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- O que foi Nando? -Diego se aproximou da cama, curioso para saber o que ele iria dizer.

- Hoje eu liguei para sua mãe e pedi demissão definitiva.

- Por que? -perguntou preocupado, gostava de ter Fernando por perto.

- Não se preocupe, não tem nada haver com você, já faz um tempo que quero me demitir, mas não achava certo deixar você sozinho depois do acidente, eu sabia que sua mãe cedo ou tarde iria sumir, mas agora não preciso mais me preocupar, você tem meu filho e faz praticamente parte da minha família.

- Mas eu gosto de ter você como motorista.

- Vai achar outro melhor, vou dedicar meu tempo fazendo o que sempre quis, ter minha própria mecânica.

- De qualquer forma vou sentir sua falta.

- Não se preocupe, pode ir me visitar quando quiser e agora com o Bruno, tenho certeza que não vai rejeitar esse convite.

- É... Obrigado por ter me acompanhado até aqui.

  Enquanto isso Bruno estava andando pelo corredor, quando viu Gabriel saindo do banheiro, ele foi até o homem.

- Ainda por aqui? -perguntou sorrindo de forma simpática.

- Sim, estava me sentindo um pouco tonto, fui lavar o rosto.

- Entendo, meu pai contou que vocês eram muito próximos no passado.

- É... -ele baixou a cabeça e deu um sorriso falso.

- Eu sou meio curioso então não posso deixar de perguntar, o que aconteceu para você ter sumido?

- Eu fui fraco, só isso.

- Como assim fraco?

- Haviam algumas coisas que seu pai não sabia sobre mim, eu fazia de tudo para ele não saber, mas quando disse que iria se casar, senti que meu segredo estava sendo ameaçado e que ele provavelmente não me aceitaria quando soubesse. -explicou com um ar de tristeza.

- Que tipo de segredo?

- Todos nós temos marcas, cicatrizes, eu não sou diferente... Tenho que ir, até mais.

- Até...

  Gabriel entrou no elevador meio desolado, ele se lembrava exatamente do último dia em que falou com Fernando, foi quando contou sobre o casamento e o chamou para ser padrinho, Gabriel foi embora sem responder e nunca mais o procurou, não queria ver quem ele amava casar com outra pessoa.

  Bruno voltou para o quarto, Diego e Fernando tinha acabado a conversa, eles contaram a razão dela, Bruna já sabia em partes sobre aquilo, então não ficou surpreso, o que o deixou pensativo foi a conversa com Gabriel, o homem lhe parecia boa pessoa, então não abandonaria um amigo por motivos bobos, queria saber o que realmente aconteceu.

  O médico fez alguns exames em Fernando, tudo estava bem e funcionando perfeitamente normal, ele só precisaria exercitar um pouco os músculos, já que ficou muito tempo parado, mas segundo o médico melhoraria com o tempo, o homem então ganhou alta para o dia seguinte, Diego, Bruno e Neusa preparam tudo para o volta dele.

  Uma semana se passou, Fernando já estava em casa, recebendo muita atenção, apesar de já estar quase totalmente normal, mas Bruno não deixava ele sair na rua sem dizer alguma coisa, parecia ter virado o pai do homem. Fernando estava entediado, então se arrumou para sair, não aguentava mais ficar em casa, Diego e Bruno estavam abraçados no sofá, assistindo um filme.

- Vou sair casal! -disse pegando a chave.

- Vai aonde?

- Eu sou o adulto, tenho que tomar rumo na vida, trabalhar.

- Mas você ainda está em recuperação.

- Estou ótimo, volto logo. -Fernando saiu antes que Bruno pudesse dizer mais alguma coisa.

- Relaxa amor, ele está bem.

- Mas o Vítor ainda está a solta, ele pode pegar meu pai para se vingar de mim.

- Não se preocupe, seu pai sabe se cuidar e ele está sendo procurado, não vai dar as caras por aqui tão cedo.

  Fernando começou a andar pelo centro, ele queria ver um salão velho onde funcionava uma antiga mecânica, seria perfeito para o que ele pretendia fazer, conversou com a dona e prometeu dar uma resposta depois, em seguidas andou pelo quarteirão, procurando algo para fazer e deu de cara com Gabriel, ele estava de folga andando pelo bairro.

- Que bom te ver fora do hospital. -disse sorrindo ao ver Fernando.

- Digo o mesmo.

- Como está?

- Ótimo e você?

- Bem, quer tomar um café para conversarmos um pouco?

- Seria maravilhoso, estou entediado na minha casa, meu filho fica o dia inteiro com o namorado e eu tenho que ficar do lado segurando vela. -Gabriel riu.

- Você nunca foi de segurar vela... Namorado?

- Sim, aquele rapaz que ia com ele me visitar.

- Sei, formam um belo casal, você aceita sem problemas? -Gabriel nunca soube da opinião de Fernando sobre o assunto, sentiu uma forte apreensão de perguntar.

- Claro, é meu filho, o amo independente de qualquer coisa.

- Isso é ótimo, fico feliz por você ter se tornado alguém tão bom e de mente aberta... tem uma cafeteria aqui na esquina é ótima para jogar papo fora, vamos?

- Sim!

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