PNF - Capítulo 37

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[Miguel]

O itálico no começo se trata do passado, turobom? Depois voltamos a programação normal.

E talvez, o capítulo não seja recomendado para menores de 18 anos rs, tá. Mamãe ama vocês 🤧

***

—Papai, conta uma história pra mim?

Seus dedinhos estavam enrolados em meu moletom, impossibilitando que eu me afastasse e permanecesse sempre a vista dos seus olhos atentos. Ela sempre fazia isso depois que passávamos muito tempo longe um do outro e eu imaginava que fosse por medo de que eu sumisse de repente. Ajustei mais o edredom em volta do seu corpo depois de colocá-la na cama, me certificando de que apesar do aquecedor ela estaria bem aquecida naquela noite fria, mas eu sabia que aquilo não iria durar muito tempo, já que eu sempre acabava servindo de travesseiro nos dias que estava em casa.

—Uma história... deixa eu ver... – Eu não era nada bom com aquilo, não me lembrava de ter ouvido muitas histórias quando era pequeno e duvidava que fosse lembrar de alguma, então tratei de inventar uma. – Once upon a time...

—Em por- portu... português papai. – Me interrompeu, deixando claro o modo como ela queria, enquanto coçava os olhos e lutava contra o sono.

—Tudo bem...hum, era uma vez uma princesinha muito bonita e muito inteligente também, era uma princesa muito especial, sabe, com cabelos dourados e olhinhos coloridos... você acredita, um castanho e outro verde...

—Igual eu!!

Ela se animou com a minha história, ficando espantada com a coincidência no auge da inocência dos seus 5 anos. Sorri concordando, tocando seu nariz com a ponta dos dedos e continuando:

—Ih, é verdade, igualzinha a você. Mas, diferente das outras princesas, essa não tinha nenhuma missão em especial ou um vilão que queria matá-la.

—Nenhum vilão papai? Por quê?

—Porque nem sempre existem vilões reais ou com objetivos claros, nós que precisamos ficar atentos... Ela era só uma princesa e seu único objetivo era ser feliz ao longo da vida. Crescer saudável, se aventurar às vezes sim, passar por todas as dificuldades que irão surgir e lutar pelo que ela quiser. Ela é uma princesa da vida real, igual a você e eu.

Talvez não fosse a melhor história pra se contar a uma criança que esta esperando por carruagens magicas, animais falantes e maças encantadas, mas eu queria me manter o mais fiel possível a realidade, sem ter que inventar nada e prepará-la para coisas reais.

—E o príncipe? – Perguntou, provavelmente já acostumada com o aparecimento dele nas outras histórias ouvidas por e eu tive que fazer uma adaptação:

—Eventualmente o príncipe vai aparecer pra ela, um dia ele vai, mas ela precisa aprender a se salvar sozinha também, ser forte e só precisar dele se quiser... sim? Concorda Clarinha?

Completei sorrindo, carinhosamente alisando seus cabelos e ela mais que rapidamente se desenrolou do edredom e pulo em cima de mim, me abraçando forte e se aconchegando nos meus braços. A envolvi e a protegi do frio, beijando o topo da sua cabeça e acariciando seus braços.

—Te amo papai.

—E eu amo você. Um dia você vai encontrar alguém especial, alguém que você queira estar pra sempre, sem se importar com mais nada.

—Você também papai.

...

... como isso pode ser possível? Nem faz sentido, Rodi.

Por Nossos FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora