Vencer através do sangue dos inocentes nunca foi nada além de um mero detalhe no caminho para a glória na vida de Syrena Jaeger. Fruto do breve relacionamento entre um par de vencedores do Distrito 2, a garota passou seus anos se preparando e sonhan...
Depois de comermos em silêncio e apenas o suficiente para mantermos a energia necessária para o banho de sangue, Loki e eu somos acompanhados por nossos mentores até o elevador. Meu pai repete os mesmos conselhos de sempre, regras às quais cresci ouvindo. Não confiar na sorte. Não confiar em nenhum dos outros tributos. Não se apegar a nenhum deles. Quando o número de sobreviventes chegar a oito, sair da aliança ou esperar um momento oportuno para matar todos de uma vez. Caçar os mais fracos. Caçar qualquer coisa viva. Mostrar o que os espectadores desejam ver.
Quando chegamos ao terraço, eles passam rapidamente as informações recentemente atualizadas. Gloss e Cashmere confirmaram nossa aliança com os tributos do Distrito 1 e Chaff, mentor do 11 também pediu que aceitássemos seus aprendizes. Quando pergunto sobre o que Finnick dissera, Hayley revela a mim a pesquisa que fez após as entrevistas, conta a história de Sander, de um jeito corrido e confuso, mas a breve menção a um único nome na vida de meu arqueiro favorito faz-me entender que tenho motivos de sobra para manter distância.
O aerodeslizador chega, em seu funcionamento imponente e silencioso, e pousa. Uma escada é liberada e somos orientados a subir. Olho para o céu uma última vez e depois para os olhos de meu pai, que refletem o mesmo azul celeste, tão caídos e pesarosos, delatando um indício de medo. Tento ignorar, mas aquilo me assusta. Ele nunca teve medo. Nunca. Ele se aproxima, toca meu ombro e o de Loki e nos abraça.
— Não esqueçam o que ensinei — ordena ele — Nem uma palavra.
— Sim, senhor — respondemos em uníssono — Eles são a presa e nós os caçadores.
— Hora de ir, crianças — diz Hayley. Eu a abraço enquanto Loki se despede de meu pai. Ele encosta a testa na dele e ambos rosnam como dois lobos. Hayley me diz para manter os olhos abertos o tempo todo, usar qualquer habilidade secreta que eu tenha caso seja necessário, e mais importante, agradar aos olhos do público.
— Não vou desapontá-lo, pai — digo ao me pendurar em seus ombros de concreto. Loki toca meu ombro e aponta para a mulher responsável pelo transporte dos tributos olhando impaciente para os mais demorados. Então nos afastamos, e para um de nós, para nunca mais voltar.
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Dentro do aerodeslizador, vinte e quatro cadeiras são organizadas de modo que fiquemos de frente para nossos parceiros de distrito. Uma mulher vestida de branco passa inserindo os rastreadores nos braços dos tributos. Alguns reclamam da dor, uma garota pequena chora e assim vai até que todos estejamos rastreados. Posso ver a apreensão nos rostos de alguns deles, a expectativa nos olhos elétricos de Tanner, a expressão focada de Sander e a indiferença de Bronagh. Eu mesma não faço ideia de como estou me portando. Por alguma razão, não sinto medo ou ansiedade. Na verdade, não sinto nada e não faço ideia se é algo bom ou não.
