Uma tragédia. (10)

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  Diego conversou mais um pouco com Fernando, mas quando Bruno voltou, ele saiu, indo direto para casa, onde deitou na cama, colocou seus fones de ouvido e lá ficou olhando o teto, pensando, às vezes sorrindo ao se lembra do tempo com Bruno.

  A noite, Fernando foi até o quarto de seu filho, o rapaz estava sentado na cama encarando o celular.

- Tudo bem? -perguntou se sentando do outro lado da cama.

- Sim... -respondeu desligando o aparelho. - Estava pensando... Se deveria manter contato com Diego.

- Como assim? -Bruno abaixou a cabeça meio desanimado.

- Quanto mais fico com ele, mais sinto o quanto que gosto dele, porém... Os impedimentos para me aproximar, aumentam também, você está bravo por eu ter gostado justamente dele?

- Claro que não, a gente não escolhe essas coisas, eu sempre vou estar aqui para lhe apoiar, não importa as circunstâncias. -Bruno sorriu e se embrulhou.

- Obrigado pai.

- De nada. -Fernando deu um beijo na testa dele e levantou, mas Bruno o puxou. - Vai fazer o que?

- O carro precisa de alguns ajustes.

- Estou com medo. -Fernando riu.

- Bruno, você não é mais criança, quer que eu deixe a luz acesa?

- Não é isso, é um... Mal pressentimento.

- Está tudo bem, se precisar de qualquer coisa me chame, boa noite.

  Fernando saiu do quarto, Bruno encostou a cabeça no travesseiro e colocou várias cobertas sobre si, mas não conseguia dormir, minutos depois ele ouviu um barulho enorme e abriu os olhos assustado.

...

  Diego estava quase pegando no sono, quando ouviu Neusa falando ao telefone, a senhora parecia nervosa, Diego levantou para descobrir o que estava acontecendo, ao estrar na sala viu ela correndo para a porta.

- Neusa, o que aconteceu?

- Uma tragédia, o Nando estava na garagem da casa dele e de repente um carro em alto velocidade bateu contra o muro, parece que um tijolo atingiu o coitado, eu vou ver ele no hospital.

- Eu vou com a senhora, espera um minuto. -Diego foi até o quarto pegar um casaco e o celular. - Sabe como está o filho dele?

- Deve estar arrasado coitado.

  Diego e Neusa, pegaram um táxi e foram direto para o hospital, chegando lá pediram informações para a recepcionista e subiram para o terceiro andar, no corredor viram Bruno conversando com um policial, enquanto chorava.

- Bruno. -disse Diego se aproximando dele e o abraçando, o rapaz não conseguia falar apenas chorar. - Calma, vai ficar tudo bem.

- O que aconteceu? -perguntou Neusa ao policial, de cabelo escuro, olhos castanhos, pele morena e alto.

- De acordo com as informações, podemos dizer que foi um ato proposital, não se preocupe rapaz, vamos proteger você e seu pai.

- Como assim proposital? -Diego ficou confuso.

- Foi minha culpa... -disse Bruno em meio aos soluços. - O Vitor provocou o acidente e fugiu...

- Eu preciso ir agora, se precisar de algo avise. -o policial saiu.

- Como está o Nando?

- Em coma...

  Bruno apertou Diego, tentando conter suas lágrimas, Neusa foi até os médicos para tentar ter mais informações, enquanto os dois ficaram parados no corredor.

- Diego, foi minha culpa...

- Não, você não tem culpa do Vitor ser louco, vai ficar tudo bem, nós vamos cuidar do Nando.

- Estou com medo, eu não tenho ninguém além do meu pai...

- Vou ficar do seu lado, não tenha medo. -Bruno o encarou com olhar de surpresa.

- Obrigado...

- Meninos... -Neusa se aproximou. - Eu acabei de conversar com o médico, ele disse que o Nando ainda está em estado grave e não vai poder receber visitas por enquanto, mas o hospital vai informar qualquer melhora, então é melhor irmos para casa e esperar.

- Não posso sair de perto do meu pai!

- Bruno, você não pode fazer nada além de esperar, precisa estar bem para quando Nando acordar, ou vai querer que ele tenha mais problemas assim que sair desse estado? -perguntou Diego.

- Tudo bem, então vou para casa, mas amanhã eu volto.

- Certo, mas você vai para minha casa, é perigoso ficar sozinho sabendo que Vitor está louco.

- Mas...

- Sem mas, vou cuidar de você, vamos tem um quarto de hóspedes onde pode ficar. -Diego o pegou pela mão, naquele momento decidiu deixar tudo de lado para ajudar o rapaz.

- Vão indo, eu vou passar na casa da minha filha. -disse Neusa pegando o celular na bolsa.

- Certo, boa noite.

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