Capítulo 27

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        Sinto minha cabeça latejar de dor e abro meus olhos, vendo que estou deitada em minha cama.  Aos poucos as lembranças começaram a chegar e uma arrepio sobe pelo meu corpo.

Sofremos mais um ataque... Andrews... Onde está Andrews?

Ele não está aqui comigo e isso não é bom, se ele estivesse bem, estaria aqui, ele nunca me deixaria sozinha após um ataque, ainda mais no estado em que estou.

Percebo que estou sozinha no quarto e saio do mesmo, em busca de informações. Nenhum guarda nos corredores. Desço as escadas à pressa,  pouco me importando com essa maldita dor na cabeça.

— Lupe. — Murmuro ao ver a mesma, tirando a mesa de jantar. — Lupe. Onde está Andrews? Eu quero o meu marido agora.

— Calma Aurora. Sente-se aqui, você está nervosa e neste estado que se encontra, não pode passar nervoso.  — Ela me arrasta até um cadeira e eu a abraço forte. — Mande chamar a rainha e tragam água

É com essa frase que eu tenho certeza que Andrews não está bem.

— Eu não quero saber de rainha,  quero Andrews aqui. — Falo alto, ignorando o fato de que eu estou sendo grossa com meus empregados, sendo que eu jurei nunca fazer isso. 

— Tome essa água,  não fará bem para o bêbê. — Ainda tremendo pego o copo da mão de uma serva e o trago até minha boca,  sentindo o gosto adocicado, elas colocaram açúcar aqui e eu odeio isso.

— Aurora. Minha querida. — Viro-me para trás e vejo Elizabeth andar até mim. — Fique calma.

— Onde está Andrews? — Minha voz já está fraca e as lágrimas quase secando.

— Andrews desapareceu. — Arregalo meus olhos e largo o corpo, ouvindo-o barulho dele se quebrar e vidros se estilhaçar. — Ele não foi mais visto depois da explosão.

— Não. Não. — Murmuro, tentando me levantar.

— Os cacos. — Mathias me puxa pelo braço e faz com que eu me assento de novo, só agora vejo que tem mais gente aqui,  Leonor,  Carl,  Yolanda, meus dois irmãos e mais uns guardas.

— As buscas se iniciam daqui a pouco.

Como assim ele sumiu faz mais de uma hora e ainda não começaram a procura-ló?

— Irmã. — Joseph vem até mim e se ajoelha à minha frente. — Toda ajuda é importante, até a sua, que ficará aqui, mas tem que nos prometer que vai ficar bem.

— Eu e Joseph só vamos conseguir sair daqui se você prometer que vai fazer de tudo para que fique bem.

— Vocês prometem que o trarão com a vida? — Perguntei com os olhos já marejados.

— Não podemos te prometer isso, só digo que faremos o possível para que ele chegue  bem.

— Vão logo.

— Você vai subir para o seu quarto, tomar um banho que daqui a pouco as servas  levarão o jantar. — Disse Elizabeth.

— Depois de comer tudo, vai se deitar e tentar repousar. — Foi a vez de Cleusa.

— Se for possível,  todas as mulheres do palácio no mesmo cômodo. — O chefe dos guardas gritou. — Vamos.

— Se cuida.— Joseph diz e em seguida me da um beijo na bochecha.

— Nós te amamos. — Mathias faz o mesmo e ambos se levantam, saindo atrás de outros guardas.

— Vamos ficar no cinema, é mais seguro. Servas, levem comidas e cobertas para lá.

— Você quer pegar alguma coisa no seu quarto, Aurora? — Balanço a cabeça em concordância e volto a encostar a mesma na cadeira.

— Então vamos, querida. — Levanto-me lentamente e me encaminho ate o quarto, escutando os passos de Eliere atrás de mim.

Algo me diz que isso é muito mais grave do que imagino. Seria o inicio de uma guerra? Por que se não fosse isso, eles não estariam tão preocupados e cuidadosos. 

Adentro o meu quarto e sigo até o roupeiro,  pego algumas peças de roupas de Andrews,  que além de servir nele pode servir em outros homens, tipo os meus irmãos. Coloco tudo em uma mala e a fecho, entregando a mesma para Benedita. Vou até a cama e pego o meu travesseiro, que tem o cheiro de Andrews,  tudo nesse quarto tem seu cheiro, por isso eu gosto tanto de ficar aqui.

— Venha, minha querida. — Benedita segura minhas mãos e eu me levanto, abraçando a mesma de lado. Dou uma última olhada no quarto e me viro saindo do mesmo.

***

Quando cheguei no cinema,  fui direto para o banheiro, tomei um banho longo que durou uns trinta minutos e quando sai de lá jantei, após fazer tudo isso, uma serva me deu um comprimido e  eu dormi.

  Abro os meus olhos lentamente, rezando para que tudo seja um pesadelo, não obtive sucesso, tudo está do mesmo jeito que deixei quando fui dormir.

— Você acordou. — Eliete murmurou sorrindo, passo meu olhar pelo local e vejo que além de algumas servas, Elisabeth,  Leonor, Yolanda e Eliete estão aqui.

— Notícias?

— Não, mas algo me diz que estão todos bem. — Ela sorriu.

— Aurora. Você está bem? — Minha sogra, se aproxima de mim.

— Sim.

— Você quer que te preparem algo?

— Não.

— Vai ficar tudo bem, menina.

— Assim espero. 

— Não pensa negativo, faça como eu, coloquei na minha cabeça que vai tudo ficar bem e agora tô com a sensação de que vai sim ficar bem. — Eliete falou, e eu apenas balancei a cabeça em concordância. 

Na tentativa de tirar essa possível guerra da cabeça, Leonor coloca um filme para assistirmos, ao contrario delas eu não consigo prestar atenção em nada, meus pensamentos estão longes.
Será que se minha família estivesse aqui eu estaria desse jeito? Digo por que só eles sabiam como me alegrar e fazer com que eu esqueça dos problemas, enquanto meus pais me enchiam de carinho, as crianças faziam graças, tirando todo o estresse e tristeza de mim.

Saio dos devaneios ao ouvir gritos vindo de fora do cômodo. 

— O que é isso?  — Elizabeth pergunta.

— É os guardas e pelo o que parece estamos sendo atacados.

— Estamos sendo atacados. — Cleusa gritou e todas nos arregalamos os olhos.

— Vamos tentar colocar alguma coisa na porta. — Yolanda falou procurando com o olhar alguma coisa grande e forte o suficiente. 

— A cama. — Leonor falou e as menina correram até a cama, tentando arrasta-lá, vejo que está difícil e tento ajuda-las,  depois de muito esforço conseguimos.

Ando calmamente até a janela e vejo que alguns guardas estão caminhando pelas ruas desertas do reino.

Quem foi o mandante desse ataque? Os rebeldes? Mas eles conseguirão o que queriam e além disso Andrews beneficiou bastante os pobres, eles não seriam tão ingratos a esse ponto... ou seriam?

                

O início e fim de uma seleçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora