Capítulo 62 - Final

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"Não sei se a morte é maior que a vida. Mas o amor é maior que elas."
Tristão e Isolda

Sentia que podia receber uma má notícia a qualquer momento. Eu não podia perdê-lo e muito menos sem uma última conversa, sem dizer o que sinto. Durante um bom tempo permaneci com Pietro sentada em um pequeno sofá no hospital. Médicos circulavam o local a todo momento, além de pessoas gravemente feridas e famílias desesperadas.

- Família de Lorenzo Cesari? - Um médico diz com uma ficha em mãos.

Levanto-me rapidamente indo até ele e Pietro logo vem até mim.

- Sim? Ele está bem?? - pergunto.

- O paciente acaba de sair de uma cirurgia, está estável por enquanto. A bala estava em um lugar de difícil acesso e ele acabou perdendo uma grande quantidade de sangue - diz - Fizemos tudo o que podíamos, mas ele ainda corre um grande risco. Infelizmente a recuperação dele está somente nas mãos do mesmo.

- Eu preciso vê-lo - digo rápido.

- Senhora, ele não está apto para receber visitas no momento - o médico diz.

- Ninguém vai impedir que eu entre naquele quarto. Absolutamente ninguém! - digo séria.

O médico logo me olha assustado e diz sem graça:

- Tudo bem... a levaremos até lá.

- Quer que eu vá contigo? - Pietro pergunta.

- Não, por favor - digo - Preciso ficar a sós com ele.

- Tudo bem - ele diz sorrindo - Te espero aqui.

Sorrio de volta e logo sou guiada até o quarto de Lorenzo pelo médico. Sou direcionada para um corredor e a cada passo sentia como se meu mundo fosse desabar...

- Ele está sedado, mas deve acordar a qualquer instante - o médico diz assim que chegamos a porta.

Eu estava a todo momento tentando impedir que as lágrimas viessem. Devo me manter firme, me mostrar forte para ele, porque somente assim este poderá se recuperar. Entro no quarto e meus olhos logo caem sobre Lorenzo, o mesmo estava em uma cama com diversos aparelhos em sua volta, se encontrava extremamente pálido e uma faixa rodeava seu peito.

Vou em direção a cama e sento ao seu lado e é difícil olhá-lo daquela maneira. Logo pego uma de suas mãos e começo a encará-la. Poderia ser a última vez que o veria e pensar que este estava ali por minha culpa era ainda pior.

- Você estava ali a todo momento... durante toda minha infância e eu nunca te enxerguei. Na verdade, eu não havia enxergado absolutamente ninguém, a minha frente só havia armas e utensílios de luta - começo a dizer baixo - Tudo poderia ter sido diferente se eu tivesse te respondido naquela festa, talvez hoje você não estivesse assim...

Minha voz começa a falhar e eu sinto uma tristeza imensurável.

- Nessas últimas semanas eu descobri um sentimento novo... um sentimento que nem ao menos sabia que poderia sentir. Você o despertou em mim, Lorenzo, e não sabe como isso me deixou - digo olhando para seu rosto desta vez - Mas quando descobri a verdade me senti traída, manipulada. Tudo aquilo se transformou em ódio e logo fiquei cega novamente. Aquele dia quando cheguei até você imaginei que ao te bater ou até mesmo o matar tudo se resolveria, mas não...

Ao dizer isso eu me lembrava de tal acontecimento, de cada detalhe. E me sinto péssima ao perceber o que tinha feito.

- Aquilo só fez com que me sentisse pior... Pior por ter batido em uma pessoa que eu me importava, ameaçado matar alguém que eu só desejava o bem apesar de tudo. Uma pessoa em que...

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