um projeto que estava aberto sobre uma pequena mesa de madeira, com alguns objetos prendendo suas pontas, devido ao forte vento que acometia aquele andar da construção.

Meio confusa levantou sua cabeça, se dando conta que realmente estava em uma construção, em um de seus últimos andares, uma construção que ainda estava apenas no tijolo, onde o barulho do maquinário tomava conta do ambiente laboral, andava tão distraída e com os pensamentos tão dispersos aqueles dias que aquela não era a primeira vez que se pegava perdida em seus pensamentos, pensamentos que estavam consumindo sua sanidade, sono, atenção e vontade de trabalhar.

Por fim se fez capaz de encontrar a figura de Collin a fitando, com uma expressão de preocupação e chateação, certamente ele estava falando algo importante e novamente Delphine havia ignorado cada uma de suas palavras.

– Desculpa – desculpou-se Delphine, retomando sua postura, mas mantendo uma expressão de desanimo que vinha mantendo a alguns dias – O que você disse? - Indagou, disposta a prestar atenção.

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