O sol resolveu não aparecer na manhã seguinte. E Kim DaeYeon agradeceu. Depois de uma noite mal dormida por causa da fome, o que ela menos queria era que a luz e o calor do sol brilhasse sobre ela.
Quando levantou-se, sentiu uma leve tontura e se apoiou no criado mudo. Teve que respirar fundo antes de seguir até a cozinha.
Com a geladeira já aberta ela pegou o que havia sobrado do ensopado de antes, aquele seria seu café da manhã. Despejou o conteúdo do pote na pequena panela, e vendo que a quantidade daria apenas para ela, suspirou, teria que fazer algo para o pai e o irmão, e depois disso, a casa estaria a sua espera. Limpar todos os cantos dos dois andares era certamente um pesadelo.
Quando a comida esquentou, a garota comeu da panela mesmo, estava precisando demais daquilo para se preocupar em colocar em um prato. Sentada no chão, em frente à pequena e baixa mesa de madeira, sua mente vagou por entre a longa estrada de areia, pelo caminho até o aro que dizia "Volte Logo". Uma vez que ela passasse por ele, não tinha certeza se iria voltar. A vida lá fora parecia ser muito melhor.
A manhã havia passado rápido, tanto o café quanto o almoço haviam sido feitos com capricho, era uma tentativa de que o pai diminuísse seu tempo de castigo, mas conhecendo o homem, aquilo era uma tentativa desde já fracassada.
- Dae... - ouviu a voz de Doyoung a chamar, ela levantou os olhos do chão onde passava pano e os deixou cair sobre o irmão. - Eu sei que você me acha uma pessoa horrível, mas, acredite, eu não sou - ele sorriu fraco. A irmã arqueou as sobrancelhas tentando entender que assunto era aquele.
Ela esperou que ele continuasse sua fala, mas ele não o fez - e então? - perguntou - se não for falar mais nada, me deixe continuar a limpeza.
- Não, eu vou, eu vou - se apressou a dizer, abaixando-se para ficar na altura em que a outra estava. Colocou suas mãos em cima das da irmã para que ela não continuasse com o trabalho - o que eu quero dizer é que eu ia levar comida para você ontem a noite - ele passou a sussurrar - eu juro que ia, mas você conhece nosso velho. Ele me proibiu, ficou de olho em mim o tempo inteiro até que eu dormi, só depois disso ele foi.
DaeYeon não sabia como reagir àquilo, como poderia ter certeza de que o que o irmão dizia era realmente verdade? Gostaria de acreditar nele sem pensar duas vezes, mas como poderia? Ele nunca tinha dado motivos para ela, nunca tinha dado confiança.
- Não sei como responder a isso - admitiu - mas se o que diz é verdade, então eu agradeço - sorriu verdadeiramente para o irmão, seu coração e todo seu corpo, cada célula sua queriam acreditar que o que ele dizia era real. - E peço para que não se preocupe mais com esse episódio, ele já passou.
- Eu quero me redimir - Doyoung disse convicto - eu vou ajudar você a limpar a casa hoje. Você pode ir cuidar das roupas, eu termino de passar o pano para você - ofereceu.
- Está me oferecendo ajuda? - ela riu - você nunca fez isso antes, o que está acontecendo?
- Por favor, não faça piadas - ele resmungou, pegando o pano das mãos dela - tem todo o andar de cima ainda, né? - ele suspirou quando viu a irmã confirmar - droga...
DaeYeon riu feliz, aquilo havia aquecido seu peito de uma forma inexplicável. Era surreal que o irmão tivesse a ajudando. Ela sorriu indo juntar as roupas sujas que precisaria lavar e então seguiu para o tanque.
A água estava gelada, e a jovem apreciou aquilo. O sol demorou para aparecer naquela manhã, mas assim que se fez presente transformou tudo em um calor quase insuportável.
Lavou bem as peças. O trabalho fica melhor quando estamos felizes, e era exatamente assim que ela estava, além de refrescada por causa da água.
Torceu bem as roupas para tirar o excesso de água e as colocou em uma grande bacia, que carregou com certa dificuldade até a parte de trás dos jardins, onde estavam os varais. Estendia uma camiseta do irmão quando escutou o grito de MinYoung chamando seu nome.Dae olhou confusa ao redor, o que a amiga estaria fazendo ali?
- Eu vim porque você não apareceu por lá - ela respondeu como se tivesse lido a mente da que vivia ali. MinYoung parecia aliviada por ter encontrado a amiga - você parece bem - passou os olhos de cima a baixo, analisando o estado da mais nova.
- Eu estou bem - sorriu assegurando a garota e admirando sua preocupação - você não deveria estar trabalhando?
- Vou fazer hora extra para compensar as horas aqui - explicou abanando a mão para demonstrar que aquilo não era importante e muito menos o foco do assunto que ela queria tratar. - Eu e Hye estávamos preocupadas, você sabe... - ela sussurrou a última parte, se aproximou mais da amiga e apontou discretamente para a casa.
- Ele apenas gritou - DaeYeon suspirou, voltando a sua tarefa - e me proibiu de sair por três dias, pegou leve dessa vez.
- Leve - riu incrédula enquanto repetia a palavra. - Ele não deveria nem pegar, mesmo sendo seu pai. - resmungou irritada. Yang MinYoung simplesmente não conseguia entender como a amiga podia aceitar calada o que o pai fazia com ela. Todos consideravam MinYoung doida, é claro que sua opinião não valia muito naquele momento, mas ainda assim achava o ápice da loucura o que a amiga mais nova passava. Para Yang aquilo era um absurdo, um abuso e tanto!
- Não vamos entrar nesse assunto de novo, okay? - Kim falou carregando na voz um ar pesado. - Eu estou bem e estou viva, é o que importa não é? - passou para a próxima roupa.
- Até quando? - a mais velha deixou escapar - certo, certo eu vou te contar uma coisa porque você está merecendo, mas por favor não espalhe - mudou de assunto, logo assumindo um tom mais animado. Dae parou de estender as roupas para olhar num misto de curiosidade e ansiedade para a amiga.
- o que aconteceu? - perguntou.
- É sobre quem eu gosto.
- Você vai me contar quem é?
- Vou.
Se fez alguns segundos de silêncio.
- E então?
- É seu irmão!
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Olá xuxus! Espero que estejam gostando <3 no próximo capítulo finalmente o @ vai aparecer KKK! Beijinhos e desculpem qualquer erro szsz
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A Dustland Fairytale | Jung Jaehyun (NCT)
Fanfiction1961. Em uma pequena província onde nada parece mudar, uma jovem garota sente que pela primeira vez, após a morte da mãe, seu coração está mudando. Em meio aos maus tratos do pai, e muitas vezes à indiferença do irmão, ela finalmente encontra um por...