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Kim DaeYeon não entendia o que estava acontecendo. Todos os convites que fizera a JaeHyun, pedindo companhia para as compras de natal, foram recusados de imediato e o garoto parecia fazer questão de impedir qualquer encontro entre os dois. Isso a deixava tão frustrada e de um mau humor terrível.

Dezembro chegou com tudo. As casas estavam iluminadas e não tinha nem um espacinho sequer sem as luzes coloridas e outros enfeites. A praça situada no centro já estava preparando tudo para a festa que sempre acontecia naquela data da virada do dia 24 para o dia 25. O ringue de patinação, os bancos posicionados ao redor do lago... DaeYeon conseguia imaginar ela e JaeHyun ali, observando o reflexo das luzes na água, sempre que passava pela praça a caminho da biblioteca.

É verdade que ela entrara de férias ainda no dia anterior já que a senhora Gong - dona do estabelecimento - saíra do país para passar o natal com a filha que morava na França. Quando ficou sabendo da notícia, a jovem Kim não pode evitar sentir certa inveja, desejando ser a filha ou até mesmo a senhorinha. Ah, o que não daria para passar o natal em outro país... Tinha tantos sonhos, queria ser tantas coisas. Era difícil voltar para a realidade e ver que tudo estava tão longe.

Mas aquele finalzinho da primeira semana de dezembro estava sendo um horror para Dae. Seu peito estava apertado, um peso sobrenatural parecia ter caído sobre seus ombros e nada que ela fizesse adiantava, não conseguia se livrar deles. Sabia que tinha a ver com o fato do namorado a estar ignorando, ainda mais se um motivo. Ou pelo menos, um motivo que ela soubesse.

Suspeitava de um. Suspeitava que Doyoung tivesse dado com a língua nos dentes e revelado sobre o ocorrido com Yuta. Ela também se sentia mal por pensar nisso, não queria desconfiar tanto do irmão, afinal, ele tinha dado sua palavra de que o segredo estava muito bem guardado. Como ela odiava ficar nessa dúvida! Tudo o que ela mais queria era que tudo se resolvesse, finalmente.

O rádio tocava "Whole Lotta Shakin' Goin' On" de Jerry Lee Lewis, mas a música não passava de um ruído. A menina não prestava real atenção nela, mas sim na pergunta que rondava cada canto de sua mente e também de todo o seu ser: quando tudo estaria realmente em ordem na sua vida?

Soltou um suspiro pesado e jogou a almofada que tinha no colo ao chão, com raiva. Todos eram idiotas, um bando de idiotas que só se importavam com eles mesmos. Egoístas, todos egoístas, cheios de si. Por que ela sentia que os outros queriam controlar mais a vida dela do que ela mesma? Talvez precisasse tomar a dianteira de uma vez por todas.

Do lado de fora da casa a neve caía com leveza, tornando branco tudo o que estivesse em seu caminho. Aquilo só incrementava a raiva de DaeYeon. Raiva por não ter ninguém para ir montar um boneco de neve, para uma guerra de bolas de neve, para fazer anjinhos ou apenas para apreciar os flocos. Mas pensando bem, era melhor ficar no calor da casa mesmo... Depois daquela aventura na praia o grupo todo pegou um resfriado dos fortes. Foi até engraçado, todos ficaram contra Doyoung, e como de costume o provocavam sempre que se reuniam. Porém, o Kim tinha um motivo pelo qual se gabar naquele momento: era o único que não trabalhava ou estudava e então passava os dias descansando no calor e conforto de seu quarto.

DaeYeon resmungou ao levantar do sofá. Estava mofando naquela casa sem nada para fazer, já tinha comprado todos os presentes e todos seus amigos estavam ocupados com os próprios afazeres. Tinha vontade de ir até a biblioteca e a abrir por conta própria, nem um dia inteiro de férias e ela já não aguentava mais a monotonia. A menina então desligou o rádio, a música estava a incomodando, fazendo a casa cair em um profundo silêncio.

- Mas que droga mesmo! - esbravejou.

Do outro lado da cidade em um barzinho esquecido por quase todos, Yuta se afogava em sua, talvez, terceira garrafa de bebida. Ele não se importava com o fato de ficar bêbado ainda no início da tarde e nem que aquilo fosse visto com maus olhos. Já tinha arquitetado todo o plano em sua mente, e faltava menos de duas semanas para executá-lo. Precisava comemorar.

A Dustland Fairytale | Jung Jaehyun (NCT)Onde histórias criam vida. Descubra agora