50 - Pior Pesadelo

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- Mãe? - Chamei incerta e ninguém me respondeu, as luzes se apagaram de uma vez, tudo se tornou um breu e o silêncio se apoderou do local, pelo menos até eu escutar pingos de alguma coisa caindo, parecia pingos de água. Sem sair do lugar, eu olhei para o lado, tateando a janela. Ela estava aberta, eu não me lembrava dela estar aberta, então por que agora ela está aberta??!
Eu me perguntava em pânico, a minha respiração alterada só estava me deixando mais tensa. De repente escutei um barulho, parecia ser um rosnado, mas era mais assustador, era um som que parecia um sussurro com raiva, eu não fazia ideia do que era, ou de quem era. De repente escutei mais um barulho, de um vidro se quebrando e dei um pulo de susto, meu coração quase saiu pela minha boca de tanto medo.
- Meu Deus eu não quero morrer. - Implorei assustada e recuei mais um passo, foi então que senti algo ser enterrado na minha barriga, perdi o ar, coloquei minhas mãos sobre o local e elas começaram a ficar molhadas, a região atingida começou a arder muito, eu nem conseguia me mecher direito. E então as luzes se acenderam, e o esqueleto encapuzado com os olhos tomados pela escuridão estava na minha frente, olhei pra baixo e vi suas mãos esqueléticas segurando o cabo de uma faca, e a lâmina dela estava atravessada na minha barriga, a camisola de hospital que eu estava usando estava toda suja de sangue e minhas mãos molhadas de vermelho. Eu podia sentir a minha vida se esvaindo do meu corpo naquele momento, indo embora junto com o meu sangue.

- Ah! - Gritei o mais alto que pude, me sentei assustada na cama e começei a tatear tudo em volta, ainda gritando. Eu sentia o lençol da cama, o cobertor, tudo como estava antes, meu travesseiro havia caído no chão. E meu coração batia desenfreado dentro do meu peito, eu podia senti-lo pulsar na garganta, a vontade de chorar se manifestou, mas aos poucos eu me acalmava, pelo menos até olhar pra porta do meu quarto.
Eu não havia reparado antes porque o quarto estava escuro, mas agora que meus olhos tinham se acostumado com a escuridão, eu conseguia vê-lo. A criatura esquelética do meu pesadelo, com o mesmo capuz preto. Me fitando serenamente enquanto eu estava imóvel na cama.
- Q-quem é você? - Indaguei, eu estava morrendo de medo, meu corpo todo tremia, minha voz tinha falhado quando eu fiz a pergunta, e mesmo assim eu ainda não conseguia respirar direito. Ao invés de responder, a criatura manteve o silêncio aterrador que se instalou no quarto e deu um passo a diante, um nó se formou na minha garganta, eu estava com tanto medo que já podia sentir meus olhos se enchendo de lágrimas.
- Quem é v-você??! - Esbravejei entre dentes, mesmo gaguejando e a criatura deu mais um passo sem me responder, desta vez puxando o capuz da cabeça, revelando seu crânio ósseo.
- Quem é você??! - Desta vez eu gritei e minhas lágrimas cairam, minha garganta estava doendo por segurar o choro, e meu peito estava queimando.
E então a criatura começou a diminuir de tamanho, até ter a altura de uma pessoa normal, os braços finos ganharam massa e a estrutura esquelética se converteu em pele. Até a criatura se tornar apenas uma silhueta masculina.
Minha respiração ofegante estava me matando por dentro, meu estômago estava revirado e eu sentia uma enorme vontade de vomitar, gritar e me jogar no chão e gritar mais, até essa sensação horrorosa de medo sair de mim. Eu não sabia mais o que fazer, estava com muito medo e isso estava me corroendo.
E logo depois a silhueta masculina acendeu a luz do quarto, revelando sua identidade.
- Eu sou o seu pior pesadelo. - Mark falou, finalmente respondendo minha pergunta, me olhando com os olhos cansados, e antes de se aproximar mais um pouco, acrescentou - Assim como você é o meu.

- Mallya on-

Tae pegou um pedaço de pêra, que a poucos havia cortado em formato de lua minguante, e então se voltou pra mim. Me olhando nos olhos ele colocou o pedaço entre os dentes e veio até mim, se acomodando ao meu lado no colchão. Me inclinei no colchão, me apoiando sobre os cotovelos e me aproximei dele, Tae também se aproximou e então eu roubei o pedaço de pêra da boca dele, selando nossos lábios por um breve momento.
... Após o selar de nossos lábios uma nova sensação me dirigiu até suas iris
azuladas me deixando a duvida de sua nova expressão mórbida em curiosidade, o que ele tanta guarda para si?
- O que está te deixando assim? - Pergunto curiosa, já sentindo minhas manias de investigação me tomando, sendo que hoje eu tentei, não digo que consegui, tentei deixa-las de lado para descansar por um tempo. Sem me responder de imediato, Tae escorregou suas mãos ao meu encontro, me puxando pela cintura contra o seu corpo, e de relance vi seus olhos se converterem em cinza, mas logo depois voltarem ao normal, mais rápido do que mudaram antes.
- Eu quero te perguntar uma coisa... - Sussurrou ele contra o meu ouvido, e sua voz rouca fez meu corpo se arrepiar - Mas... - Ele continuaria, mas eu afastei suas mãos do meu corpo assim que senti seus dedos explorarem um local proibido.

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