Por Nossos Filhos

PNF - Capítulo 29 - PARTE II

O amanhã ainda é hoje se eu não fui dormir ainda, né??? Aqui tá a segunda parte do capítulo que eu precisei dividir pq o wtt estava surtado. Obrigada AnaCampos27 por ajudar essa pobre cadelinha (no caso eu) a se lembrar das obrigações kk ❤️
***

[Miguel Sobral]

—Quer dizer... estar vivendo tudo isso aqui, estar de volta ao Brasil, ter sua filha namorando com meu filho, não te faz pensar nem um pouquinho no passado? No nosso passado?

Confesso que demorei mais tempo do que o normal e do que é realmente necessário para formular uma resposta para aquilo, não digo que aquela pergunta me pegou desprevenido, quando se convive muito com o Rodrigo, você é acostumado a esperar por tudo – e eu me lembrava disso –, mas eu não estava preparado para respondê-la. Eu sequer tinha uma resposta pré-preparada e não tinha dado tempo de pensar nisso algumas horas antes de ser pego de surpresa. Mas agora eu estava ali e sabia que ele não iria sossegar até que eu o respondesse de uma maneira bem sincera e acabasse de vez com suas duvidas.

—Acho que o passado foi feito pra ficar justamente lá... no passado.

Dei de ombros, sendo o melhor que consegui até então, mas eu sabia que não seria suficiente e pela cara que ele fez, eu tive a certeza disso. Inicialmente ele sorriu pro nada, mesmo achando que não havia motivos pra isso, e logo depois voltou a me encarar.

Instintivamente desviei o olhar e tornei a encarar a câmera em minhas mãos e a miniatura da foto que eu acabara de tirar por ela, a iluminação havia ficado exatamente do jeito que eu queria e isso era um bom sinal. Mas mesmo estando focado naquilo, pude sentir seu olhar queimar em minha direção, certamente em busca de mais alguma coisa que eu pudesse falar ou demonstrar a respeito do assunto. Ele deve ter se tornado o observador que estava se mostrando conforme o tempo passou, pois eu não me lembrava disso quando éramos jovens, e por mais que eu tentasse disfarçar, naquele momento tudo se tornou muito difícil de ignorar, e olha que eu tentei.

Porque ele sempre tinha que surgir com esse assunto ou até mesmo jogar na minha cara o passado que tivemos, e que ele insista em dizer 'nosso passado'? Porque que pra ele era assim tão importante saber o que eu pensava? Já era torturante o suficiente ter que conviver com a atual situação, eu dispensava ter que sempre ficar sendo relembrado disso, e pior ainda, por ele. Eu não queria ter que ficar a cada dia pensando em tudo aquilo que vivemos, ou tentamos viver porque foi pouco tempo, e remoendo algo que eu sabia que nunca poderíamos sequer tentar reviver. O passado tinha que ficar no passado para nosso próprio bem. Eu tinha que conseguir fazer com que aquilo acontecesse.

Por isso eu escolhia e me obrigava a esquecer, por mais difícil eu aquilo estava se tornando.

Tomei coragem e tornei a encará-lo, encontrando uma expressão séria e pensativa, tanto que deu vontade de saber o que ele estava pensando no momento, mas logo a minha duvida seria sanada, pois ele voltou a falar:

—Só que algumas vezes fica praticamente impossível deixar esse passado pra trás, você não acha? – Ele sorria um pouco ao que parou de falar por alguns segundos, mas de longe dava pra ver que não era algo natural. – Tipo agora... eu entendo que enquanto você esteve fora, você mal deve ter pensado nisso, mas eu queria saber como é que você esta agora. Você está bem? Não se lamenta por nada do passado... não se lembra de nada? Como é que você está lidando com isso? – Prosseguiu.

—Não lido. – Neguei com a cabeça. – Aprendi que quanto mais você fica remoendo um assunto, mais te faz mal. Você é pai do namorado da minha filha agora. Foi um baque, mas precisamos superar... O que aconteceu com a gente já foi, o importante agora é a felicidade dos nossos filhos.