Passado. (21)

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  Fernando acompanhou Gabriel até um cafeteria muito bonita, cheia de flores e com algumas pessoas sentados conversando, eles sentaram em uma mesa na frente e cada um fez seu pedido.

- E você, tem filhos? -perguntou Fernando curioso para saber por onde o amigo andou durante todos os anos.

- Eu tive, com meu ex marido...

- Que?! -perguntou surpreso. - Gabriel, eu não fazia idéia, você sempre saiu com garotas , porque não me contou?

- Tinha medo de não querer ser mais meu amigo e eu sempre fui bissexual, então não tinha problemas em ficar com garotas.

- Nossa, me sinto um péssimo amigo...

- Tudo bem, eu não gostava de falar sobre isso com ninguém.

- Mas me conta o que aconteceu com você e esse ex.

- Eu namorei algumas pessoas antes, conheci ele em uma viajem, me apaixonei, ele também, começamos a namorar, um ano depois casamos, ele queria muito ter um filho, eu também, decidimos adotar uma criança e quem nos apareceu foi uma garotinha linda, ela parecia um anjo, porém estava doente, tinha câncer, mesmo assim decidimos cuidar dela.

  O garçom chegou com as xícaras de café, eles agradeceram e Gabriel continuou sua história.

- O tempo passou, cada vez mais nos apegamos a ela, estávamos felizes apesar de saber que poderíamos perder nossa filha, um ano após a adotarmos, ela se foi, ficamos arrasados, o luto perdurou por muito tempo, mas dois meses depois, eu cheguei em casa e peguei meu ex marido aos beijos com um rapaz mais jovem.

- Que canalha, o que você fez?

- O óbvio, pedi o divórcio e voltei para minha antiga casa, estava arrasado pela minha filha e por ser traído, ele me procurou por um tempo tentando se desculpar, mas mesmo que o perdoasse não conseguiria voltar ao mesmo relacionamento de antes.

- Entendo, eu também não conseguiria, faz quanto tempo tudo isso?

- Um ano e meio, fiquei casado por cinco anos...

- Sinto muito, tenho certeza que logo vai encontrar o amor de novo e vai ser muito feliz. -disse tentando o motivar.

- Já estou feliz, mas e você, ouvi seu filho dizer que sua esposa morreu, eu sinto muito.

- Tudo bem, já faz quase doze anos, Bruno era só um garotinho quando ela partiu, tão jovem infelizmente.

- E você ficou sozinho todo esse tempo?

- Sim! -disse com orgulho.

- Por que?

- Bruno precisa de um bom pai, que desse total atenção a ele, não poderia me distrair tentando me relacionar com alguém e além disso como você mesmo deve saber, tive muitos relacionamentos no passado, não vejo mais graça em ficar aos beijos por ai. -Gabriel riu do jeito ranzinza que ele falou.

- Você está parecendo um idoso falando, mas não vai precisar cuidar dele a vida inteira, o que vai fazer quando isso acontecer?

- Infelizmente já está acontecendo, sem querer parecer aqueles pais chatos que ficam falando bem dos filhos, mas meu bebê é um artista e ótimo aluno, algumas escolas de arte já ofereceram bolsas de estudo e logo ele vai estar fazendo a própria vida.

- Como se sente em relação a isso?

- Um velho solitário! -suplicou encostando o rosto na mesa.

- Não se preocupe, tenho certeza que o Bruno não vai te deixar.

- Mas ele precisa, vou me ocupar consertando carros.

- Se precisar de um amigo para tomar café, estou por aqui.

- Claro, quer ir em casa? tenho fotos antigas do colegial, algumas com você.

- Pode ser.

  Eles pagaram o café e foram andando juntos enquanto conversavam sobre algumas coisas, mesmo com o tempo ainda sabiam bastante um sobre o outro e tinham muito em comum. Ao chegarem na casa entraram rindo, Bruno e Diego estavam jogando na TV.

- Oi pai e Gabriel... O que aconteceu? -perguntou Bruno confuso.

- Encontrei ele na rua, trouxe para mostrar algumas coisas que ainda guardo da nossa época.

- Olá garotos! -eles cumprimentaram o homem.

- Vamos estão no porão... eu acho que ainda estão lá. -os dois foram juntos em direção a portinha que dava entrada ao porão.

- Bruno, acha que seu pai e o Gabriel...

- Não, meu pai é hétero, mas o Gabriel, acho que tem uma queda por ele.

- Devemos espiar? -perguntou Diego apontando para a portinha.

- Não, eles provavelmente vão ficar falando sobre o passado... -Bruno olhou para a porta e ouviu alguns risos. - Tudo bem, mas só um pouco para provar que não tem nada entre os dois.

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