Sobreviventes

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Andrews narrando
 
  Logo depois de tudo ter se acalmado, chegaram reforços e mais reforços para socorrer os feridos e na busca de sobreviventes.
  Encontraram-me algumas horas após a explosão do reino, eu estava muito ferido, mas ainda sim consciente e por mais que tentara-me levar para um hospital, eu não fui, mesmo todo machucado, tentei de alguma forma encontrar minha mãe, filha  ou esposa.
 
  No final da noite, quando os guardas decidiram parar para retornar no dia seguinte, escutamos um choro, não tão distante, todos correram para ajudar e era ela, minha filha Maria Elisabeth.
 
  Eu não consegui correr até ela, pois já estava em meu limite, sentado no chão sem força, mas logo me trouxeram ela e eu a abracei com toda força que me restava, ela estava bem, apenas com alguns arranhões.
 
  - Primo - Abri meus olhos e vi Eliete com uma manta em suas mãos.
 
  Eliete foi uma das primeiras pessoas que veio até mim logo após eu ser encontrado, me pediu desculpas e mais desculpas, mas eu sabia que ela não tinha culpa de nada. Eu sei do coração dela e que ela não seria capaz de nada disso, ela não era como os irmãos.
 
    - Está frio. Precisamos levá-la para o médico. - Ela murmurou e eu apenas concordei, não acreditando no que via atrás dela.
 
  Graças a Deus, Eliete pegou Maria de meu colo a tempo, pois eu já me encontrava em prantos ao chão com a cena que via, era o corpo de minha mãe sendo levado para o local onde eles estavam colocando os mortos.
 
  -Nã...o. - Eu gritei, tentando me arrastar até onde ela estava.
 
  - Eu sinto muito. - Um guarda falou se aproximando de mim. - Ela se foi salvando sua filha. - Falou com a cabeça baixa e prosseguiu ao me ver sem compreender. - Nossa rainha estava sob a nossa princesa, ela a protegeu com seu próprio corpo. - - Ele disse e após fazer a reverência se retirou.
 
  Eu sentia uma dor inexplicável, ela era maior que toda dor física que estava sentindo.
 
  ***
 
  No dia seguinte, eu fui um dos primeiros a chegar ao reino, apesar de todos os ferimentos e a dor do luto, eu precisava encontrar Aurora, eu sabia que pelo tempo todo que passou, tinha muita chance dela não estar mais entre nós, mas eu precisava dar a ela um descanso digno.
 
  - Senhor. - Um guarda fez a reverência e eu acenei para ele continuar. - Vamos continuar a cavar, próximo onde nossa princesa e rainha foram encontradas. - Concordei e o segui até onde estavam outros guardas.
 
  - Andrews. - Escuto alguém me gritar e olhei para trás, era Eliete. - Você  não devia estar aqui. Está bem?
 
  - Estou bem e só saio daqui após encontrar o corpo de minha esposa.
 
  - Não vim te impedir de procurá-la. - Ela disse sorrindo fraco. - Mas vim te trazer esperança. - A olhei sem entender. - Acabaram de encontrar três habitantes debaixo dos escombros na casta A, e eles estão vivos. - Ela sorriu animada. - Vamos encontrar Aurora viva, eu tenho certeza.
 
  Eu apenas concordei com a cabeça, orando a Deus para que isso acontecesse, mesmo as chances sendo mínimas.
 
  Horas se passaram e eu continuava cavando, minha camisa estava molhada de tanto suor, mas eu não conseguia parar, a vontade de encontrar minha esposa era maior que todo cansaço.
 
  - ENCONTRAMOS UM CORPO. - Gritou um guarda lá ao fundo e eu soltei um suspiro aliviado vendo que o vestido parece muito com o que minha esposa estava usando. - Está com batimentos. - Um segurança falou assustado com tamanho milagre. Empurrei todos que estavam à frente e me aproximei. Ela estava respirando, fraco mas estava.
 
  - LEVEM AO HOSPITAL.- Gritei, depois de sai do transe e vê que realmente ela estava respirando, fraco mas respirando.
 
 
  ***
 
 
  Eu sabia que a vida de um rei não era fácil, mas não imaginei que fosse tanto difícil assim.
  Nunca em minha vida passou pela minha cabeça que minha familia era tão asquerosa e gananciosos. Eles acabaram com tudo, mataram   quase toda a população do reino, os que sobreviveram estão sem nada, perderam as casas e os entes queridos, eles carregam dores que nem o tempo irá curar e eu sinto culpa por isso, de alguma forma eu podia ter evitado isso, não sei como, mas podia.
 
  Junto com meu reino, eu perdi uma das mulheres mais importantes de minha vida, minha mãe se foi, em um ato heroico se colocou por cima de sua neta, a protegendo dos escombros.
 
 
  Tomei a decisão de largar tudo e me isolar junto com minha família em um lugar secreto. Pensei que fosse massacrado e julgado, mas os habitantes que restaram no reino se ofereceram para ir junto e assim fizeram.
 
   Estou me sentindo um covarde, mas não estou com vergonha disso, é pela minha família. Não quero mais passar por isso. Só Deus sabe quantas noites estou passando sem dormir, tendo pesadelos.
  Eu me sinto culpado por tantas vítimas, foram mais de 10 mil mortos, entre crianças e idosos.
 
  Aurora passou quase dois meses no hospital, lutando pela vida e hoje ela se encontra bem, ainda debilitada. Todos os dias ela pergunta por sua família, mas eu não tenho com o que há responder.
 
  Desde as explosões eu não sei sobre eles, já fui junto com um grupo a procura dê sobreviventes, mas nada.
 
  Estamos morando em uma pequena ilha isolada, onde todos se ajudam, separamos alguns grupos e suas devidas tarefas. Pedi para não me colocarem como líder ou algo assim, mas não fizeram, para eles ainda sou o "rei" desta pacata ilha.
  Sobrevivemos a base de caça e pesca, além dos frutos que tem espalhado pela redondeza. Para nossa segurança criamos uma cerca de madeira, sei que ela não nos protege de muita coisa, mas alguns guardas se revezam nos pontos mais altos a fim de garantir a segurança de todos.
  Além do mais que alguns amigos estão me enviando, animais como porcos e vacas para alimentação e veículos para podermos nos locomovermos.
 
  Estamos recebendo muitas ajudas, mas isso me dá medo. Não sei o que aconteceu com Carl e sua família, tenho medo deles aparecer novamente e estragar com tudo.
 
  - Pensando em que? - Escuto a voz doce de minha esposa e me viro para traz. Ela ainda está andando com auxílio de muletas.
 
  - Muitas coisas. - Falei sorrindo fraco, a trazendo para perto de mim.
 
  - Você está preocupado? - Me olhou séria.
 
  - Sim. - sou sincero. - E se eles... - ela me cortou.
 
  - Eles não estão vivos. - Disse seria.- E se tiver não irão mais se aproximar de nós.
 
  - Eu tenho medo. As coisas estão boas aqui. - Ela concordou se afastando.
 
  - E vão continuar. Pare de pensar nisso.
 
  - Como você está?
 
  - Estou bem. Acabei de fazer Maria dormir. - Ela sorriu fraco. - Ela está crescendo rápido.... Queria que meus pais estivessem aqui para ver isso. - Abaixou a cabeça.
 
  - Nos vamos encontrá-los. - A puxei novamente para mim. - Eu prometo.
 
  - Eu sei que vão. Te amo Andrews.
 
  - Eu te amo mais Aurora.
 
 
  Fim...

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Peço desculpas pela demora, sendo bem sincera com vocês , eu queria muito fazer um segundo livro, porém não tenho tempo, quem sabe um futuro não tão distante...Então vim apenas atualizar para não me matarem.

Obrigada por tudo.

O início e fim de uma seleçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora