07. Lieblingstochter

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A criatividade é um dom que move todo o país

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A criatividade é um dom que move todo o país. É importante para os estilistas criarem as roupas mais sofisticadas, para os tecnólogos inventarem coisas que nem imaginamos que precisamos até se tornarem essenciais, para os escritores escreverem as melhores histórias e para os pintores preencherem telas em branco com verdadeiras obras de arte. Todavia, não há apenas beleza em tal dom. Pode ser uma arma extremamente perigosa nas mãos corretas, ou erradas. Os Idealizadores são mestres nessa arte. E é impossível dormir sabendo que eles estão acordados.

Não consigo visualizar nada concreto quando tento prever que tipo de arena eles prepararam para nós este ano. Tento imaginar uma floresta ou selva e descarto no primeiro instante, é a mais comum de todas e eles provavelmente sabem que a estudei intensamente durante meu treinamento. Depois, tento visualizar uma cidade em ruínas, cheia de entulho e terrenos perigosos; um reino medieval do mundo antigo com castelos e vilas abandonadas; uma ilha; uma mansão caindo aos pedaços com tributos mortos sendo usados para caçar os sobreviventes como na edição de Grill – o ápice da criatividade doentia dos Idealizadores. Tudo é muito e pouco provável ao mesmo tempo, é horrível não ter ideia do que me aguarda amanhã.

Tento não pensar nas entrevistas e nas histórias que ouvi. Não é hora de começar a enxergar os tributos com sentimentalismo e consciência. Devo começar a me portar como a carreirista que sou. Matar, vencer e manter o legado de meus pais. Sem apegar-me a minha humanidade, ela não deve existir. Devo ser uma caçadora. Uma Jaeger.

— Está acordada? — Levanto os olhos, assustada com a súbita presença escondida no escuro entre meu quarto e a porta entreaberta. No entanto, não preciso de luz para saber que se trata de meu pai. O convido a entrar, ele senta na ponta de minha cama, parecendo constrangido por alguma razão.

— O que foi?

— Você tem estado estranha desde que saímos de casa — diz ele — Tenho a impressão de que tem a ver com o que Hayley disse.

Não repondo, mantenho-me em minha posição abraçada aos joelhos, com a cabeça apoiada neles, observando atentamente a expressão no rosto de Brutus. Ele me fita com os olhos extremamente azuis sérios e um tanto caídos.

— Não acho que esteja com medo — continua — Acho que está com raiva. Talvez se sentindo traída, achando que menti para você durante a vida toda.

— Até agora está indo muito bem.

— Antes que você vá amanhã, preciso que saiba que Hayley estava certa sobre quase tudo — agora ele tem minha atenção completa — Eles não querem que os Vitoriosos se sintam superiores. Quando eu venci, me senti imbatível, melhor do que todos eles, poderoso de verdade... sua mãe os desprezou pelo que fizeram com ela e eles logo deram um jeito de nos domar. Não querem esse sentimento vivo, querem submissão. Se um Vitorioso se torna prepotente ao vencer, imagine uma família cheia deles.

73ª Edição dos Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora