11. Sereia

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Ele está morto

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Ele está morto. Mortos não falam. Tento repetir em minha mente incessantemente na esperança de que Loki pare de me condenar por fugir, mandando-me correr mesmo que eu não seja capaz de mover um músculo.

Mas não acontece. Pelo contrário, fica cada vez mais forte, mais perto, mais insistente. Os vultos que correm entre as árvores parecem mais reais, e em todos os lugares. Eu deveria segui-lo, ajudá-lo pelo menos desta vez. Talvez eu consiga salvá-lo desta vez. Mas do que? Ele está morto, Syrena. Não há o que fazer. Ainda assim, parece tão real. Tenho quase certeza que o vi correndo. Se ao menos eu pudesse me libertar e ir até ele. Cerro os punhos até que minhas unhas machuquem as palmas de minhas mãos.

A voz finalmente para, dando-me um pouco mais de tempo de sanidade. Relaxo nos braços de Sander, sem sequer me importar com o fato de que a verdadeira ameaça é ele e não a voz de meu parceiro morto. Talvez Loki estivesse tentando me avisar algo. Talvez toda a história de roubar água seja mais uma armadilha para envergonhar outra vez o nome Jaeger e tudo o que ele representa.

Bronagh anda muito mais à frente, acompanhada por Heinrich e Salkin, do Distrito 3, que continua mexendo no objeto prateado de antes, mesmo enquanto caminha. Heinrich balança o machado para frente e para trás e fala sem parar, parecendo empolgado demais para alguém cercado de Carreiristas.

— Sabe o que seu nome significa? — pergunta Sander depois de um tempo.

— É uma variação de Selene, titã da Lua — respondo — Por que?

— Para mim soa mais como variação de sirena — diz ele — Significa sereia em uma língua morta chamada espanhol.

— E o que diabos é uma sereia?

— Uma criatura mítica muito antiga — ele continua — Ouvimos muito sobre elas no Distrito 4. Vivem no mar. São mulheres incrivelmente lindas da cintura para cima... com uma cauda de peixe no lugar das pernas.

— Oh — ergo as sobrancelhas — E você está me comparando a isso?

— É um elogio — ele ri — Elas atraem os marinheiros e pescadores com seu canto, os seduzem e os levam até o fundo do mar, onde os afogam. Alguns dizem que elas também os devoram, mas prefiro acreditar que a história acaba no afogamento.

— Você realmente acha que eu seria tão cruel? — indago. Como não há resposta, decido perguntar mais sobre a história, talvez, no fundo, desejando saber mais sobre suas opiniões quanto a mim — Há algo de bom sobre essas criaturas tão traiçoeiras?

— Bom... há lendas que dizem que suas lágrimas trazem juventude eterna e que seus beijos curam qualquer coisa — sorrio, satisfeita com a resposta — Mas ambos são praticamente impossíveis de se conseguir. Elas são duronas demais para chorar, e matam os marujos desavisados antes de dar a eles a chance de beijá-las.

73ª Edição dos Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora