Capítulo 37

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"Odiar o próximo é fácil, e até pode ser um alívio. Odiar a si mesmo é muito pior: é um sentimento insuportável."
Javier Moro

Realmente venho me assustando com o rumo que este caso vem tomando. A cada dia que passa uma nova descoberta e um novo mistério. O mais estranho é que junto a ele eu venho recebendo tais ameaças. Poderia suspeitar de Dom, porém ao saber da morte do mesmo essa possibilidade foi descartada.

Passei o dia anterior atordoada. Ninguém havia visto algo de suspeito, aquela caixa simplesmente surgiu ali.

Enviei a caixa para a agência para obter alguma resposta, porém não foi encontrada nenhuma impressão digital e o sangue encontrado era de algum animal, não era sangue humano.

Durante a noite leio um pequeno relatório que informava tudo sobre a máfia italiana. Sovranità é considerada atualmente a maior máfia da Itália. Esta vem sendo envolvida em casos de tráfico de órgãos e prostituição. Segundo informações tem se expandindo para além de suas fronteiras nacionais e seu líder, Allan Ferdithi, era conhecido por ser impiedoso com seus inimigos, além de ser extremamente manipulador.

Um dos maiores inimigos da máfia é Henrico Salvatore, Dom da antiga Cerca Potere.

Adormeço lendo o relatório. No dia seguinte acordo bem cedo para a viagem. Já havia preparado uma pequena mala com os itens necessários. Passo na agência para decidir os últimos detalhes e vou com Lorenzo até o aeroporto.

Ele continua quieto demais. Acho que talvez ele ainda esteja assustado com o fato de eu ser filha de um mafioso.

- Desculpa. Não sei como reagir depois que descobri sobre seu passado - ele diz dentro do avião.

- Eu entendo sua reação, não foram todos que aceitaram isso bem - digo - Mas espero realmente que isso não interfira no nosso trabalho.

- Você deve ter enfrentado muitas dificuldades na agência por causa disso, não é? - diz.

- Um pouco. Mas não gosto de falar disso - digo séria.

- Tudo bem. Sem problemas - ele diz sem graça.

O voo foi bem tranquilo até que chegássemos a Itália. Fomos direto para a filial da agência planejar como chegaríamos a Allan. Logo descobrimos que havia um presidiário que havia trabalhado para a máfia. Este foi preso durante um ataque da própria máfia contra ele. Dessa forma, desejava vingança para a mesma.

Eu e Lorenzo decidimos ter uma conversa com tal homem para descobrirmos algumas pistas.
Fomos para a delegacia no qual o mesmo se encontrava, uma sala de interrogatório já estava preparada.

- Muitos já me interrogaram. Mas vocês são novos por aqui - ele diz assim que chegamos.

- Trabalhamos para a CIE na Suíça - digo - Fiquei sabendo que trabalhou para a Sovranità, certo?

- Certo, infelizmente estraguei minha vida trabalhando para o bastardo do Allan.

- Precisamos que você nos diga tudo o que sabe sobre seu chefe - Lorenzo diz - Sei que está irritado com o que aconteceu.

- E por que diria a vocês? - ele diz.

- Para não ser morto dentro da cadeia por seus colegas da máfia - digo - Podemos garantir que fique em uma cela isolada dos outros por ter nos ajudado. Você não é burro o suficiente para achar que está em perigo somente do lado de fora.

- Mas é claro que não. Ajudo vocês, mais por você do que por ele - ele diz com um sorriso.

- Você está fazendo isso por você próprio, não por mim. Agora diga - respondo séria.

- Allan sempre fica em uma área isolada da cidade. Porém, em um único dia da semana ele vai até o maior prostíbulo daqui, no qual ele é o dono. Ele faz isso para vigiar o local. Evitar golpes contra ele.

- Qual exatamente é esse dia? - pergunto.

- Toda sexta. Tem uma área secreta neste prostíbulo. Você consegue contato com ele de duas maneiras. Ou você invade o local, totalmente vigiado ou você fala com um dos balconistas do bar - ele diz - Ele teria que aceitar sua visita. O que acho bem difícil.

- Como iremos pegar esse cara, Luna? - Lorenzo pergunta.

- Espera aí. Você se chama Luna? - o preso diz.

- Sim, por que? - digo sem entender.

- Luna? Uma das herdeiras da Cerca Potere? - ele diz admirado - Se você for mesmo a tão famosa Luna, você consegue contato com Allan.

- Como? - digo sem entender.

- Allan é fascinado por sua história, se é que é verdadeira. Ele odiava o falecido Dom e é doido para conhecer o maior inimigo dele: Luna.

- Isso pode nos ajudar - Lorenzo diz.

Não achava certo utilizar meu passado para realizar tal coisa, mas não havia outra escolha.

- Certo. Obrigada - digo para o homem.

Saimos da sala e voltamos para a agência. Precisamos organizar o plano perfeito para falar com Allan, estaríamos em risco estando em sua área.

- Teremos que ir apenas nós dois - digo - É arriscado, mas não há outro jeito.

- Teremos que nos disfarçar - Lorenzo diz - E o que faremos com as armas?

- Temos que escondê-las e levar o mínimo possível, somente para proteção - digo - Ele não arriscaria matando a gente lá dentro, todos da equipe saberão nossa localização e isso acabaria com os negócios dele.

- Exatamente. De qualquer forma é necessário tomar muito cuidado - ele diz.

Iríamos até o local apenas durante a noite. Ao chegar o horário, eu e Lorenzo nos encontramos em frente ao prostíbulo. Estávamos com roupas mais apropriadas para a noite e nossas armas bem escondidas.

Observamos a movimentação do local, haviam homens armados em todas as partes, porém isso não parecia intimidar os vários clientes que não paravan de chegar ao local.

Entramos no local sobre os olhos do segurança que ficava na porta.

- Disfarce - digo para Lorenzo.

O local possuía pouca iluminação e o cheiro de cigarro e álcool não demora a chegar até nós. Haviam pequenos palcos espalhados por toda a área, onde algumas garotas dançavam semi nuas enquanto alguns homens jogavam dinheiro em direção as mesmas. Fomos até o balcão ignorando tais cenas.

Um homem forte nos atende.

- Em que posso ajudá-los? - ele diz nos examinando.

- Queremos falar com seu chefe - digo calmamente.

- Ele não está, irão querer algo para beber?

- Diga a ele que quero muito ter uma conversa com ele - digo.

- Já disse que não sei do que está falando - ele diz.

- Queremos falar com Allan, sabemos que ele está aqui hoje. Sou Luna Salvatore. Filha do Dom, da antiga Cerca Potere.

Ao dizer isso o homem me olha surpreso.

- Irei chamá-lo, mas saiba que se estiver nos enganando tenho certeza que Allan irá dar um jeito nisso.

- Te dou minha palavra - Digo séria.

O homem entra em uma pequena porta e após alguns minutos volta com um olhar sério.

- Venham! Allan está lhe esperando - ele diz.

Ele permite que passemos pelo balcão e logo em seguida pela porta. Entramos em uma pequeno corredor e podemos ver um escritório logo ao fundo. Ao entramos vimos Allan, o mesmo estava em uma mesa e jogava cartas com mais 3 homens.

Ele me olha e logo em seguida diz:

- Enfim, conheço a lendária Luna Salvatore...

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