Trabalho. (9)

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  Bruno chamou Diego para ir até o quarto, o lugar era bem colorido, tinha desenhos e papéis em quase todos os lugares, fora isso era um quarto comum, com uma cama de solteiro, mesa com computador e guarda roupa.

- Quantos desenhos.

- Pois é, eu desenho a muito tempo... -Diego reparou que uma mulher aparecia em vários desenhos.

- Quem é ela?

- Minha mãe, gosto de tentar desenhar ela como se ainda estivesse aqui envelhecendo, me ajuda a manter as lembranças dela vivas. -Bruno foi até o guarda roupa, pegou uma caixa e colocou em cima da cama. - Acho que tem o suficiente para fazer nossa bactéria.

- Bactéria?

- Sim, não prestou atenção quando a professora disse que teríamos de fazer uma bactéria grande? -Diego fez cara de confuso, realmente não prestou atenção no que era para fazer, apenas que iria a casa de Bruno. - Você é meio lerdo, vamos logo escolher um exemplo para começar a fazer.

- Sim!

  Bruno era muito esperto e rápido, logo já tinha escolhido uma imagem, que usaria como exemplo para criar a bactéria e começou a separar os materiais, Diego ficou apenas como assistente, pois sempre se distraia olhando para Bruno e ficava meio lerdo distraído em seus pensamentos.

- Está ficando muito bom! -afirmou encaixando o isopor na garrafa cheia de gel e alguns pequenos desenhos que representavam a parte de dentro da bactéria.

- Sim, você é bastante criativo.

- Herança da minha mãe, ela era genial quando precisava criar algo... Agora só falta pintar a parte de fora. -Bruno levantou para pegar a tinta na mesa. - Tire o isopor, para pintarmos melhor.

- Ok. -Diego foi tirar mas acidentalmente derrubou gel em sua blusa. - Que droga. -Bruno riu ao ver o estrago.

- Você precisa ser mais cuidadoso, tire essa blusa está calor. -sugeriu arrumando a bagunça.

- Não... -Diego abaixou a cabeça.

- Só estamos nós dois aqui, eu não ligo para sua aparência...

- Não...

- Tudo bem, fique como se sentir confortável.

   Bruno sentou ao lado dele, abriu as tintas e deu um pincel para Diego, eles começaram a pintar, mas não disseram mais nada, o clima ficou estranho após o problema com a blusa, quando terminou de pintar, Bruno pegou seu pincel, passou tinta rosa na máscara de Diego e riu.

- Por que fez? -perguntou incrédulo com a ação do rapaz.

- Você ficou muito sério, queria quebrar esse clima. -revoltado, Diego encheu o pincel de tinta verde e passou no nariz de Bruno.

- Gostou?

- Não vale, eu não uso máscara!

- Bem feito! -Bruno pegou mais tinta rosa, Diego levantou.

- Se afaste!

- Não! -ele começou a correr atrás do rapaz pelo quarto, até que Diego caiu na cama, Bruno pulou em cima dele e tentou pintar mais seu rosto, porém Diego o segurou, no mesmo momento Fernando entrou.

- O que está acontecendo? -imediatamente eles se afastaram.

- Foi ele que começou. -afirmou Diego apontando para Bruno que de raiva, passou o pincel na máscara de novo.

- Que bagunça, ajeitem as coisas e venham comer, não quero ver tinta na cara de ninguém.

- Sim senhor.

  Disseram juntos, Fernando saiu do quarto, eles terminaram a bactéria e guardaram as coisas, Diego foi até o banheiro, para trocar de máscara, por sorte sempre andava com uma reserva, ao sair do cômodo, deu de cara com Bruno espirrando por causa da tinta, o rosto do rapaz estava bastante avermelhado, o deixando com uma expressão fofa.

- Viu só, provocou minha alergia. -Diego pegou no rosto dele e o deixou de frente ao seu, os lábios de Bruno eram lindos, carnudos e avermelhados, Diego queria o beijar, mas ao pensar em como estava por trás daquela máscara, soltou o rapaz e virou o rosto.

- Vai lavar, não tenho culpa. você começou.

  Bruno mostrou a língua e entrou no banheiro, Diego foi até a cozinha, Fernando encarou o olhar triste do rapaz e se aproximou.

- Algum problema? -Diego abraçou ele. - Que foi menino?

- Eu preciso dele, mas não posso tentar o levar para esse destino, seria egoísta...

- Por que?

- Não acha que seu filho merece algo melhor?

- Meu filho merece aquilo que vá fazer ele feliz, mas fique sabendo desde já, que se fizer qualquer coisa a qual o magoe, não lhe perdoarei. -Diego soltou Fernando.

- Como é amar tanto alguém?

- Você não sabe?

- Estou confuso, sinto coisas estranhas.

- O que você quer para o Bruno? -Diego parou para pensar por um minuto.

- Que ele continue com aquele sorriso lindo no rosto, seja muito feliz, realizando o que sonha.

- É assim, só que o meu amor é paterno e vou protegê-lo enquanto viver, independente de qualquer coisa.

- Obrigado Nando.

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