Boa pessoa. (26)

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  Fernando entrou no quarto onde Gabriel estava, o homem já havia acordado, mas se mantinha bem quieto na cama encarando o teto.

- Gabriel, como está? -perguntou se aproximando da cama.

- Pensei que iria morrer. -respondeu o encarando e sorrindo meio sem graça, se lembrando de tudo o que disse depois dos tiros.

- Eu também, ainda bem que você está vivo, obrigado, não sei o que seria de nós se você não tivesse aparecido.

- Não foi nada demais, fiz minha obrigação como policial e amigo.

  Um silêncio pairou pelo lugar, Fernando queria perguntar sobre as coisas que Gabriel disse após ser baleado, mas tinha medo da resposta e de parecer inconveniente, estava muito agradecido e não queria chatear Gabriel com alguma conversa que lhe traria qualquer desconforto.

- A médica disse que você vai precisar de repouso, por causa do ferimento na coxa, mas que com fisioterapia em breve volta a andar como se não tivesse acontecido nada...

- É eu sei, não é nada demais.

- Claro que é, você precisa ficar de repouso até tudo estar no lugar e eu vou cuidar de você!

- Não Nando, eu posso fazer isso sozinho.

- Gabriel você salvou eu e minha família, me sinto em dívida, te ajudar nesse momento é o mínimo que posso fazer.

- Mas...

- Sem mas! -disse com firmeza. - Você não vai ficar sozinho até melhorar totalmente e ponto final!

- Gabriel!!! -gritaram Diego e Bruno entrando no quarto e indo direto na direção do homem o abraçar.

- Que bom que você está bem! -afirmou Bruno.

- Você é o nosso herói agora!

- Meninos eu gosto de receber carinho, mas ainda estou com dor e vocês estão me esmagando.

- Desculpe! -disseram se afastando.

- Não se preocupem, vocês estão bem?

- Fisicamente ótimos, psicologicamente nem tanto.

  Eles ficaram alguns minutos conversando com Gabriel sobre o que aconteceu, depois tiveram que sair por causa do horário de visita. Diego levou Bruno para sua casa, ele ainda estava um pouco abalado e era melhor ficar fora do lugar onde tudo aconteceu por um tempo para se distrair, eles chegaram na casa e ficaram deitados no sofá assistindo uma série, minutos se passaram, quando de repente, a mãe de Diego entrou na casa gritando.

- Diego!!! -gritou entrando na sala. - Por que sua cara apareceu em uma revista de fofoca?! -Diego a encarou com cara de tédio.

- Você está atrapalhando, conversamos quando esse episódio acabar. -Bruno se encolheu no braço de Diego, com medo do olhar furioso da mulher, ela tirou uma revista da bolsa que carregava.

- Veja isso, aqui diz que você está namorando um menino!!! -Diego suspirou, pausou o episódio e levantou.

- Não estou namorando um simples menino, estou namorando aquele rapaz lindo e super gentil, ontem sofremos um atentado, não estou com cabeça para discutir com você.

- Sua cara está em vários sites de notícia!

- Eu não tenho culpa de você sair ostentando o dinheiro do meu pai, indo para festas chiques e dando entrevistas se fazendo de viúva coitada para aqueles repórteres, obviamente eles não perderiam a oportunidade de ver a cara deformada do seu filhinho e dar uma notícia chocante sobre ele!

- Isso não justifica o fato de você estar namorando esse rapaz, você sempre gostou de mulher!

- Eu gostava de me esconder atrás de um personagem que criei para as pessoas me aceitarem, agora estou vivendo de verdade, não sou mas a mesma pessoa e estou feliz por isso!

- Ele pelo menos tem algum status social?!

- Sim, ele é o amor da minha vida, me faz muito feliz, é gentil, amigável e muito bom.

- Não estou falando disso, de quem você é filho garoto?

- Do Fernando. -respondeu Diego sem dar tempo do rapaz falar.

- O motorista?!

- Sim.

- Diego, que loucura é essa?!

- Não é loucura é amor, agora chega dessa conversa, o Bruno não precisa ouvir suas bobagens! -Diego pegou o rapaz pela mão e foi com ele até a saída.

- Foi um prazer conhecer a senhora! -disse Bruno antes de ser levado para fora, Diego parou no portão e abraçou ele.

- Sinto muito por você ter que ouvir as ofensas dela.

- Tudo bem amor, eu não ligo, mas espero que nosso relacionamento não afaste você da sua mãe.

- Você viu ela em casa antes?

- Não...

- Eu sempre fui afastado dela Bruno, Neusa foi minha mãe... -Diego riu e se afastou um pouco. - Depois do acidente ela até ficou um pouco perto, me levou nos médicos e até parecia querer me ajudar, mas na verdade ela só não queria ter um filho monstro.

- Você não é um monstro. -Bruno passou a mão no rosto dele e sorriu de forma sincera. - Você é uma boa pessoa, que eu amo muito.

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