Três semanas. Haviam se passado três semanas desde que Dae encontrara o garoto na lanchonete. Ela tentava não pensar muito nele, na verdade mal lembrava de seus traços, mas vez ou outra se pegava lembrando do sorriso dele e do cabelo com muito gel.
Nada fora do comum havia acontecido, ela continuava tendo que fazer as mesmas coisas embora tenha ido menos vezes para o centro da cidade. Isso não tinha relação com o pai ou o irmão, mas sim aos estudos. Ela decidira dar grande atenção para eles, principalmente aos livros de língua estrangeira.
MinHye vez ou outra ia na casa dela para a ajudar, a garota tinha muita facilidade com o inglês e o japonês. E aquela era uma das tardes em que a menina ia visitá-la.
Passavam das três horas quando ela chegou, dois pesados livros nos braços.
- Senhor Kim - fez uma reverência em respeito a ele - como está?
- Muito bem, obrigado - sorriu simpático - DaeYeon está na cozinha.
MinHye se curvou mais uma vez e foi até a cozinha encontrando a melhor amiga sentada em frente a mesa, os livros espalhados em uma completa bagunça.
- Em primeiro lugar você deve manter as coisas organizadas - Hye disse se abaixando e começando a arrumar os livros - ninguém consegue fazer nada em um lugar bagunçado como esse.
- Aish... - resmungou deixando a amiga arrumar as coisas - eu consigo okay?
- Você fala isso porque nunca estudou com as coisas organizadas, depois de hoje vai é me agradecer eternamente por isso.
A tarde foi passando de modo agradável, MinHye dava risada com os erros que a melhor amiga cometia quando tentava falar em uma das outras duas línguas. Eram quatro e meia quando elas fizeram uma pausa, guardando os livros na estante do quarto.
- Eu preciso te contar uma coisa - DaeYeon informou enquanto cruzava os dedos de forma nervosa. A mais velha olhou curiosa para ela. - Eu estava na lanchonete há algumas semanas atrás... - começou a contar com o tom de voz baixo, caminhando até a porta para a fechar.
- Bom, isso não é nenhuma novidade - a outra sorriu.
- É, não é - riu - mas deixa eu terminar. - olhou com impaciência para Hye, esperando que a outra não a interrompesse novamente - Voltando... Eu estava na lanchonete alguns dias atrás, conversando com a MinYoung, até que ela precisou atender um grupo de clientes e eu fiquei sozinha observando o lugar - sentou na cama de frente pra melhor amiga - então um garoto apareceu. Isso não é tão importante assim, quer dizer, é só um garoto, mas eu precisava contar para alguém porque durante essas semanas inteiras eu fiquei pensando nisso.
- Oh meu Deus, você está apaixonada! - a outra exclamou, levando as mãos até a boca, surpresa.
- Quê? Claro que não! - DaeYeon revirou os olhos jogando um travesseiro no rosto de MinHye - eu não estou apaixonada por um garoto que vi apenas uma vez, eu sequer lembro do rosto dele. Só contei porque bom... Não sei porque contei - deu de ombros - mas ninguém tinha falado comigo antes, e ele parecia ser legal, será que vou o encontrar de novo? Nunca mais o vi por lá.
- Você quer encontrar ele de novo? - arqueou as sobrancelhas, olhando com interesse pra mais nova.
- Ah, eu não sei. Acho que não - suspirou fazendo um biquinho.
- Pois eu acho que você quer - abriu um sorrisinho malicioso, fazendo com que a melhor amiga jogasse um segundo travesseiro em seu rosto.
- Eu não quero! - exclamou brava, a verdade é que lá no fundo, ela queria sim.
- Veremos então... Sua reação quando o encontrar de novo, caso isso aconteça, irá te entregar. - MinHye disse com paciência.
A casa estava em silêncio, o ar da noite estava frio e entrava pela fresta aberta da janela do quarto. Kim DaeYeon estava deitada, em suas mãos estava um livro que ela lia com bastante atenção. Já faziam algumas horas desde que a outra tinha ido embora.
- DaeYeon! - ouviu o pai gritar da sala, ele parecia bravo, o que fez a garota franzir o cenho. Foram apenas segundos para que o pai entrasse no quarto, completamente irritado. Ele puxou o livro das mãos da filha e o jogou no chão.
- O que está fazendo? - a garota levantou-se imediatamente, olhando assustada para o homem.
- Eu que lhe faço essa pergunta - rangeu os dentes.
- Como assim? - sua expressão deixava clara a confusão que sentia naquele momento.
- Primeiro você me desobedece, depois mancha duas roupas minhas. Em terceiro lugar queima meu jantar - ele foi listando as coisas enquanto erguia os dedos correspondendo às coisas que DaeYeon fizera - você anda longe? O que se passa nessa sua cabeça oca?
- Eu não sei do que você está falando, appa - a filha disse com a voz baixa. - Quando eu desobedeci ao senhor?
- Não se faça de sonsa! - disse com nojo - são os estudos? As novas línguas que você quer tanto aprender? É isso que anda ocupando sua cabeça? Ou então é o tal garoto da lanchonete?
DaeYeon arregalou os olhos.
- Que garoto? Como você... - o pai a interrompeu antes que ela terminasse sua sentença.
- Você é a garota mais burra que eu já vi na vida - ele disse com desdém - achou mesmo que poderia fugir no seu último dia de castigo e ficar por isso mesmo? Achou mesmo que ninguém iria ver você? - riu - garota burra! - gritou - você pode queimar todos esses livros sobre língua estrangeira e qualquer outro que você andou pegando - ordenou - o que você deveria saber já foi lhe ensinado quando pequena.
- Appa, não faça isso - pediu com a voz arrastada, sua garganta estava fechada em um nó - me perdoe.
- Perdão? Você não merece meu perdão, você não merece nada. Está aqui para servir à mim e ao seu irmão, você acha mesmo que irá conseguir aprender alguma coisa para sair dessa cidade e viajar ao redor do mundo? Você não é capaz disso, e nunca será! Seu futuro é nessa casa. Mulher não foi feita para conseguir mais do que limpar e obedecer aos homens. Essa é a ordem natural das coisas, o universo estabeleceu essas regras, sua mãe era louca. E você está indo pelo mesmo caminho que ela, mas você não vai chegar lá. No máximo, morrerá com a doença que ela teve...
- Cala a boca! - DaeYeon gritou, em um impulso indo até o pai e o empurrando com força - não abra a boca para falar da minha mãe desse jeito! Ela era uma mulher nobre, honesta, e todos a adoravam. Não sei como alguém tão bom pode casar-se com um homem como você. Você é podre - ela não raciocinava direito tamanha a raiva que sentia, sua visão estava escura, e ela cuspia as palavras - eu não nasci para trabalhar para você, e eu não vou!
Quando terminou de despejar as palavras, deu um passo para trás. Podendo agora observar o pai ainda encostado na parede onde havia batido quando a filha o empurrou. Sua expressão era assustadora, ele parecia insano naquele momento. Poderia arriscar dizer que aquele homem, naquele exato momento não era seu pai, mas na dolorosa verdade, sim, aquele era exatamente o homem a quem ela chamava de pai.
Ela voltou a si.
- Appa, me desculpe - disse em um sussurro, seu coração batendo mais rápido do que nunca.
Nada adiantou, nenhum pedido de desculpas, nenhuma lágrima, nada. Ela sentiu apenas dor, a dor que vinha de dentro, do emocional, e a dor física. Seu pai a havia jogando com força no chão, ela caíra por cima do braço. Esse em seguida foi usado para sua própria defesa quando com o primeiro objeto que achou, o homem começou a bater nela.
Sim, seu pai, seu próprio pai, a quem ela deveria chamar de herói, para quem ela deveria correr quando algum monstro aparecesse estava a agredindo. E aquilo doía mais do que qualquer coisa.
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Olá xuxus! Primeiro quero agradecer pelas 100 visualizações! Isso me deixou muito feliz ^^.
Em segundo: eu odeio o pai da DaeYeon!!! Capítulo triste, coitada da fada :(. Mas agora ela está livre disso finalmente.No próximo capítulo Jaezinho aparece de novo rs. Por favor se gostaram adicionem na biblioteca para ficarem sabendo das atualizações e deixem o favezinho para que eu saiba. É isso aí, beijinhos e até a próxima atualização.
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A Dustland Fairytale | Jung Jaehyun (NCT)
Fanfiction1961. Em uma pequena província onde nada parece mudar, uma jovem garota sente que pela primeira vez, após a morte da mãe, seu coração está mudando. Em meio aos maus tratos do pai, e muitas vezes à indiferença do irmão, ela finalmente encontra um por...