"Quantas vezes terei que viver as mesmas coisas em situações diversas?"
Clarice Lispector
Tinha feito 7 anos havia aproximadamente duas semana. Me sentia aliviada por papai não ter me feito presenciar nenhuma tortura, mas não imaginava o que estava por vir.
- Não acredito que você veio treinar comigo hoje! – disse para Pietro.
Naquela manhã iriamos treinar arremesso de facas e pela primeira vez ele estava comigo naquele tipo de treinamento, visto que este não treinava junto à mim.
- Eu só estou aqui porque preciso treinar, não por você, então não me enche - disse pegando uma faca.
Era sempre assim, tentava conversar e ele respondia com a mesma agressividade de papai. aquilo só fazia com que me afastasse cada vez mais deles.
Todos os alvos a nossa frente eram em forma humana, Bartolomeu havia nos dito que isso nos ajudaria a aprender todos os pontos vitais de nossos inimigos. Estava ali para me superar, então ignorei a presença de meu irmão e comecei o meu treino. Após acertar todos os pontos que nosso treinador tinha determinado parei para descansar, logo percebendo a presença de meu pai na porta de entrada para o jardim. Meu corpo congelou, sua presença ainda me causava medo, mas o que ele estaria fazendo ali?
- Luna, iremos sair, arrume-se – disse sério.
Minutos depois já estava dentro do carro com meu pai. Imagens de torturas me vieram a cabeça. O que me esperava desta vez? Por conta do medo permaneci calada durante todo o caminho. Ao perceber o carro parando voltei para realidade vendo que estávamos no mesmo sítio daquele dia horrível.
- Reconhece este lugar, Luna? - Papai disse com um sorriso diabólico.
Abaixei a cabeça, preferindo me manter quieta. Em minha mente milhares de perguntas aparecem. Será que ele faria comigo o mesmo que fez com Matteo?
Chegamos àquela mesma garagem. Daquela vez, para minha surpresa vi uma mulher amarrada em uma cadeira, amesa com aqueles materiais de tortura continuava ali, exatamente do mesmo jeito, mas no meio de tudo aquilo uma caixa de presente me chamou a atenção.
Papai foi em direção a mesa e voltou com o presente.
- Pensou mesmo que não ganharia nada de aniversário? - ele disse.
Não entendia o que estava ocorrendo, papai nunca me presenteava com nada material. Devido a curiosidade comecei a desembrulhar aquele presente. Levei um susto ao abrir a caixa, era uma arma.
Eu nunca havia pego em uma, apenas utilizava facas em meu treinamento. Como se atirava com aquilo?
- Pegue-a Luna, ela será sua companheira durante muito tempo. Está na hora de passarmos para a próxima fase de seu treinamento - papai falou sorrindo cinicamente para a arma - E você irá aprender a utilizar em grande estilo. Que tal utilizar aquela mulher como alvo?
Arregalei os olhos assustada ao ouvir aquilo, ele só podia estar brincando. A mulher, que permanecia quieta, começou a se desesperar, assim como eu.
- Não, papai. Não posso fazer isso - disse começando a chorar.
- Você não tem que escolher, Luna - disse sério - Sabe qual é a segunda lei da Cerca Potere? Obediência. Então obedeça e sem choro.
Fiquei em silêncio após sua fala. Tinha apenas 7 anos, porque matar alguém assim?
- Não me faça perder a paciência, garota - ele gritou.
Papai começou a caminhar em direção a mulher que aparentava estar cada vez mais desesperada.
- Giovanna fez algo que não aceitamos aqui na máfia e vai caber a você se vingar por todos nós - disse sério - Ela tentou destruir uma das famílias, coisa que não é permitido. Você aceitaria que ela fizesse isso com a nossa?
Em seguida papai veio em minha direção e após me explicar como utilizar uma arma, colocou-me em frente a Giovanna.
- Quero que atire nela, Luna. A puna pelo erro cometido.
- Papai... Não - comecei a chorar. Estava com medo, não queria tirar mais uma vida.
- Não me venha com choro, Luna. Atire logo - Ele gritou.
- Não papai, por favor, eu não quero fazer isso...
- Sou o Dom dessa máfia, você sabe o que isso quer dizer? Você deve me obedecer sem pensar, você é como se fosse um animal que me deve obediência acima de tudo. Agora deixe de ser a inútil que você sempre foi e faça o que estou mandando.
Ao falar isto papai agarrou meu braço com força, olhou em meus olhos de uma forma furiosa e sussurrou:
- Não vai querer ficar no lugar dela, vai?
Senti o ódio em cada parte do meu corpo, encarei seus olhos e não o vi mais como meu pai, apenas um homem que infelizmente me criou.
Peguei a arma a engatilhando logo em seguida, mirei no peito de Giovanna, um dos pontos fatais que Bartolomeu mencionou. Olhei nos olhos da mulher sentada a minha frente, vi uma lágrima escorrendo por seu rosto, seus olhos pareciam implorar para que eu não fizesse aquilo, seu medo e desespero estavam transmitidos ali, mas estranhamente aquilo não me comoveu nem um pouco naquele momento.
Atiro.
A força da arma me fez cair. Vi que a bala acertou em sua garganta e sangue começou a manchar suas roupas e todo o chão.
O ódio começou a ser substituído pelo arrependimento, logo senti o gosto salgado das lágrimas que escorreram pelo meu rosto enquanto me deparei com o sorriso de papai, aquele homem que estava conseguindo o que tanto queria, o que ele não imaginava era que meu ódio iria me tornar uma arma mortífera.
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Bjs ❤
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Vendetta
ActionOBRA REGISTRADA - PLÁGIO É CRIME E IREMOS DENUNCIAR - SUA INÚTIL! Será que nem uma arma você consegue segurar?! E essas foram as doces palavras que recebi de meu pai no meu aniversário antes de tudo acontecer, tinha apenas 7 anos na época. Qualquer...