09. Kai

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Depois de checarmos o lago e certificarmo-nos de que água é segura, foi anunciado na arena inteira que a única fonte de água está em nossa ilha

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Depois de checarmos o lago e certificarmo-nos de que água é segura, foi anunciado na arena inteira que a única fonte de água está em nossa ilha. Tento imaginar as diferentes reações dos outros tributos a aquilo. Aproveitamos para encher algumas das garrafas de aço que trouxemos da Cornucópia, lavarmos as armas que trouxemos conosco e nos limparmos também. Loki e eu conversamos, sentados em um conjunto de rochas mais altas. Ele apoia os braços nos joelhos e olha na direção de Tanner, que lava o sangue de suas armas perto das rochas abaixo de nós

— Eles nos veem como ameaça — começo a explicar, olho em volta disfarçadamente para ter certeza de que ninguém está ouvindo — Não podemos dar motivos para que se juntem contra nós e nos tirem do jogo antes do fim.

— Imaginei — diz ele — É só que me preocupo com nossa reputação. Deveríamos liderar.

— Não se preocupe, irmãozinho — digo bagunçando seu cabelo — Deixe-o pensar que está no comando.

Desço das pedras e caio de pé perto da margem rochosa do lago, espirrando um pouco de água ao meu redor. Aquilo me dá uma sensação estranha de nostalgia. Por breves segundos, sinto-me uma criança espirrando água enquanto piso. Aproximo-me de Tanner e pego minha mochila, procurando meus sais, mas só encontro as facas que usei para cortar os galhos no caminho. Uma onda de desespero me acerta ao pensar na possibilidade de terem sido levados com os corpos dos tributos mortos no banho de sangue.

— Limpei seus sais para você, Syrena — Tanner estende minhas armas, ainda pingando a água que ele usara para lavá-las. Sorrio sinceramente diante da gentileza, pega de surpresa por ela. Ele sorri e continua com seu trabalho.

— Precisa de ajuda? — ofereço, sentando-me ao seu lado. Ele faz que não com a cabeça e olha para Lyra e Nerina, no lago parecendo se divertir muito, como crianças, do mesmo jeito que fiz minutos atrás. Vendo de fora, elas parecem até boas amigas, bem diferente do que vi até agora.

— Devia ir brincar com elas — diz ele — O bom humor da Nove não vai durar muito.

Recuso a sugestão a princípio, mas então me pego pensando nas vezes em que deixei de brincar com as crianças normais para treinar, ou para participar de alguma sessão de fotos com Brutus, Enobaria ou os dois juntos. Não tive uma infância muito plena, e se essa for minha última chance de compensar, por que não? Tiro a regata, a deixo em cima de minha mochila e mergulho. A água é gelada, refresca meu corpo cansado e extremamente quente, levando todo o sangue e culpa com a correnteza.

Submerjo e nado por baixo até o ponto em que a cachoeira cai, onde Lyra e Nerina estão. Elas me puxam pelo braço e me enfiam debaixo daquele chuveiro natural gelado. A pressão da água é forte e cai como uma massagem quando bate em meus ombros e costas. Brincamos de espirrar água umas nas outras, fazemos competições de fôlego nas quais perco propositalmente. Tive incansáveis aulas de natação e apneia nos últimos três anos, a fim de desenvolver a capacidade de passar a maior quantidade de tempo possível sem respirar. Desde os jogos de Annie Cresta, o nado se tornou uma obsessão de meu pai em meus treinos.

73ª Edição dos Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora