Capitulo 22

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Olá Andrews.

Se você está lendo esse texto, é por que com certeza não estou mais entre vocês... com certeza os rebeldes cumpriram com suas ameaças que estavam fazendo a anos, sim a anos, e só resolveram aparecer agora, justamente quando o reino está passando por uma fase conturbada, que eu gostei de por com todo o prazer do mundo.
Eu sabia que iria morrer, e por que deixar tudo de mãos beijadas a filhos, ainda mais para você que fez a covardia de aceitar aquela pessoa... O que você viu naquela garota, Andrews? Pobre, feia e sem modos... Por que não escolheu Barbara ou Thalita duas meninas linda, ricas e que tem bastante modos, sabem falar várias línguas diferentes... Que desgosto.

Agora me diz o que você irá ganhar com isso? O que essa garota irá trazer de bom a você? Eu realmente não entendo o que passou na sua cabeça.

Tem a sua mãe também, fiz ela sofrer bastaste, foram inúmeras agressões e abusos, mas ela merecia, sua mãe nunca me amou e se ela não cumpria com minhas regras, o certo é castiga-lá para aprender, não é mesmo!? Aprenda comigo.
Abusei também de várias empregadas e infelizmente uma engravidou, fique tranquilo você não terá que dividir a herança, matei ela e o bêbê
Fiz tantas coisas ruim nessa minha vida e o engraçado é que não me arrependo de nada, se pudesse fazer novamente, eu faria, eu me sentia bem fazendo essas coisa, sabe?

Eu não consegui terminar de ler a carta, a amassei imaginando ser Dominic ali, como ele pode fazer tantas coisas ruins e não se arrepender... Eu não sei o que falar.

A vontade de chorar é grande, mas eu não posso fazer isso, eu preciso ir até minha mãe, preciso abraça-la e protege-la como nunca fiz antes, me sinto tão inútil. Coloco a carta amassada em meu bolso e saio do escritório, corro até o quarto dela e a vejo se olhando no espelho, dou um passo para trás ao ver as cicatrizes em sua costa.

- Andrews.... - Ela se assusta ao me ver e levanta seu vestido.

Então é por isso que ela só usa roupas longas e de mangas, mesmo com alta temperatura ela está usando roupas fechadas... Então é por isso que eles dormiam no terceiro andar isolado de todos, para ninguém escutar os gritos da minha mãe... Eu não acredito que fui tão sonso.

- Por que não me falou antes? - Pergunto entre lágrimas.

- Do que está falando?

- Das agressões, do quão nojento era aquele homem.

- Do que adiantaria se eu te contasse? As coisas só iriam piorar. - Ela abriu seu melhor sorriso, tentando amenizar o clima, mas de nada adiantou, minha vontade é de ir ate o inferno e matar aquele desgraçado de novo, inúmeras vezes.

- Ele era tão cruel. - Murmuro indo me sentar na cama.

- Como você descobriu? - Tiro a bola de papel do meu bolso e entrego-a, ela abre a mesma e se senta na cama.

Eu apenas abaixo minha cabeça, não quero mais saber dessa carta, sem dúvidas hoje foi o dia mais cruel que eu já tive, não tem nada pior do que você descobrir que além de agredir e violentar sua mãe, o seu pai já matou várias pessoas, e pelo o que se sabe duas inocentes, duas crianças. Como ele pode ser tão cruel? Todas eram sangue do seu sangue.

- Ó Deus. - Ela falou espantada e eu a encaro. - A sua sogra, pode ser sua prima. - Arqueeio as sombracelhas.

Minha sogra... Minha prima. Então ela era a filha de Leonor? Caraca.

- Dominic disse que não tem certeza, mas que ela tem sim chance de ser filha de Leonor, além da semelhancia com seu tio, ela é "filha" dos camponeses que socorreram os dois no acidente.

E mais uma vez eu perco o chão, mais uma vez sou surpreendido....

- Padre Miguel... - Murmuro e ao ver que minha mãe não entendeu, falei - Ele dever saber dessa história, Dominic e ele eram amigos.

- Vamos tirar essa história a limpo. - Ela se levantou e eu fiz o mesmo, saímos do quarto e seguimos até a garagem.

Dez minutos depois nos encontrávamos em frente a igreja católica, olho para a minha mãe e após ela balaçancar a cabeça em positivo, começo a andar, ao passar pela grande porta meu olhar para em Miguel, que está conversando com uma outra senhorita.

- Podemos conversar depois? - Ele pergunta a senhora e ela assente, ambos fazem uma referência e a mulher se retira, deixando apenas eu, Miguel e minha mãe. - Posso ajuda-los?

- É verdade que minha sogra é minha prima?

- Então você leu a carta. - Ele riu. - Não posso te garantir nada, mas chances tem.

- E tem como sabermos se isso é verdade? - Ele suspirou.

- Eu não sei... Os pais de Maria ainda estão vivos?

- Ela só me falou que seus pais se mudaram para a Inglaterra logo após ela se casar.

- Traga-me mais informações sobre essa senhora.

Eu não irei trazer informação nenhuma, como já disse não vou com a cara desse padre.

- Claro. Precisamos falar com ela sobre isso.

- Vamos mãe?

- Sim. Até mais, padre Miguel.

- Ate. Que Deus os abençoe. - Me viro e saio andando.

Quando chego ao palácio, vou direto para meu quarto, e meu sorriso se abre ao ver que minha esposa está ali, com uma camisola branca e seu cabelo amarrado em um coque. Linda, como sempre.
Sem dúvidas a melhor parte do meu dia é quando chego em casa e a vejo.

- Ah... Oi. - Ela diz ao me ver, fecho a porta e caminho até ela.

- Oi. Tudo bem? - Dou um selinho nela e me sento na cama, olhando a mesa a minha frente. Aurora estava lendo? É isso mesmo? Desde quando essa mulher gosta de ler?

- Tudo sim, mas você... - Ela se senta a minha frente e levanta minha cabeça, fazendo eu a encarar.

- Se eu te disser algo, você promete que não vai surtar e nem falar para sua mãe?

- Ahn? - Ela se espantou mas logo concordou. - Prometo.

- Estamos suspeitando de que sua mãe seja a filha que Leonor diz que meu pai matou. - Ela arregala os olhos e abre a boca, me fazendo rir da sua expressão assustada.

- O que? Mas como? Leonor não disse que seu pai a matou junto com o marido dela.

- Sim. - Tiro a carta do meu bolso e a ergo, ela pensa, repensa e em seguida pega a mesma, abrindo-a.

- Tira essa carta de perto de mim. - Ela joga a carta para longe e me puxa para si, logo após ler.

- Ele era tão cruel. - Murmuro, a apertando mais.

- Eu estou chocada, mas isso não pode ser real.

- Precisamos descobrir a verdade. Você pode me responder algumas perguntas? - Ela assente e eu me sento. - Seus avos estão vivos?

- Acho que sim, faz anos que eles e minha mãe não tem contato.

Será que Domimic matou eles também?

- Isso é ruim. - Ela concorda. - Você acha que devíamos falar isso a sua mãe?

- Acho que sim, ela vai sabe tirar nossos duvidas melhores.

- Então falaremos no jantar. - Ela assente e eu dou um selinho nela. - Mas... Agora mudando de assunto. Faz tanto tempo que não temos um tempinho só para nos. - Ela ri fraco ao sentir minha língua passar pelo seu pescoço.

O início e fim de uma seleçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora