Capítulo 20

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"Foi há muito tempo, mas descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar."
O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini

Amava o que fazia, apesar de todas as dificuldades que encontrei pelo caminho. Durante anos estava no lado oposto, ao lado dos bandidos, hoje sou o terror de cada um deles.

Após resolver os últimos detalhes da última investigação vou para casa. Entro em meu Audi R8 preto e sigo tranquila até lá, estava exausta depois de toda aquela burocracia.

Após esses anos trabalhando para a CIE minhas condições de vida haviam melhorado bastante: havia comprado uma cobertura em um dos prédios mais concorridos da cidade.

Minutos depois chego em meu apartamento. Guardo meu carro na garagem e subo pelo elevador, morava no 10° andar.

Apesar do tempo, aproximadamente dois anos, que morava ali não possuía contato com os vizinhos, mesmo tendo mudado de vida ainda possuía riscos. Muitos sabiam o que fazia e isso atraia um grande número de pessoas, principalmente aqueles que apresentavam alguma empatia com a minha pessoa.

Abro a porta de meu apartamento entrando no mesmo. Olho no relógio e vejo o horário: 10 horas da noite. Somente agora me dou conta que não havia comido nada desde a hora do almoço. Vou para a cozinha preparar algo, apesar de cansada tinha que estar bem amanhã para o trabalho.

Vasculho os armários de minha enorme cozinha, ao encontrar alguns ingredientes começo a preparar uma simples macarronada. As vezes pergunto-me se não devia ter comprado um lugar menor. Era muito espaço para uma única pessoa.

Depois de comer sigo para meu quarto, precisava descansar. Tomo um banho e vou me deitar. Logo pego uma foto na qual olhava todas as noites antes de dormir.

Era de minha mãe. Ainda me lembro do dia que fugi e consegui pegar a foto junto com as joias. Ela estaria tão orgulhosa da vida que estou levando, se Dom não a tivesse matado poderia estar aqui junto a mim.

Todos esses anos podem ter se passado, porém sua presença estava sempre em minha memória e sempre estará. Lembro de seu sorriso, que me acalmava em várias situações; e tua voz suave que a fazia parecer um anjo. Foi com suas lembranças que acabei adormecendo.

...

Acordo e não reconheço o lugar onde estou. Aquele não era o meu quarto!

Estou com as roupas cobertas de sangue. Mas o que era aquilo? Estava em um cômodo totalmente branco. E o vermelho em minhas roupas se destacam em meio a claridade. Levanto-me e começo a procurar uma saída, porém não consigo encontrar uma única porta.

Percebo que há algo próximo a parede. Aquilo era um corpo!? Resolvo me aproximar, a medida que andava o corpo parecia cada vez mais distante. De repente, algo me para, não consigo me movimentar. Era como se algo me fizesse congelar.

Vejo que começa a escorrer sangue pelas paredes e o branco sendo substituído por vermelho em todos os lugares. Tento desesperadamente me movimentar, uso toda a minha força, mas nada acontece.

Em alguns instantes, o corpo que estava a distância se levanta e começa a se aproximar. Era o único que ainda manifestava a cor branca. Não demorou muito para que visse quem realmente era...

- Mãee!! - grito.

Ela continuava a vir até mim sem nenhuma expressão. Assusto-me ao ver sua feição mudar para dor e susto. Sua roupa que era totalmente branca começa a transparecer um tom vermelho a partir de seu peitoral. Precisava salvá-la! Precisava me soltar!

AGORA!

Uma força inacreditável surge em mim e eu finalmente consigo me mover. Mas antes de chegar até ela seu corpo cai sem vida. E rapidamente o vejo, o homem que a havia matado: Dom. Ele sorri para mim com uma enorme faca ensanguentada em mãos. De repente, tudo se apaga e a escuridão toma o local.

- Por que você não o impediu, Luna? Você podia ter parado ele - Escuto a voz de Matteo, porém não vejo nada ao meu redor.

- Você continua fraca! Do mesmo jeito que estava quando foi obrigada a atirar em mim - escuto Giovanna dizer.

Começo a andar na escuridão a procura de cada um deles.

- Tudo foi sua culpa. Sua culpa! - escuto a voz dos dois que pareciam estar cada vez mais próximos.

- Parem! - grito.

- Acha mesmo que irá se livrar tão facilmente de todos os seus pecados - Matteo diz.

- Calem a boca! - continuo a gritar vasculhando a escuridão.

- Você pagará por tudo o que fez, Luna! - Giovanna diz sussurrando ao meu lado.

Rapidamente voo em sua direção, porém perco o equilíbrio e caio de joelhos no chão. Eles continuam a repetir, até que a sala fica em silêncio novamente.

Começo a escutar um choro baixo. Levanto-me e vou em direção ao barulho.

- Filha! - reconheço a voz, era minha mãe - Você prometeu, porque permitiu que eu morresse?Por que ?

Corro por todos os lados a sua procura, porém era impossível sem nenhum iluminação. Seu choro parecia cada vez mais intenso e ecoava por toda a sala.

- Mãe! Desculpe-me - digo - Eu fiz absolutamente tudo para lhe proteger.

- Você é a culpada de tudo, foi responsável por minha morte e não impediu que acontece-se.

- Não, não fui. Me desculpe - caio no chão e tampo meus ouvidos, não queria continuar ouvindo aquilo. Continuo assim por alguns minutos.

Percebo que tudo havia se silenciado, porém continuava escuro. Sinto algo gelado encostar em meu queixo.

- Levante! - Não tinha como não reconhecer aquela voz.

Dom começou a levantar meu rosto com o cano de sua arma.

Levanto-me lentamente. Após estar totalmente em pé, ele posiciona sua arma em minha cabeça.

- Acho que quem morrerá primeiro será você, querida filha - ele diz.

Ao dizer isto ele dispara.

...

Acordo assustada e suando frio.

*****
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Bjs ❤

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