Capítulo 11

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"Há homens que nunca mataram e que, no entanto, são piores que os que mataram seis pessoas."
Fiódor Dostoiévski

Em diversos momentos procurei um sentimento bom em minha vida. A cada morte feita a partir de minhas próprias mãos minha humanidade desaparecia, perdia a inocência, a bondade. Mas nunca vou esquecer aquele momento, aquele em que eu realmente fiz algo que acreditava que era certo. O dia que acreditei que poderia me tornar uma pessoa melhor, que ainda havia esperança.

...

Estava em mais uma aula de tiro. Bartolomeu me parabenizava por cada tiro certeiro nos alvos a minha frente, quando Dom interrompeu o treinamento.

- Preciso de você em meu escritório, imediatamente - ele disse.

- Certo - disse guardando todas as armas.

Já imaginava o que vinha pela frente, algo contra a máfia havia ocorrido e provavelmente teria que entrar em ação. Chegando ao escritório vi Dom sentado em sua mesa e Pietro afastado examinando alguns papéis.

- Sente-se, Luna - Dom começou - A conversa pode ser longa.

Neste momento Pietro percebeu minha presença no local, olhou em minha direção e seu semblante ficou sério.

- O que ela está fazendo aqui, pai? - ele disse.

- Pietro, não se envolva nisso, você já não participa desta parte - Dom respondeu, olhando para mim logo em seguida - Luna, a alguns meses percebemos que algumas crianças que seriam vendidas a certos casais desapareceram. Achamos que alguém de dentro esteja traindo nossa máfia.

- Pietro estava no comando da investigação, porém tem deixado muito a desejar, assim como em outras missões e não descobriu quem é o culpado - Ele continuou.

- Eu já consertei o meu erro, tenho direito de errar. Você... - Pietro começou a vir em nossa direção.

- Cale a boca, garoto - Dom disse o interrompendo - Antes que mande você se retirar daqui. Continue a resolver o que estava fazendo.

Não consegui me conter e soltei uma risada baixa. Pietro me olhou irritado antes de voltar para onde estava.

- Continuando... depois de muito esforço, achamos o culpado, conseguimos testemunhas, porém, o endereço é desconhecido.

- Como que você contrata alguém e não sabe o endereço dessa pessoa? – Disse sem entender.

- É... Foi um erro de um dos nossos - ele olhou em direção a Pietro - Pelo que parece é um funcionário novo, indicação de um dos nossos parceiros.

- Já tentou obter o endereço com quem indicou o sujeito? - perguntei séria.

- Ele foi morto a uma semana, acharam seu corpo jogado no fundo de um dos galpões, mas não achamos o culpado.

- No local do crime vocês acharam algum celular ou algo que nos ajude? – disse.

- Apenas um celular descartável - Dom respondeu.

- Posso ver se tem algo suspeito?

- Claro. Você pode pegar o celular, Pietro? - Dom disse.

Pietro saiu do escritório reclamando, mas logo voltou com o celular em mãos.

- Eu já verifiquei tudo, não tem nada. Não sei porque olhar - Ele disse entregando-me.

- Não custa nada verificar, irmãozinho – disse com um sorriso no rosto.

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