EPILOGUE

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Maio de 1969

"Senhor Jung JaeHyun, você foi inocentado das acusações de homicídio."

A água gelada escorria levando junto a espuma do shampoo. Mesmo depois de todos aqueles anos, seu corpo ainda permanecia tenso pela temperatura baixa.

"O senhor Nakamoto Yuta, que até agora pensávamos estar morto e enterrado em seu país materno, entrou em contato conosco e confessou ter armado contra o senhor."

O homem socou a parede. Durante toda a semana que se sucedeu a briga, Jung rezava baixinho para que Yuta sobrevivesse. Não por não querer ser um assassino ou preso por homicídio, mas sim porque apesar de tudo não desejava a morte dele. Não desejava que a vida de ambos acabasse daquela forma.

Sabia que Yuta ainda estava vivo quando foi deportado para o Japão, para que os hospitais de lá cuidassem dele. Os policiais faziam questão de mantê-lo informado, principalmente quando o mesmo foi declarado morto dias depois.

A partir daí os demônios de JaeHyun passaram a ter a cara de Yuta. Durante oito longos anos, sempre que colocava a cabeça no travesseiro desconfortável da cela em que estava, a cena da briga voltava a sua cabeça.

Ele se arrependia profundamente de tudo aquilo. Perdera anos de sua juventude, perdera anos ao lado da única garota que já tinha amado...

"Você já cumpriu seus 2 anos por rixa e 5 por lesão corporal, portanto no amanhecer do próximo dia, você terá sua liberdade decretada".

Com o banho já finalizado, JaeHyun vestiu as roupas novas que seus pais tinham levado para ele. Os dois esperavam do lado de fora da prisão, ansiosos para verem novamente o filho.

Jung se curvou em agradecimento quando o guarda abriu a porta para que ele passasse, indo de encontro a sua liberdade. Suas mãos tremiam intensamente, a ponto de formigarem, e seu coração batia tão rápido que poderia lhe rasgar o peito. Era a primeira vez, depois de anos, que respirava livremente o ar puro.

Tentando acostumar seus olhos a claridade, procurou pelos progenitores e assim que os encontrou suas pernas o guiaram até eles em uma corrida. Antes mesmo de se jogar nos braços da mãe, seu corpo caiu de joelhos na frente dos dois.

Não sentia nenhuma humilhação em pedir perdão a eles daquela forma, era o mínimo que podia fazer depois do desgosto que dera ao nome da família. Era o mínimo já que os dois estavam ali, esperando por ele com todo o amor que os pais podem ter pelo filho.

- JaeHyun! - a mulher exclamou surpresa, tentando fazer o mais novo parar. - Nós te perdoamos, agora levante, por favor... - empurrou o marido pelo ombro, para que o mesmo fizesse algo.

- Escute sua mãe, garoto - limpou a garganta. - E nos dê um abraço.

Aquele pedido bastou para que JaeHyun levantasse e envolvesse ambos os corpos em um abraço apertado. Finalmente ele estava se sentindo amado, confortável, com a sensação de segurança e de estar em casa.

- Temos que ir. Seus amigos estão te esperando para o almoço. - O Jung mais velho avisou enquanto fungava e tentava disfarçar a emoção.

O mais novo paralisou. Seus amigos... Então eles ainda moravam ali? Ainda esperavam e lembravam dele? JaeHyun se sentiu nervoso imaginando como estariam, se Doyoung e MinYoung continuavam juntos ou já haviam partido para outra. Se perguntou se ela estaria lá. Se ela teria esperado todos esses anos por ele... No fundo do seu coração, mesmo sabendo que era egoísmo, ele esperava que sim.

Durante o longo caminho, o agora homem, observava todas as mudanças na cidade que costumava ser pequena. Casas e prédios novos foram construídos, novos estabelecimentos que ele sequer sabia o que vendiam. Tinha muita coisa para ver e redescobrir.

A Dustland Fairytale | Jung Jaehyun (NCT)Onde histórias criam vida. Descubra agora