O filho do motorista. (8)

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  O sábado chegou, Diego acordou cedo, começou a se arrumar, prendeu bem a máscara, colocou um blusão com capuz e passou bastante perfume, depois de tomar café saiu, tinha dado folga a Fernando, pois achou melhor procurar a casa de Bruno sozinho, ele começou a seguir o mapa a partir da escola, deu a volta, entrou em uma rua, depois outra e de longe viu Bruno, mas na frente dele havia um homem alto, usando terno, óculos e de feição intelectual, ao se aproximar mais, percebeu que eles estavam discutindo.

- Me deixa em paz, acabou Vitor! -Diego se lembrou que ouviu esse nome outras vezes.

- Não Bruno, você está confuso, mas logo vai perceber que errou em me deixar!

- Eu errei de ter chegado perto de você, pensei que era um homem inteligente e de cabeça aberta, mas pelo visto não é nada disso! -o homem pegou nos braços de Bruno.

- Eu quero você, seu corpo e seus beijos.

- Me solta Vitor, está me machucando!

- Solta ele! -pediu Diego se aproximando.

- Quem é você?! -perguntou Vitor, Diego puxou Bruno dos braços dele.

- Sou amigo dele, não ouse o tocar assim de novo!

- Isso não é assunto seu!

- Agora é, suma daqui!

  Vitor os encarou por alguns segundos, em seguida entrou no carro vermelho que estava estacionado na rua e saiu, Bruno abraçou Diego com força.

- Graças a Deus você chegou, pensei que ele iria fazer algo ruim comigo...

- Calma, quem é ele? -Bruno soltou de Diego e o olhou com um pouco de vergonha.

- É meu ex...

- Mas ele parece ser bem mais velho que você...

- Eu sei, é que geralmente não fico reparando em idade, ou beleza, gosto do que as pessoas são e ele me parecia uma pessoa boa antes, espero que não se importe com o fato de eu ser gay...

- Tudo bem, o que aconteceu para acabar? -Bruno ficou vermelho e abaixou a cabeça.

- Ele queria... Sexo nos primeiros encontros e eu não queria que as coisas fossem tão rápidas...

- Entendi.

- Vamos entrar?

- Sim. -Bruno abriu o portão da casa marrom, de um andar. - Sua família está em casa?

- Eu moro com meu pai e ele já está chegando, foi comprar comida.

  Ele abriu a porta, a casa era bem simples, mas aconchegante e organizada, a sala era o primeiro cômodo e tinha acesso aos outros três, Diego olhou tudo sorrindo, para ele aquela era uma casa de verdade, com quadros por toda parte de retratos em família, olhando os quadros, Diego percebeu que conhecia aquele homem de algum lugar.

- É aqui que eu vivo desde pequeno.

- Bruno, quem é esse homem?

- Cheguei! -disse uma voz familiar, Fernando entrou segurando várias sacolas. - Olá Diego.

- Fernando?! -Bruno ficou confuso.

- Vocês se conhecem?

- Sim, Diego, eu sou pai do Bruno, filho esse é o meu...

- Amigo! -gritou Diego antes que Fernando pudesse terminar, o homem encarou o rapaz. - Sim, um ótimo amigo, que sempre me ajuda quando estou encrencado.

- Que bom, eu vou guardar as compras, depois vamos fazer o trabalho. -Bruno pegou as sacolas e foi para a cozinha, Fernando puxou Diego para o canto.

- Que idéia é essa de mentir para ele?

- Por que não me contou que ele é seu filho?

- Porque eu descobri essa semana e não sabia o que fazer com essa informação.

- E agora?

- Não sei... -Fernando o olhou fixamente nos olhos. - É um problema para você ele ser meu filho?

- Claro que não, o problema é que não sei como ele vai reagir, talvez se afaste...

- O Bruno não é assim, no máximo ele vai fazer alguma piada sem graça e depois rir, vamos contar a verdade para ele.

- E se ele me achar um idiota? -perguntou segurando Fernando.

- Relaxa, Bruno! -chamou indo até a cozinha, o rapaz se aproximou. - Lembra que eu sou motorista de um rapaz, filho do meu antigo patrão?

- Sim, ele sofreu um acidente, né?

- Ele é o Diego.

- Agora tudo faz sentido, seria difícil você ter um amigo mais jovem sendo que só vive no trabalho, ou em casa. -disse se mostrando aliviado.

- Então, você não liga? -perguntou Diego.

- Por que ligaria?

  Diego deu um largo sorriso, que não pode ser visto por causa da máscara, Bruno era o tipo de pessoa que ele precisava na vida.

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