Dormindo juntos. (13)

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  Alguns minutos se passaram, o filme começou a ficar mais assustador e tenso, Bruno já estava quase pedindo para sair, não gostava muito de passar medo e susto, na metade do filme houve uma cena em que um personagem foi surpreendido e teve a cabeça cortada pelo assassino, Bruno se assustou e pulou em cima de Diego.

- Que horror, já acabou?! -perguntou escondendo o rosto no ombro de Diego.

- Calma, não está mais saindo sangue. -Bruno olhou, mas o assassino ainda estava cortando o homem.

- Que droga Diego! -enquanto o rapaz se escondia de novo, Diego começou a rir.

- Relaxa, é só um filme.

- Mas eu não gosto de ver gente morrendo.

- Okay, agora voltou ao normal.

  Uma cena mais tranquila começou, Bruno se virou, mas pegou uma coberta e cobriu parte da cabeça, Diego olhava o rosto bravo dele e ria, mas o filme foi ficando cada vez pior, pois alguns fatos assustadores pareciam bem reais, Diego acabou ficando com um pouco de medo, mas tentava não demonstrar.

- Já acabou? -perguntava Bruno cobrindo a cabeça.

- Não.

- Ele conseguiu pegar a mulher do elevador?

- Ainda não, tira a coberta e tenta ver, não está tão assustador.

- Não! -as cenas finais começaram a passar, Diego tomou um susto.

- Aí meu Deus!

- Que foi?!

- Ele atingiu ela com um taco.

- Morreu?

- Está se arrastando... Agora pegou um fósforo, ela vai explodir tudo!

- Não, eu gostava dela, ela tem que viver!

- Explodiu! -Bruno tirou a coberta para olhar, algumas cenas de uma casa pegando fogo apareceram e no final a frase:"baseado em fatos reais." Eles se olharam um pouco assustados.

- Você trancou as portas e janelas?

- Acho que sim.

- Que medo! -disse Bruno abraçando Diego.

- Você desliga a TV!

- Eu não, você é o dono da casa, se vira!

- Mas você é a visita e vai para o outro quarto.

- Só se você me levar e trancar a porta!

- Tudo bem então fica aqui... Estamos parecendo criança nessa situação.

- Mas o filme é baseado em fatos reais!

- Tem razão... -Diego ligou a lanterna do celular e desligou a TV, em seguida se deitou um pouco longe de Bruno. - Boa noite.

- Se eu conseguir dormir... Como pode me assustar? -Diego riu e colocou a mão no braço de Bruno.

- Desculpa, estou aqui se sentir medo.

  Eles não falaram mais nada, minutos depois Diego percebeu que Bruno já estava em sono profundo, o rapaz se mexia um pouco enquanto dormia e até dizia algumas coisas estranhas, Diego acabou dormindo também, com um pouco de medo de sua máscara sair durante a noite, ou ser tirada.

  Na manhã seguinte, Diego sentiu algo pesado sobre seu corpo, ele abriu os olhos, em cima de suas costas estava Bruno dormindo tranquilamente.

- Você é pesado! -disse verificando que sua máscara ainda estava no rosto e suspirando pela falta de ar. - Acorda, vai me matar.

- Só mais cinco minutos pai. -Diego riu e o empurrou para o lado.

- Bom dia sonâmbulo! -Bruno abriu os olhos.

- Desculpa, isso tinha parado de acontecer...

- Tudo bem?

- Sim, você não tira a máscara nem para dormir e se você babar nela?

- Nunca aconteceu.

- Eu peidei a noite? -Diego riu.

- Não, levanta, temos muito o que fazer.

- Já posso ver meu pai?

- Antes da escola, vamos no hospital.

- Que bom, obrigado.

  Diego foi até o banheiro, Bruno ficou alguns minutos pensando, depois levantou e foi para seu quarto, onde se arrumou, pegou suas coisas e foi até a cozinha, Diego já tinha tomado café antes, para que o rapaz não pudesse ver seu rosto. Eles saíram direto para o hospital, no corredor encontraram o policial da noite que tudo aconteceu, ele os cumprimentou.

- Como está seu pai? -perguntou encarando Bruno em tom de compaixão.

- Vou ver ele agora, mas ainda está em coma.

- Sinto muito, espero que ele saia logo desse estado, mas você está se cuidando?

- Sim, Diego está me acolhendo.

- Ótimo, você precisa estar bem para quando seu pai acordar não ter nenhuma preocupação, eu sempre estou por aqui, se precisar de algo e me dê notícias quando ele acordar, até mais.

- Até, obrigado... -Bruno e Diego olharam o policial se afastar. - Que cara legal.

- E estranho. -afirmou Diego.

- Por que?

- Sei lá, por que tanto interesse em você e seu pai?

- Ele deve ser uma boa pessoa e foi ele quem chegou primeiro antes da ambulância, me ajudou muito na hora tentando me acalmar.

- Suspeito...

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