Capítulo 3

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"Você não pode controlar as coisas que acontecem com você, mas pode controlar a forma que reage a elas."
Filme: Você de novo

Passei toda a noite chorando. Tinha medo de adormecer e ter pesadelos novamente, mas o cansaço venceu e finalmente adormeci.

- ACORDA! - gritou papai. Fui acordada com um balde de água fria.

Comecei a tremer de frio após todo meu pijama se encontrar molhado.

- Pare! Hoje é o seu primeiro dia de treinamento, arrume-se imediatamente.

Lembro bem do meu quarto, era totalmente rosa e por todos os lados podia se ver alguma boneca ou urso de pelúcia. Ali eu me diverti durante 5 anos, os únicos momentos que pude ser uma criança de verdade. Assim que papai saiu pela porta, mamãe chegou.

- Bom dia, Lu. Vou te ajudar a se trocar - ela disse. Estava com os olhos vermelhos, parecia ter chorado.

Após tomar meu café da manhã, fui até o jardim como papai havia mandado. Tinha receio do que poderia acontecer. Será que teria que matar alguém novamente?

Cheguei e percebi que papai estava parado com Pietro e um homem desconhecido ao seu lado.

- Luna, este é Bartolomeu, seu treinador. Com ele você irá aprender a se defender - papai disse sério - Hoje você irá treinar junto com seu irmão. Não me decepcione!

Bartolomeu era um homem alto, negro e bem forte. Será que sua força poderia ser capaz de impedir papai de ter feito aquilo? Logo fui tirada de meus pensamentos quando papai me empurrou em direção a um tapete que não havia percebido antes.

- Luna, seu irmão é mais treinado do que você, para saber seu nível de habilidades terei que observar uma luta sua com ele - disse Bartolomeu calmamente.

Papai sentou em uma cadeira, enquanto nos observava.

Pietro estava no centro do tapete e permaneceu calado apenas me olhando. Este era bem maior do que eu, este tinha 10 anos na época. Chamava atenção por ser loiro e ter olhos pretos assim como papai, além de um sorriso irônico. Ele era bem diferente de mim, principalmente no modo de agir. Bartolomeu me posicionei a sua frente, e logo escutei papai:

- Podem começar.

- Se eu fosse você levava isso a sério... pode ter graves consequência - Pietro disse vindo em minha direção. Olhei-o confusa, mas percebi o sentido de suas palavras ao ser derrubada no chão com um golpe no estômago.

Meu irmão não poderia estar fazendo aquilo. Ele estava do lado de papai? Este me olhou sorrindo e estendeu a mão em minha direção. Pensei que iria me ajudar, mas assim que me levanto fui atingida por algo nas pernas e fui para o chão novamente.

Comecei a chorar. Porque ele estava fazendo aquilo comigo?

Senti-me zonza e não consegui me levantar, minhas pernas doíam.

- Levanta, LUNA! – gritou papai.

Papai poderia me machucar se desobedecesse. Tirei forças de onde não tinha pra me levantar. Vi Pietro vindo novamente em minha direção sorrindo, o mesmo sorriso diabólico de papai.

Ele me segurou pelo pescoço e me levantou até ficar de sua altura. Comecei a sufocar, não sabia o que fazer, nem como agir. Ninguém iria parar aquela luta? Ele iria me matar. Comecei a me debater, minha visão estava ficando embaçada, até que ele me soltou e cai sem forças novamente no chão.

Pietro me olhou sorrindo antes de virar as costas e sair. Percebi papai caminhando até minha direção.

- Você tem muito que aprender, é fraca assim como sua mãe - disse - Bartolomeu a ensine tudo, se é que é possível com essa garota.

Papai virou as costas saindo do jardim junto a Pietro. Como Pietro pôde fazer isso? Como? Não éramos próximos, porém ele não me parecia agressivo. Isso tudo era culpa de papai.

Bartolomeu caminhou em minha direção e se abaixou, me ajudando a levantar.

...

Nos próximos dois anos, meus dias transformaram-se em uma rotina. No início era sempre acordada com um balde de água fria, que com sorte pararam com o tempo. Meus treinamentos com Bartolomeu ficaram cada vez mais intensos e tive que parar de frequentar a escola por conta dos hematomas, passando assim a frequentar aulas particulares em minha própria casa, escondida de qualquer um que poderia desconfiar. Aprendendo todos os golpes possíveis meu corpo começou a mudar, estava cada vez mais forte e me acostumando com as dores que se tornaram comuns. Comecei a estudar o corpo humano, aprendi suas fraquezas e o que podia acontecer. sabia golpes que poderia matar em alguns minutos. Após um ano foi introduzida facas em meu treinamento e em pouco tempo já tinha habilidades para arremessá-las.

Meu pai estava conseguindo me transformar na arma que queria.

- Irei observar seu treinamento hoje, Luna - disse papai.

Comecei a treinar alguns golpes, porém tinha dificuldade em um deles. Pratiquei milhares de vezes e o semblante de papai parecia cada vez mais assustador.

- IDIOTA! Você não consegue fazer nada? - gritou papai - Vou lhe mostrar como se faz.

Engoli o choro e tentei me manter firme, até que fui atingida fortemente com um golpe no rosto. Cai no chão no mesmo instante e percebi que sangue saia de meu nariz. Senti o gosto de sangue em minha boca.

- FILHA - Gritou mamãe, vindo em nossa direção. Não percebi que ela estava observando o treino.

- O que você fez com e.... - ela gritou, porém foi interrompida com um forte tapa no rosto.

E foi nesse dia que vi pela primeira vez meu pai espancar minha mãe, a pessoa que mais amava na vida. E o ódio começou a crescer dentro de mim.

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