PNF - Capítulo 21

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Como a Carioca_Santos disse, o Mig tá há uma semana parado na porta esperando pra entrar kkkk, então, aqui está o capítulo como prometido 😘

***

[Rodrigo Aguilar]

Estou sentido algo sair do meu corpo. Acho que é minha alma.

Eu estava certo, poderia passar milhões de anos e eu ainda o reconheceria. Ontem no mercado, quando ele fugiu de mim, eu já tinha tido essa confirmação, mas agora, parecia que tudo tinha se tornado ainda mais real. Ele estava ali na minha casa!

Não desviei meus olhos dos seus nem por um segundo, com medo que ele pudesse desaparecer novamente e ele, por sua vez, também parecia assustado demais pra olhar em outra direção que não fosse diretamente pra mim. Miguel Sobral estava na minha casa, eu mal podia acreditar nisso, por isso, ficava repetindo a mim mesmo num looping infinito.

Depois de 20 anos, depois de ele ter fugido de mim no mercado e depois de tudo que passamos quando ainda éramos adolescentes. Ele estava de volta bem ali diante dos meus olhos!

Nós teríamos ficado ali naquele estranho mundo de nos encaramos, presos nos nossos próprios pensamentos pra sempre sem sequer dizermos uma palavra, mas barulhos de vozes e sorrisos fizeram com que nós acordássemos e voltássemos pra realidade. Vi Clara com meu filho, que mantinha uma mão em sua cintura e olhava pra ela apaixonadamente, e foi só então que a ficha caiu.

Ele era... pai da Clara?

Eu sei que já deveria ter percebido isso antes, e que não faria algum sentido ele estar na minha casa por qualquer outro motivo, mas porra, eu vinha sobrecarregado demais com todas as novas emoções.

O Miguel era o pai da Clara.

A porra do meu namoradinho de adolescência agora era pai da namorada do meu filho. Como isso foi acontecer? Por quê?

O quão fodido eu sou na vida? Deus só pode estar tomando sorvete e rindo da minha desgraça agora.

—Então Rodrigo, esse é o meu pai Miguel. Pai, esse é o Rodrigo, pai do Yuri.

Já não era mais preciso explicações, mas ainda sim eu tentei sorrir pra Clara enquanto ela me apresentava o moço ao qual eu beijei por uns meses antes dele ser jogado em um avião e ser mandado embora do país.

Eu não sabia como agir e reagir, por mim, faríamos uma enorme fogueira no chão da sala e conversaríamos sobre tudo que aconteceu, ou nos atiraríamos nela mesmo. Mas, um pouco diferente de mim, e bem mais centrado, vi quando ele retomou a postura e tomou uma atitude. Engoli o bolo que se formou na minha garganta quando o vi se aproximar.

—Oi, prazer, Miguel.

Ah, claro, vamos fingir que não nos conhecemos.

—Rodrigo.

Tentei lançar um sorriso descente, e que não parecesse muito com o de uma hiena adestrada, quando estendia a mão para tocar na sua. Ele fez o mesmo e também sorriu forçado, olhando pra mim e tentando disfarçar o incomodo.

Posso falar? Que homão da porra que ele tinha se tornado. O cabelo já não estava mais tão loiro como antigamente – mais puxado pro castanho claro – e ele tinha crescido consideravelmente, ganhando alguns músculos e porte de homem. Posso falar de novo? Deu vontade, salivei.

—Pai, será que minha mãe vem ou ela já se esqueceu? Tô tentando mandar mensagem, mas ela não está online. – Yuri parecia decepcionado, aquele jantar era mesmo importante pra ele. Isso fez com que eu tentasse me recuperar e passar a agir normalmente. O que a gente não faz por um filho, né.

Por Nossos FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora