Distrair. (12)

5.9K 701 88
                                    

  Ao chegarem na casa de Bruno, o rapaz encarou com melancolia a garagem destruída, mas logo entrou seguido de Diego, eles foram direto para o quarto, onde começaram a pegar algumas coisas, não muitas pois Bruno tinha esperança de logo estar de volta a sua casa com seu pai.

- Precisa que leve os desenhos? -perguntou Diego olhando alguns sobre a mesa do rapaz.

- Só minha pasta.

  Respondeu mais preocupado em guardar as fotos da mãe, Diego deu mais uma olhada nos desenhos e ao olhar os mais recentes um lhe chamou a atenção, nele havia um rapaz com uma blusa semelhante a que Diego usava muitas vezes e a mesma máscara, ele estava se desfazendo e atrás havia um espelho quebrado, o que fez ele se lembrar de despedaçar o da escola, Diego sorriu por se lembrar da gentileza de Bruno naquele dia, em seguida guardou tudo e voltou a ajudar o rapaz.

  Com algumas bolsas eles saíram e voltaram a casa de Diego, colocaram as coisas no quarto de hóspedes, Bruno se sentou na cama e olhou em volta.

- Será que já posso visitar meu pai?

- Neusa disse que o estado dele ainda requer muitos cuidados, mas logo ele vai melhorar, eu vou ver se a Neusa precisa de alguma coisa, se acomode enquanto isso.

- Ok.

  Diego saiu para conversar com Neusa, mas ao procurar ela pela casa não encontrou, então decidiu chamar Bruno para assistir alguma coisa e se distrair um pouco, ao entrar no quarto não viu ele, mas ouviu o barulho do chuveiro, devagar ele se aproximou da porta que estava metade aberta, o box era transparente, então assim que colocou os olhos dentro do banheiro, Diego viu Bruno de costas completamente pelado, ele arregalou os olhos, sua respiração começou a falhar e o coração acelerar, não conseguia parar de olhar, com roupas Bruno não aparentava ter um corpo tão bem desenhado.

- Que feio. -disse Neusa surgindo no quarto e assustando Diego, que imediatamente parou de olhar e correu para perto da senhora.

- Eu vi sem querer.

- Sei... Só quero saber o que o Fernando vai dizer disso quando ele acordar.

- O Fernando sabe que eu só tenho boas intenções com o Bruno.

- Sim e essas boas intenções incluem comer ele com os olhos.

- Eu só olhei... E não me arrependo, ele é maravilhoso. -Neusa deu um tapa no ombro de Diego.

- Tarado.

- O que estão fazendo? -perguntou Bruno saindo do banheiro, com a toalha amarrada na cintura.

- O Diego... -antes que a senhora pudesse falar, Diego entrou na frente dela.

- Eu vim aqui para lhe convidar a ir assistir um filme comigo, no meu quarto... A TV de lá é melhor. -Neusa o encarou com desconfiança.

- Claro, só vou colocar uma roupa.

- Boa noite Bruno, toma cuidado.

  Disse Neusa saindo com Diego, a senhora foi embora e o rapaz correu para a cozinha, colocou pipoca no microondas e correu para o banheiro de seu quarto, tirou a mascara, respirou fundo e se olhou no espelho... "Droga!" Pensou encarando a cicatriz. "O que você está pensando Diego? Bruno não merece alguém assim, ele precisa de coisa melhor e no momento, só posso ser o amigo que ele precisa."

  Diego colocou a máscara de volta, foi até a TV e colocou um filme, no mesmo momento Bruno bateu na porta e entrou, ele estava com uma blusa larga e short, Diego foi até ele.

- Você veio. -Bruno riu.

- Claro, o que vamos assistir?

- Eu coloquei um filme de terror, mas se não gostar pode trocar.

- Tudo bem! -no fundo Bruno ficou com medo, pois não gostava de filmes de terror, mas não queria fazer desfeita com Diego, que estava sendo tão bom.

- Certo, vou buscar a pipoca, pode ficar onde quiser.

  Bruno olhou em volta e na frente da TV só havia a cama, então ele sentou na ponta dela, enquanto Diego foi buscar a pipoca e suco, ao voltar se sentou do outro lado, o mais longe possível de Bruno e colocou as coisas no meio dos dois.

- Não precisa ficar com a máscara por minha causa, você está na sua casa...

- Tudo bem, eu estou acostumado a usar ela, pode dar play?

- Sim.

  Ao apagar a luz, Diego deixou o filme passar, no começo ambos ficaram quietos, até porquê o filme não parecia ser tão assustador.

Deformidade. Onde histórias criam vida. Descubra agora