PNF - Capítulo 38

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[Rodrigo]

Bom dia!

Bom dia.

Bom-dia!!

Talvez algo em inglês...

Good morning!

Argh! Não. Não. Isso sequer era pra estar sendo cogitado como algo importante e significativo, ocupando minha cabeça sem parar, igual um idiota faria... pior ainda, um idiota apaixonado faria. Deus me dibre.

Isso estava fora de questão. Sem chance.

E foi isso que eu comecei a trabalhar mentalmente enquanto terminava de fazer o café e adicionava os pãezinhos no prato, juntamente com a omelete, a geleia e o suco de laranja de caixinha. Certo, isso não era bem o que eu chamava de atitude desapegada, mas não seria agora que eu iria abortar missão também.

Reuni tudo em uma bandeja que há cinco minutos eu nem sabia que existia e estava abandonada em um dos armários e caminhei com ela muito cautelosamente pelo corredor até o quarto. Encontrei a Bisteca no meio do caminho, certamente já deveria ter devorado a ração que eu coloquei mais cedo pra ela e agora me olhava curiosamente.

—Depois eu te conto como foi.

Sem os detalhes sórdidos, é claro, ela é só um bebê. Passei por ela, abrindo a porta do quarto ao qual eu dormi na noite passada com o Miguel vagarosamente, mas não foi preciso fazer silencio, pois o peguei acordado e de pé já. Ele estava parado próximo a cama, dobrando o que parecia ser uma tolha, simbolizando que já teria lavado o rosto, e terminando de vestir a camisa logo em seguida.

—Oh, uh... bom dia.

Ficou bom? Será que saiu natural como eu treinei? Ele sorriu em resposta pra mim, então eu presumi que sim.

—Bom dia. Wow, café no quarto? Não esperava... Eu já estava indo pra lá de qualquer forma. – Comentou sorridente, olhando pra bandeja em minhas mãos e avaliando as comidas colocadas ali. Sorri também, porque, assim, aquilo nem era nada perto do que eu tinha em lista pra fazer pra quem eu gostava.

—Essa é a vontade de ter um namo... chef de cozinha por perto.

Sabe quando você tá andando, escorrega, mas finge que não foi nada e continua andando pra disfarçar? Pois então. Pelo menos eu não sujei meus pés de lama.

Levei a bandeja até a cama, ainda disfarçando o quase fora que eu dei, e a deixei em cima do colchão, me sentando ao lado. Ele pareceu não perceber e eu dei graças a Deus por isso, vergonha, tratamento de canal e exame de sangue é sempre bom evitar.

—Eu espero que tenha algo que você goste aqui. Eu... primeiro eu fiz o café normal, bem brasileiro mesmo, mas aí lembrei que você viveu por muito tempo fora e lá o café costuma ser diferente, depois eu comecei a pensar que você poderia não gostar de nenhum dos dois... ai entrei em desespero e comecei a colocar coisas aleatórias.

Assumi olhando desgostoso pra minha façanha, eu realmente tinha pirado um pouco, talvez muito. Miguel gargalhou ao me ouvir confessar, mas se aproximou, se sentando do outro lado dos alimentos postos na cama, e começou a avalia-los.

—Só o café já estava bom. – Pegou uma das xicara e começou a tomar despreocupadamente, concordei e fiz o mesmo, pegando a minha xicara e memorizando para as possíveis próximas vezes. – Huum, isso é bom, nossa... então, nós vamos ficar aqui o dia todo, né?

—Sim. – Confirmei, pegando um pedacinho do pão e passando a geleia, diferente dele, eu tinha uma fome monstruosa quando acordava e não ia fazer charme só porque ele estava ali, eu ia comer mesmo. – A gente pode voltar só à tardezinha, mas se você não quiser...

Por Nossos FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora